Furioso como nunca, Alfonso continuou a encarar o teto. Alguma coisa bateu em seu pé.
Ele se recusou a se mover.
— O que você fez? — O colchão afundou quando Maite se sentou ao seu lado. — Sério.
— Nada — resmungou Alfonso . — Esse é o problema.
— O problema é que você não fez nada?
— Isso.
— Você está bêbado?
— Por que é que todo o mundo sempre me pergunta isso? Eu realmente agi como um alcoólatra nesses últimos três anos? Sério? — Ele se sentou e suspirou.
— Quer mesmo que eu responda?
— Não.
— É sério. — Maite o cutucou. — O que houve?
— Acho que o homem de lata descobriu que tem um coração.
— E isso foi antes ou depois de você não fazer nada?
— Antes e depois. — Alfonso se levantou da cama e se espreguiçou. — Não que faça diferença, mas optei pelo caminho mais longo, e agora estamos brigando outra vez.
Maite deu de ombros.
— Os caminhos mais longos têm recompensas melhores.
— Diz a noiva feliz. — Alfonso se virou e deu uma piscadela. — Sem ofensas, mas acho que gosto mais dos caminhos mais curtos.
— Deve ser porque você prefere o que vem fácil.
— Isso não é verdade.
— Ah. — Alfonso deu uma risada curta.
— É, sim.
— É carma. — Alfonso comprimiu os lábios em uma linha fina. — Pela primeira vez, acho que finalmente quero algo que sei que não há a menor possibilidade de eu conseguir, que não tenho a mínima chance de merecer ou ganhar. E isso só piora as coisas.
Maite se levantou.
— Por que piora?
— Você se lembra de quando lhe dei aquela tartaruga de presente de Natal?
Ela riu.
— A Ligeirinha? Sim, foi o melhor presente de todos.
— E você acabou soltando o bichinho no lago porque disse que era melhor que ela fosse uma tartaruga com família?
Maite encostou a mão na testa dele.
— Sério: você está drogado? — sussurrou.
— Não. — Ele empurrou a mão da amiga. — Estou tentando me comunicar.
— Tente um pouco mais, porque você está me deixando preocupada.
— Se você ama uma coisa, precisa deixá-la ir. — Ele engoliu em seco e desviou os olhos.
— Não acho que isso seja verdade. — Maite puxou Alfonso para um abraço rápido e beijou-lhe a bochecha.
— Desde quando você foge de uma luta?
Anahí voltou para o quarto, interrompendo o momento.
— Está pronto?
— Estou — respondeu Alfonso. — Só um minutinho.
Anahí saiu do quarto, deixando-o mais vazio do que antes de chegar. O que era ridículo. Talvez ele só estivesse exausto. Alfonso apenas deu de ombros e respondeu:
— Não estou fugindo da luta, estou decidindo não lutar. Ainda mais porque sei que não mereço nem participar desse combate, que dirá vencê- lo.

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Simple Past
Fanfiction"Como vai? Quer dizer, faz tanto tempo!" Na verdade, fazia onze meses, uma semana e cinco dias. Mas quem é que estava contando? Não ela. Alfonso Herrera é rico demais, bonito demais e arrogante demais: qualidades que, anos antes, fizeram Anahí Port...