Capítulo 25 || I've Got You Under My Skin

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Eu tenho você na minha carne
Eu tenho você no fundo do meu coração
Tão fundo no meu coração, que você é realmente uma parte de mim
Eu tenho você na minha carne
(Frank Sinatra)

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Na sexta-feira é aniversário de Gabriel e todos cantamos parabéns para ele como sempre fazemos para o aniversariante do dia na ONG. Confesso que tenho que forçar a maior cara de paisagem que consigo conjurar ao vê-lo recebendo abraços de todas as nossas colegas. Fico me remoendo por dentro, mas não posso fazer nada, afinal, para todos os efeitos ele é solteiro.

À noite vou para a casa dele. Gabriel me convidou para jantar fora, mas depois do susto que levei na quarta com Margareth, fiquei com medo de sermos vistos juntos. Uma coisa é um almoço que poderia facilmente passar por uma reunião de trabalho, como o que tivemos no Jockey, mas como eu explicaria um jantar? Provavelmente as coisas seriam bem mais fáceis se Gabriel não fosse uma figura conhecida na cidade, mas esse detalhe complica tudo. Me senti mal por meio que obrigá-lo a ficar no apartamento, inclusive sugeri que saísse com seus parentes e amigos, mas ele negou.

— Quero ficar com você. Não importa onde, não importa como. Você é o meu presente.

É óbvio que depois de ouvir isso, nem quis insistir em convencê-lo do contrário.

Para me redimir por minha preocupação em ser vista em público com ele, decidi preparar algo diferente.

— Quais são os planos para hoje, doutor? — Pergunto, quando nos encontramos na portaria de seu prédio.

— Comer uma pizza, tomar um bom vinho, assistir a um filme se você quiser e...

— E...

— O que mais der vontade na hora. — Ele me lança aquela sua piscadinha matadora cheia de más intenções.

Já estou com vontade agora, mas finjo costume.

Enquanto caminhamos discretamente rumo ao elevador, continuo.

— Tá, mas e o bolo? Vai dizer que pretende passar seu aniversário sem um bolinho?

— Podemos comprar um.

— Não. Tenho uma ideia bem melhor.

Gabriel me olha esperando mais informações, mas não ofereço nada.

Já seguros no elevador, assim que as portas se fecham, ele me ataca e me dá o maior beijão.

— Finalmente. — Comenta enquanto tento recuperar o fôlego. — Não consigo mesmo ficar longe da minha heroína.

— Por que heroína? Está dizendo que eu sou tipo a Mulher Maravilha?

— Sem dúvida você é uma maravilha de mulher, mas estou falando da droga.

— Como assim? Não acredito que estou sendo comparada a uma droga!

— A pior de todas, a substância mais viciante que existe.

— Ahh...

— O vício impossível de largar... — Gabriel prossegue, e me enche de beijos até chegarmos.

***

Minutos mais tarde, estamos na cozinha e ele me observa com certa desconfiança.

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