Cinquenta e um

170 15 8
                                    

Eles deviam ter caído no sono. Alfonso não conseguiu parar da primeira vez, nem da segunda. Ora, tinha sorte de ainda ter energia suficiente para erguer a cabeça. O restante dos convidados devia estar pensando que ele estava chateado. Não poderiam estar mais enganados. Alfonso estava em êxtase, saciado e ainda um pouco excitado — como era possível? Ele absorveu a visão da pele clara de Anahí, do cabelo loiro dourado que caía sobre os ombros. Incrível. Ela era incrível. Ele suspirou e olhou pela janela. Estava escuro. Se levantou da cama em um pulo quando ouviu vozes que se aproximavam.

— Anahí! — Ele a cutucou. — Acorde! O lençol que a cobria escorregou.

Alfonso travou uma batalha interior. Deveria possuí-la outra vez, mesmo sabendo que a porta poderia estar destrancada, e com a possibilidade de dar a vovó uma bela visão do que acontecia quando ele era mandado para o quarto com uma garota incrivelmente sexy?

Vovó gritou alguma coisa. O medo venceu.

— Vamos! — Ele recolheu o vestido dela do chão e o jogou para ela.

Alfonso pegou as calças e a blusa e se vestiu o mais rapidamente possível. Quando a maçaneta girou, ele estava tentando ajeitar os lençóis.

A porta se abriu.

Anahí se sentou na beirada da cama, uma das mãos sobre a outra. Alfonso se juntou a ela e suspirou.

Vovó entrou no quarto.

— Onde vocês dois estavam?

— Aqui. — Alfonso pigarreou. — Foi você quem nos mandou para cá, para início de conversa.

Andres e Maite entraram em seguida. Ah, que maravilha! Alfonso tentou esconder a culpa em seu rosto, mas o olhar do irmão indicou que estava fazendo um péssimo trabalho ao tentar parecer inocente. Não era culpa dele que não conseguisse deixar de sorrir como se tivesse acabado de ganhar na loteria. Sentiu o sorriso se alargar ainda mais. Bem, era melhor aceitar que não estava escondendo nada do irmão.

— O que os dois estavam fazendo aqui... sozinhos? — Vovó cruzou os braços, e as pulseiras balançavam em seus pulsos. — Nada de safadezas, né?

— Não, senhora. — Alfonso balançou a cabeça e pigarreou. — Estávamos só brincando de...

— Mímica — completou Anahí.

— Com duas pessoas só? — Vovó olhou desconfiada para a cama atrás de Anahí.

— Claro. — Alfonso engasgou com a risada: jogar mímica pelado, um clássico. — É um jogo novo.

Andrés gemeu alto.

— Eu que queria jogar mímica!

— Encontre outra pessoa para jogar com você! — retrucou Alfonso.

— O problema não é encontrar a pessoa, é o juiz da partida. — Ele olhou feio para vovó.

— Ainda estamos conversando sobre mímica? — perguntou vovó, inocentemente.

— Claro! — Anahí deu uma risada falsa. — É que... hã... O jogo ficou um pouco intenso.

— Aposto que ficou — resmungou Andres.

— Quem ganhou? — perguntou Maite.

— Eu — responderam Anahí e Alfonso, ao mesmo tempo.

— E quantas vezes vocês jogaram? — perguntou Maite, recebendo uma cutucada de Andres bem nas costelas. — O que foi?

— Não está ajudando.

— Foi mal — murmurou a noiva enquanto Alfonso viu Anahí erguer quatro dedos.

Simple PastOnde histórias criam vida. Descubra agora