Anahí acordou com o som de gritos. Depois da conversa estranha com Alfonso, durante a qual teve ao menos oitenta por cento de certeza de que ele estava bêbado, ela havia fingido estar com dor de cabeça e fora para a cama, dispensando a sobremesa e a noite de jogos em família.
Com um gemido, pegou o celular e olhou a hora.
Uma da manhã? Eles ainda estavam acordados?
Sem pensar, apoiou os pés no chão ao lado da cama, pisando em algo macio. A coisa gemeu, e então soltou um palavrão ao mesmo tempo que puxava os pés dela, fazendo-a cair com um baque sobre si.
— Poncho? — murmurou.
— Não, é algum outro lunático meio bêbado, meio faminto, que fala com gaivotas. Sim, sou eu, Poncho. Quem mais estaria dormindo no chão do seu quarto?
— É verdade.
— Já pode sair de cima de mim. — Ele grunhiu.
— Por que você estava falando com gaivotas?
— Essa foi a parte relevante do que eu disse, na sua opinião? Não vai nem mencionar essa história de eu estar bêbado e com fome? Vai direto para as gaivotas?
Ela se afastou do corpo quente dele e suspirou alto.
— Só simplifiquei as coisas.
— Como assim?
— Que elemento pareceu estranho, no que você disse? A comida sempre acompanha o álcool. Mas falar com gaivotas? Isso não é muito comum.
— Ou você é um gênio ou está bêbada. Não consigo decidir. — Alfonso falava em um tom de voz grave. — Por que você resolveu andar sobre mim? Ou melhor, por que está fora da cama?
— Ouvi um barulho.
— Acho que isso se chama respirar, Annie. Algumas pessoas precisam disso para viver.
— Cale a boca, seu babaca. — Ela o empurrou e andou até a porta. — Foi mais que isso. Parecia um arranhão, ou algo assim.
— Então temos um esquilo por aí. — Ele parecia entediado.
— Você odeia esquilos.
— Deixe que venham atrás de mim! Ouviram isso, esquilos? Estou pronto para vocês! — ele ergueu as mãos e suspirou.
— Quantas cervejas você tomou?
Praguejando, ele se pôs de pé — com alguma dificuldade.
— Óbvio que não o suficiente. Ou ainda estaria desmaiado, em vez de aqui, tendo esta conversa ridícula com você.
Ele ficou sob o luar. A boca dela secou.
Aquele homem era um deus. Como ela pôde esquecer?
O abdômen definido, com músculos que desciam até a parte coberta pelas calças do pijama. Cada pedaço dele era liso e bronzeado. Bonito demais para ser real. Ela deu um passo na direção dele. Era possível que um homem real tivesse sido editado no Photoshop? Ao vivo? Pessoalmente?
Curiosa, ela tocou o tórax dele. Era tão quente e firme! Droga, como o corpo dele era firme!
— Annie? — Ele estava rouco. — Tem certeza de que não está sonâmbula?
Afastando a mão com um sobressalto, ela soltou uma risada nervosa.
— Pensei ter visto, hã, um arranhão. Bem aqui. — Ela apontou para a pele completamente lisa do peito dele.
— Um arranhão? — ele ergueu as sobrancelhas. — Sério? Bem, se está tão preocupada, posso tirar as calças, e então você dá uma examinada geral. Afinal, não seria nada bom se eu não acordasse, amanhã. Ouvi dizer que arranhões podem infeccionar.
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Simple Past
Fanfic"Como vai? Quer dizer, faz tanto tempo!" Na verdade, fazia onze meses, uma semana e cinco dias. Mas quem é que estava contando? Não ela. Alfonso Herrera é rico demais, bonito demais e arrogante demais: qualidades que, anos antes, fizeram Anahí Port...