Quarenta e sete

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Maite não teve como deixar de notar o olho roxo de Jamie quando ele voltou à mesa. Anahí e Alfonso o seguiram de perto, com as mãos se tocando. Anahí riu. Alfonso alisou o braço dela.

Ah, não.

Maite olhou feio para vovó, que no momento tentava dar tapinhas nas próprias costas.

— Ela está ganhando. — Maite cutucou as costelas do noivo. — Eu sei, pode acreditar. — Andres bateu a cabeça na mesa. — Ah, pare com isso. Só faltam 24 horas.

— Foram as duas semanas mais longas da minha vida. — Andres suspirou. — O que são outras 24 horas? — Ele passou o braço pelos ombros de Maite e enrijeceu o corpo.

— O que foi? O que houve?

— Poncho beijou Annie

— O quê?

— Aquele safado filho da mãe! — Andres abriu um sorriso. — Olhe só para ele.

Maite olhou na direção em que o noivo apontava. Alfonso estava sorrindo para o prato e girando a taça com os dedos. A cada poucos segundos, trocava olhares com Anahí, e os dois dividiam um sorriso secreto.

— Mas que droga! — murmurou Andres.

— Pare de falar assim. Você parece uma velha de igreja. — Maite suspirou.

Vovó se levantou e ergueu a taça.

— O padrinho queria dizer algumas palavras aos noivos. Poncho?

Alfonso umedeceu os lábios e se levantou, erguendo a taça à frente do corpo.

Eu a beijei primeiro.

Maite caiu na gargalhada enquanto Andres resmungava.

Ele continuou.

— Acho que me lembro de uma aposta idiota que fiz com meu irmão, sobre casar com a garota. Bem, meu irmão, acho que você ganhou! Obrigado por mandar a conta, aliás. Fico feliz. Vocês dois sempre foram importantes em minha vida, e não tenho palavras para dizer como fico feliz por ver meus dois melhores amigos se casando. Ao noivo e à noiva! — Ele ergueu a taça.

— Saúde! — gritaram todos. Alfonso apontou para Jamie.

— Você não queria dizer algumas palavras?

Jamie o dispensou com um gesto.

— Não, acho que você disse tudo.

— Minha nossa! — sussurrou Maite. — Tem alguma coisa muito, muito errada. Os dois passaram a semana brigando!

Andres olhou de Anhí para Alfonso, e de volta para Alfonso, e então para Jamie.

— Não estou entendendo nada. Os três parecem perfeitamente normais.

Maite agarrou a mão do noivo com tanta força que quase a esmagou. Porque vovó tinha acabado de apontar para algo... no chão.

Para a maldita caixa do microfone.

— Droga! — murmurou Andres. — Essa mulher maldita vai ganhar da gente.

— Acho — Maite apontou para Alfonso — que ela já venceu.

Ele estava do lado oposto de Anahí, à mesa, e a encarava com um olhar de desejo tão inapropriado que Maite pensou se não seria melhor se apiedar de Andres e cobrir seus olhos. Mas, quando se virou para dizer alguma coisa, viu que um sorriso malicioso se formara nos lábios do noivo.

— Ops. No que está pensando? — perguntou Maite.

— Estou pensando em acertar as contas.

— Acertar as contas?

— Ele deseja muito Annie. — Andres riu. — E acha que vai ficar com ela hoje à noite, mas...

— O quê?

— Que tipo de irmão eu seria se não protegesse o coração do meu irmãozinho? Que tipo de pessoa eu seria se não protegesse a virtude de Annie? — Ele sacudiu a cabeça e levou a mão ao peito. — Eu não conseguiria viver com a vergonha...

— Alfonso vai me matar.

— Tristeza dividida diminui. — Andres tomou um longo gole de água. — Ah, e como!

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