Alfonso parou o BM W na frente da casa, e, sem nem desligar o motor, saiu em disparada para a porta da frente.
— Vovó!
— Poncho! — Ela saiu correndo pela porta de entrada, segurando a bolsa.
— Me leve para o hospital!
Ele parou. Ela parecia muitíssimo bem. Na verdade, estava com um belo macacão branco e os enormes óculos de sol pretos. Ela passou depressa por ele e abriu a porta traseira do carro.
— Oi, Annie. — Vovó bateu a porta atrás de si.
E então ele viu a fonte do problema da avó sair pela porta da casa a passos firmes atrás dela.
Petunia.
Pela expressão tensa no rosto da mulher, ele percebeu que não tinha sido um encontro agradável. Petunia vestia um cardigã rosa e exageradamente grande por cima de uma blusa de gola rulê, embora fosse verão. Por baixo da saia jeans comprida, meia-calça cor da pele. Sapatos ortopédicos completavam o visual.
— Ah, Poncho! — Petunia deu uma risadinha. — Senti falta do meu garotão!
Ele deu um abraço apertado na tia-avó.
— Tia Petunia, você ainda parece ter 50 anos!
— Ora, seu bobo! — Ela dispensou o elogio com um gesto.
O cabelo branco estava preso em um coque no topo da cabeça e os óculos grandes demais escorregavam pelo nariz. Ela os endireitou e botou as mãos nos quadris.
— Ela não está morrendo, aliás.
— É, eu percebi. — Alfonso olhou para o carro, onde vovó acabara de passar batom e agora apertava os lábios.
— Ela só não tinha um carro. — Petunia olhou além do sobrinho-neto. — O restante do pessoal saiu para resolver coisas do casamento e eu e Nora ficamos sozinhas.
— Preciso limpar alguma mancha de sangue? — Alfonso olhou para a casa. — Pratos quebrados? Alguma coisa?
— É claro que não. — Petunia fungou com desdém. — Eu estava apenas tendo uma boa conversa com ela sobre essa roupa escandalosa.
— Mas ela está de branco. — Alfonso coçou a cabeça, confuso. — Você não gosta de branco?
— Não é por causa da cor, querido — explicou a senhora. — Aquela mulher está usando sapatos de salto vermelhos com spikes. E, quando ela me mostrou os saltos, sabe o que vi?
— O quê?
— Uma tatuagem! — uivou Petunia, fazendo o sinal da cruz e agarrando o terço.
— Deve ser falsa — mentiu ele. Vovó provavelmente fez a tatuagem só para irritá-la.
— Não é! Eu perguntei! — Petunia voltou com o terço para dentro da blusa e suspirou. — Eu só não quero que ela vá para o inferno. É pedir muito?
— Ninguém vai para o inferno por causa de uma tatuagem.
— Você tem razão. — Petunia se endireitou. — As pessoas vão para o inferno porque Deus as manda para lá, e, assim que Ele vê tatuagens, elas perdem a chance do céu! — Bufando, ela se virou e voltou para a casa.
Mulheres.
Esfregando a nuca, Alfonso foi até o carro e bateu na janela. Vovó a baixou, mas se recusou a fazer contato visual. Apenas fez biquinho e olhou para a frente.
— Bem, estou esperando. — Ela umedeceu os lábios. — Pode começar o sermão.
— Vovó, não vou fazer um sermão — respondeu ele, perplexo. — Mas por que é que você não tenta se dar bem com ela?
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Simple Past
Fanfiction"Como vai? Quer dizer, faz tanto tempo!" Na verdade, fazia onze meses, uma semana e cinco dias. Mas quem é que estava contando? Não ela. Alfonso Herrera é rico demais, bonito demais e arrogante demais: qualidades que, anos antes, fizeram Anahí Port...