Trinta e oito

142 9 2
                                    


Alfonso estava parado no meio do Quarto do Prazer, tentando manter os olhos fixos na mulher que explicava tudo sobre a festa. Seus lábios se mexiam, mas ele estava com dificuldade em prestar atenção. Qualquer um teria. Droga, ele estava se sentindo extremamente desconfortável! 

— Então. — A mulher pegou uma folha de papel. — Só marquem os produtos que gostariam que eu incluísse na apresentação. Vou chegar cedo. Ah! Cobramos uma taxa extra pelas fantasias. 

Fantasias?

A mulher assentiu. 

— Mas é claro! Pensei que Nora tivesse avisado. Os convidados da noiva usarão fantasias. Ela escolheu o tema: couro e renda. Fantástico, não é mesmo? 

Ela estourou a bola de chiclete e piscou para Alfonso. Consequentemente, ele quase se engasgou com a própria saliva.

 — Então, você vai levar as fantasias e nós... 

— Vocês vão usá-las. — A mulher sorriu. — Enquanto mostro os produtos, as pessoas vão comer, beber vinho... 

— Uísque — corrigiu Alfonso. — Litros de uísque.

 Ela o calou com um gesto. 

— Sim, o que você preferir. E então poderão ir para os quartos, caso desejem olhar os itens mais de perto, se é que você me entende. — Ela mordiscou o lábio inferior e apertou o braço de Alfonso. 

— Ótimo — completou Anahí, ríspida, sentada à direita de Alfonso. — Faz muito tempo que quero experimentar esse, hã... — ela olhou para a lista —...pacote Me Chicoteia

Ele a encarou, desesperado. Não era possível que ela esperasse que ele mantivesse a expressão serena. Como é que ele iria se concentrar? Couro? Renda? Chicotes? Alfonso se agarrou à mesa com força e tentou manter a respiração estável. 

— Bem, vou deixar vocês decidirem.

 — Isso mesmo — concordou ele, brusco. 

Estava cerrando os dentes com tanta força, que acabaria travando a mandíbula. Quando a mulher já não podia mais ouvi-los, Alfonso suspirou e se apoiou na mesa. 

— Tudo bem? — Anahí deu tapinhas em suas costas.— Não encoste em mim. — Ele não queria soar como um babaca, mas estava prestes a perder a cabeça.

 — Ah... — Maldita mulher, que continuava a tocá-lo! 

— Isso é tensão sexual. Faz muito tempo, amiguinho? Você está um pouco... estressado? —Suas mãos passearam por suas costas e depois por seu pescoço. Ele gemeu. 

— Vejo que estão aproveitando a lista! — Eles ouviram a voz da atendente, na sala dos fundos. Sacudindo-se para tentar se recompor, Alfonso se afastou de Anahí. 

— Pode escolher. Marque qualquer um. Não me importo.

— Sério? — Anahí andou devagar em sua direção. Nem mesmo o metal frio do balcão, que cutucava as costas de Alfonso, foi suficiente para acalmar seu estado de excitação. — Não se importa? 

— Não — mentiu. Ah, claro que se importava! Se importava até demais.

 — E que tal marcar... — Ela pegou a folha e leu algumas palavras que ele não saberia nem soletrar, quanto mais pronunciar. — Acha que seriam boas escolhas? 

— Vovó e Deus estão de sacanagem comigo — retrucou Alfonso com sinceridade. — É isso que eu acho. E também acho que... — ele se desencostou do balcão e foi andando lentamente na direção dela enquanto ela recuava — se você não parar de olhar para mim deste jeito, não vou me responsabilizar pelos meus atos. 

Simple PastOnde histórias criam vida. Descubra agora