Simple Past

Quarenta e um

— Mas que merda, Amy! — gritou Alfonso. — Qual é o seu problema? Eu falei que não estava interessado.

— Você parecia interessado. — Ela ergueu uma sobrancelha e tentou se aproximar outra vez.

Ele levantou as mãos para impedi-la.

— Sério, não estou interessado. Nem agora, nem nunca.

— Mas caras como você...

— Caras como eu, o quê? — desdenhou ele. — Termine o que você ia dizer.

Ela umedeceu os lábios e cruzou os braços.

— Não dizem não.

Alfonso assentiu.

— Você está certa.

Amy abriu um sorriso malicioso ao se aproximar.

— Talvez eu não seja mais esse cara. — Ele saiu do quarto e foi procurar Anahí.

Uma hora depois, ainda não a tinha encontrado e não pudera se desculpar. O único motivo de estar naquele maldito quarto fora que Amy tinha bebido tanto que ele não queria que ela arruinasse a festa, ao fazer alguma loucura. Ele a vira tomar algumas pílulas antes da última taça de vinho.

Murmurando outro palavrão, ele subiu as escadas para tirar um pouco do óleo do corpo e vestir roupas que não o fizessem parecer um prostituto barato. Era engraçado como, apenas alguns meses antes, ele não teria se incomodado em se vestir daquele jeito. Mas agora só se sentia sujo, usado, nojento.

Pegou uma toalha úmida e começou a limpar o corpo, quando um celular começou a tocar. Ele olhou para o criado-mudo. Era o de Anahí, e a mensagem na tela mostrou que era uma ligação de trabalho.

Ela estava ignorando o celular o fim de semana inteiro, então ele achou melhor ignorá-lo também.
Mas, dez minutos depois, e mais duas ligações perdidas, ele perdeu a paciência.

— Alô? — disparou, no instante em que o aparelho começou a tocar pela terceira vez.

— Quem é que está falando? — gritou um homem.

— Alfonso Herrera. Por quê? Quem fala?
— Mike Cromwell. Sou o chefe da sua namoradinha.

Alfonso não teve forças para dizer que realmente não estava saindo com Anahí, e que ela provavelmente estava planejando matá-lo durante o sono.

— O que posso fazer por você, Mike?

— Pode dizer a Anahí que ela tem exatas seis horas para me mandar uma reportagem, ou estará demitida.

— Uma reportagem? — repetiu Alfonso. — Qualquer uma?

— Não, seu idiota! — Mike soltou um palavrão. — Sobre o casamento. Ela deveria estar cobrindo o casamento.

— Mas...

O telefone ficou mudo.

Atordoado, Jake ele se sentou na cama, ainda com o celular nas mãos. Então tudo aquilo era por causa de uma reportagem? Ela estava sendo legal para conseguir algo dele?

Assim como todas as outras garotas do mundo.

Anahí queria algo dele, mas Alfonso começou se perguntar se o que ela queria era outra coisa, e não o que ele estava disposto a dar. Ela só queria seu corpo, talvez? Algo se quebrou dentro dele. Talvez ela tivesse passado dos limites, mas ele estava furioso. Não, estava mais que furioso. Como ela podia fazer uma coisa dessas com ele? Depois de tudo o que ele dissera? De tudo o que tinham dividido?

Para ela, ele era apenas um sorriso e uma reportagem. Mas e para ele? Anahí era o mundo.
Todos os rostos sem nome, todas as conquistas passadas, voltaram à mente de Alfonso. Todas as mulheres, todo o sexo, todas as festas... Cada uma delas quisera algo dele — dinheiro, status ou sexo. E ela? Ela acabou sendo a pior de todas, porque tinha fingido ser sua amiga. Tinha se inserido tão profundamente na vida dele que a ideia de expulsá-la agora era repulsiva a ponto de ele quase passar mal.