Sessenta

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— Pronto? — Alfonso deu alguns tapinhas nas costas do irmão, que se olhava no espelho e reclamava.

— Mas que inferno! Não consigo parar de tremer! — Andres fechou os olhos e balançou os braços, então começou a dar pulinhos.

— Bem, primeiro, pare de pular. — o irmão colocou as mãos nos ombros dele. — Não é um jogo de basquete. Você não está nas finais do campeonato estadual.

— Certo. — Andres parou de se mexer e assentiu com a cabeça algumas vezes.

— E pare de fazer que sim com a cabeça. Você está parecendo um maluco.

— Merda. — Andres se sentou em uma cadeira e apoiou a cabeça nas mãos. — Preciso dar o fora daqui antes que eu enlouqueça.

— Concordo. — Alfonso enfiou a mão no bolso da frente do casaco. — Mas, até lá, use isso.

O mais velho não olhou para ele.

— Poncho, acho que as pílulas de Benadryl da vovó não são indicadas nessa situação.

— Não é uma pílula rosa. — Alfonso enfiou a pequena garrafa de bebida na cara de Andrés. — É coragem líquida, meu amigo! Beba.

Ele abriu os olhos e pegou a garrafa de plástico.

— Hum, então é um remédio de Alfonso Herrera? Gostei.

— Talvez seja apenas um remédio dos Herrera, apesar de mamãe costumar optar pelo vinho. — Alfonso deu de ombros. — De qualquer forma, não preciso levar todo o crédito.

Andres tirou a tampa e fez cara feia ao virar toda a garrafa de vodca barata, os 120 mililitros de uma só vez.

— O gosto disto é horrível.

— Roubei da vovó, então eu já imaginava. Nunca vi uma mulher gostar tanto de vodca barata. — Ele deu de ombros. — De qualquer forma, está quase na hora de ir até o altar. Que tal arranjar coragem? Depois de alguns segundos, Andres respondeu:

— Pronto.

— Nossa, foi rápido!

— É, bem, foi só perceber que vou poder seduzir minha esposa em exatos 46 minutos. Talvez 44, se eu disser os votos rapidamente.

— Assim é que se fala! — Alfonso deu tapinhas nas costas dele. — Agora, vou sair para encontrar sua futura esposa. Parece que preciso ajudar certa garota a chegar até o altar.

— Se ela tropeçar, você ganha um olho roxo.

— Beleza! — gritou Alfonso, saindo do cômodo em busca de Maite. Ele a encontrou parada na entrada da varanda dos fundos, esperando, enquanto uma música suave tocava ao fundo.

Anahí estava ao lado dela, as duas conversando em murmúrios urgentes. Até ele pigarrear e indicar que estava lá. Maite se virou primeiro, com os olhos brilhantes de animação.

— Eu só, hã... — Anahí apontou para algo atrás de Alfonso. — Vou ficar por ali até chegar a minha hora de andar até o altar.

Ele sentiu o perfume dela quando ela tentou passar direto por ele. O que não ia acontecer. Ele a agarrou pela cintura e a beijou na boca.

— Você não pode passar por mim sem dizer nem um "oi".

Os lábios de Anahí tocaram os dele outra vez.

— É assim que dizemos "oi", agora?

— É. — ele abriu os lábios dela com a língua. — Claro que é.

Interrompendo o beijo, Anahí deu uma piscadela safada e foi embora. Alfonso ainda estava olhando para ela quando Maite falou:

— Nunca pensei que veria este dia.

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