Cinquenta e três

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— Foi fácil demais — comentou Andres, do alto da escada. — Veja só, Poncho nunca aprendeu francês, achava feminino demais para ele. Não é mesmo, irmãozinho?

— And... — disse Alfonso, ameaçador. O que o irmão estava fazendo?

Maite estava sentada no colo de Andres. Uma expressão de puro contentamento surgiu no rosto dos dois ao verem que o cachorro impedia Alfonso e Anahí de chegarem ao quarto.

— Autocontrole faz bem — explicou Maite, beijando o pescoço de Andres. — Não, sério. Estamos fazendo um favor a vocês dois.

— Como vocês se livraram da vovó? — perguntou Alfonso. — Ela não ia deixar os dois sozinhos.

Andres abriu um sorriso.

— Sr. Casbon. Parece que ele está se sentindo muito sozinho, desde que vovó decidiu ficar plantada aqui no corredor. Bastou uma ligação, e lá foi ela.

Alfonso queria socar o irmão até que aquele sorrisinho sumisse do rosto dele.

— Está bem, você ganhou. É mais inteligente que uma pulga. Podemos subir?

Maite e Alfonso se entreolharam como se perguntassem um ao outro: o que você acha?

Anahí resmungou atrás de Alfonso.

— Pensem nisso como um exercício para aprenderem a trabalhar em equipe — respondeu Maite, por fim. — Vocês terão de unir forças, se quiserem conseguir subir as escadas e chegar ao quarto, e nós iremos ignorar seus pedidos de socorro.

— E por que estão fazendo isso? — perguntou Alfonso.

— Perdemos um desafio — respondeu Maite, entre os dentes. — Parece justo que a gente tenha alguma compensação.

— Por que todos nós não podemos receber uma compensação?

— Porque, por sua culpa, vovó vai cantar no casamento — respondeu Maite. — Portanto, nós ganhamos compensação e vocês ganham... — Ela apontou para o cachorro. — Charles Barkley.
Andres e Maite comemoraram com um "toca aqui" e saíram do corredor, deixando Alfonso e Anahí sozinhos com o pequeno cachorro.

— Quão perigoso ele pode ser? — Alfonso estendeu a mão na direção do cachorro, que começou a rosnar e a mostrar os dentes. — Ele está fingindo, não é? Você é bonzinho, não é, Charles? — Ele tentou de novo. Dessa vez, o cachorro quase arrancou um dedo dele.

— É, acho que não é uma boa ideia nos aproximarmos muito. — Anahí o puxou para trás. — Pode ser que ele decida morder outra coisa, e tenho certeza de que isso acabaria com a noite.

Alfonso coçou a cabeça.

— O que a gente vai fazer? Ele está controlando o caminho para o nosso quarto, e os quartos de hóspede estão ocupados com os convidados do casamento.

— A gente pode gritar na porta do quarto de Amy, dizendo que a casa está pegando fogo, e depois a deixamos trancada do lado de fora — sugeriu Anahí, esperançosa.

— Annie. — ele segurou uma de suas mãos. — Seja melhor do que ela.

— Preciso mesmo?

— Só tente. — Alfonso deu uma risadinha e a puxou para seus braços, beijando-a com voracidade. O cachorro, claramente agitado, começou a latir.

Ele se afastou, reclamando.

— Pare de latir!

O cachorro latiu ainda mais alto e se encolheu como se estivesse prestes a pular.

— Shh! — ela apontou para o cachorro. — Nada de latir!

O cachorro parou por dois segundos, até que começou a uivar.

— Odeio a vovó. — Alfonso praguejou. Anahí se escondeu atrás dele — Nossa, obrigado! Como foi que, de marido, passei a ser seu escudo humano?

Ela riu.

— Bem, estamos casados.

— É verdade.

— O que vamos fazer?

O cachorro não ia sair dali, isso era óbvio, e Alfonso não ia correr o risco de deixar que o animal mordesse suas partes íntimas. Sem outras ideias, ele se virou para o corredor.

— Já sei.

Dez minutos depois, eles estavam de volta à casa da árvore. Mas dessa vez tinham cobertores, mais vinho e pipoca. Ele segurou a mão dela, envolvendo-a na sua, enquanto olhava o rio pela janela.

— Quanto ao seu trabalho...

— Que se dane o meu trabalho! — ela abraçou o pescoço dele e se sentou de pernas abertas no colo do marido. — É só isso, um trabalho.

— Mas você gostava dele de verdade. — ele se liberou do abraço dela, desejando olhá-la nos olhos — Você e Maite costumavam apresentar o jornal da manhã aqui na casa da árvore, quando tinham 7 anos. Tenho certeza de que era seu sonho.

— Eu gostava de contar histórias. E gostava de escrever... — Ela deu de ombros. — Gosto mais de você. Às vezes, as coisas que realmente queremos na vida estão sob o nosso nariz.

Alfonso riu.

— Nossa, assim vou ficar vermelho! Foi um elogio bem sexy. Que bom que você gosta de mim... Será que podemos começar a sair e, quem sabe, um dia até nos casar? Ah, espere um pouco... — Ele bateu a mão na testa. — Nós invertemos a ordem!

— Não. — Ela encostou a testa na dele. — A ordem inversa para uns pode ser a certa para outros.

Alfonso a fitou, e no seu olhar havia a promessa de que nunca a deixaria partir.

— Acho que gosto de fazer as coisas ao contrário.

Anahí sorriu, e seus olhos azuis brilhavam ao luar.

— Eu também.





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Sextou amores! Amanhã é dia de maratona!

Não Percam!

Las Queiro!

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