Aviões.
Todas as viagens do ano anterior haviam sido dramáticas. Ao menos desta vez ele podia ficar tranquilo. Tinha a esposa ao lado, além de Andres e Maite, que decidiram mudar os planos para a lua de mel em cima da hora e ir com eles para o Havaí.
Quem poderia imaginar que Alfonso partiria em uma lua de mel? E com o irmão? E mais a garota de quem ele costumava rir. Sem mencionar sua esposa.
Meu Deus, sua vida era quase uma novela mexicana!
Pelo menos vovó não ia junto.
Ele deu uma risada nervosa ao tirar os óculos escuros e carregar a mala de Anahí para o terminal.
— Está rindo de quê? — perguntou ela.
— Nada. — ele suspirou. — É que, da última vez que viajei de avião, vovó apareceu de surpresa e decidiu ir junto. A vida nunca mais foi a mesma.
Ela riu.
— Admita, você está feliz por ela ter se intrometido!
— Vou levar esse segredo para o meu túmulo — resmungou ele, beijando-a.
— Nada disso — repreendeu Andres, atrás deles. — Nada de agarração até que estejam na suíte de lua de mel. E mesmo assim, vou fingir que vocês estão jogando damas, ou algo do tipo.
— Claro. — Maite balançou a cabeça. — Porque é isso que as pessoas fazem na lua de mel.
Alfonso bufou com desdém e puxou Anahí para si, beijando-a na testa. Alguns fotógrafos registraram o gesto, mas ele já estava acostumado com a atenção. Nem se incomodou. Até que os fotógrafos começaram a correr na direção deles.
— Ei! — ele acenou. — Agora não, gente.
Eles continuaram a tirar fotos, passando direto por Alfonso e Andres.
— Uau! — Andres olhou para os fotógrafos, que se afastavam. — Eles obedeceram.
— Senador, é verdade? Fontes dizem que o senhor estava com uma prostituta na noite em que sua noiva o deixou.
Jamie atravessou a multidão de fotógrafos, indo até aos irmãos Herrera
. — Senhor senador! — Uma repórter correu até Jamie.
Soltando um palavrão, ele se virou para se dirigir à imprensa.
— Sem comentários. Agora, se me dão licença...
Alfonso e Andres formaram uma pequena barreira entre Jamie e os repórteres enquanto o grupo se afastava. Em pouco tempo, a segurança do aeroporto chegou e começou a afastar o pessoal da imprensa.
— Merda. — Jamie cerrou a mandíbula. — Preciso desaparecer por uns dias.
— Alguém falou em desaparecer? — perguntou uma voz feminina atrás deles.
Todos resmungaram ao mesmo tempo quando se viraram para encarar vovó. Ela segurava em mãos um cartão de crédito e passou direto por todos.
— Olá. Preciso de três passagens para Maui. Kihei? Qual é mesmo o nome? — Vovó se virou. — Maite, querida, onde é a sua lua de mel?
— Minta — sussurrou Andres, ao mesmo tempo em que Anahí respondia: — Kaanapali.
— É claro! — Vovó se virou de volta para o balcão — Três passagens para lá. Sim, gostaria de usar as minhas milhas.
— Isso é uma piada, não é? — perguntou Alfonso.
— Bem que eu gostaria! — Andres suspirou. — É como se ela soubesse se materializar.
— Esperem. — Anahí passou pelo marido. — Por que três passagens?
Vovó acenou para alguém atrás do grupo.
— Mac, querida? Venha aqui. Preciso da sua identidade.
Anahí observou, em choque, enquanto Marichello se aproximava com uma expressão não muito feliz.
— O que ela tem contra você? — perguntou Alfonso. — Fotos pornográficas? Algum momento vergonhoso? Mensagens bêbadas?
Mac lhe lançou um olhar desconfiado ao cunhado.
— Mensagens bêbadas?
Alfonso apontou para Andres.
— Algumas pessoas não são muito inteligentes. Ele caiu nas teias da vovó por causa de mensagens que mandou quando estava bêbado.
— Três palavras! — Andres ergueu três dedos. — Dança do acasalamento!
— Touché. — Alfonso suspirou. — Então o que foi, hem, Mac?
Ela mordeu o lábio inferior e olhou para vovó, então seus olhos passaram por Jamie. Os dois desviaram o olhar no mesmo instante.
— Ah, não! — disse Alfonso. — Escute só, Mac, se teve Benadryl envolvido...
— Você foi drogada. — Andres balançou a cabeça. — Acontece com os melhores.
— Vovó drogou você? — perguntou Anahí. Marichello ajeitou o cabelo atrás da orelha.
— Não exatamente. Eu só, hã... Bem, ela...
— Mac! — gritou vovó, alto o bastante para chamar a atenção das pessoas ao redor. — Venha cá. Pare de enrolar. Não temos o dia inteiro! Você também, Jamie. Traga esse corpinho lindo aqui. E deixe vovó cuidar de tudo.
Alfonso suspirou.
— É como esperar a tempestade. Não importa quantas vezes a gente grite "Furacão, protejam-se!", as pobres vítimas continuam olhando para o céu, embasbacadas.
— Vovó tem esse efeito nas pessoas. — Anahí deu o braço para ele
— Não consigo parar de olhar — comentou Andres — É como assistir a um acidente de carro. Você sabe que deveria ligar para a polícia e tentar ajudar, mas não consegue fazer nada além de passar dirigindo devagar, de boca aberta.
— Só Deus pode ajudar os dois agora. — Maite suspirou.
Os quatro ficaram observando Jamie e Marichello enquanto vovó comprava bilhetes de primeira classe para o paraíso. Que logo viraria o inferno, já que a maioria dos planos de vovó envolvia dor, humilhação, manipulação...
Pensando melhor, Alfonso sorriu.
— Por que você está sorrindo?
Ele deu de ombros.
— Imagino que esse tenha sido o sentimento de Andres quando viu vovó manipulando nossa vida amorosa.
O irmão riu.
— Um grande sentimento de superioridade?
— É, isso mesmo.
— Ainda sinto isso — admitiu ele. — É bom saber que ela seguiu para as próximas vítimas.
Andres e Maite seguiram para o aparelho de raios x, deixando Alfonso e Anahí sozinhos.
— Acha que nosso encontro foi como um acidente de carro?
— Não. — ele sorriu. — Acho que eu não seria idiota o bastante para ignorar você para sempre... ou ao menos gosto de pensar que não seria. Mais cedo ou mais tarde, acabaríamos juntos. Com ou sem vovó.
Nessa hora, vovó passou por eles e bufou com desdém.
— Mané!
— Ou não. — Alfonso riu.
— Eu te amo. — Anahí ficou na ponta dos pés e o beijou na boca. Ele nunca se cansaria dela, nunca mesmo. Talvez vovó o conhecesse melhor do que ele conhecia a si mesmo. Afinal, ela precisara de muitas estratégias para fazê-lo deixar o orgulho de lado. E Alfonso sabia que, em breve, teria de agradecer a vovó, mais uma vez, a manipulação.
❤️
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Simple Past
Fanfiction"Como vai? Quer dizer, faz tanto tempo!" Na verdade, fazia onze meses, uma semana e cinco dias. Mas quem é que estava contando? Não ela. Alfonso Herrera é rico demais, bonito demais e arrogante demais: qualidades que, anos antes, fizeram Anahí Port...