Capítulo 27 || You Put A Spell On Me

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É só uma questão de tempo
Até eu te caçar
Pegar seu queixo e beijar os seus lábios
Você me traz de volta
Eu te deito e pego seus quadris
E perdemos todo o controle
E antes que você perceba
Eu te enfeiticei
Agora você é minha
(Austin Giorgio)

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Fico acompanhando com o olhar o movimento daquela montanha em forma de homem gostoso se erguer diante de mim e caminhar a passos firmes em minha direção. Engulo em seco. Ele está sério demais.

Sem dizer qualquer coisa, Gabriel pega o papel que estou segurando e se vira o tempo suficiente apenas para colocá-lo na gaveta do arquivo. Continuo parada exatamente no mesmo lugar, sem saber como reagir, respirando fundo para tentar me acalmar. O que está acontecendo comigo?

Quando volta, ele fica bem perto, quase encostando seu corpo ao meu, e posso ouvi-lo puxar o ar profundamente antes de colocar as mãos por trás de mim, fechar a porta como não fui capaz de fazer e girar a chave na fechadura.

— Gabriel... — Sussurro. — A gente não... — Sou calada pelo seu beijo esfomeado, enquanto ele me empurra com força contra a madeira. Suas mãos apertam, possessivas, os meus quadris e suspiro, rendida, contra seus lábios. Que saudade que eu estava desse beijo... Gabriel não se contém e me toma tão forte que logo o gosto de sangue se mistura ao da sua boca e ele continua ferindo, fundo, mordendo, como se quisesse me castigar.

Quando se afasta um pouco para me olhar, estou completamente sem fôlego.

— Agora me fala, que porra, que caralho você acha que está fazendo, Evelyn?

— Como assim? — Pergunto, desnorteada pelo beijo e por perceber que ele parece bravo. Muito bravo comigo.

— Faz quase uma semana que não sinto o seu corpo, que não estou dentro de você... Por que está me torturando desse jeito? As coisas não têm sido boas entre nós? Eu não tenho sido bom para você? Achei que tinha te ouvido dizer que gostava de mim. Que gostar de merda é esse?

— Eu gosto sim... — Falo com a voz fraca, intimidada pelo seu tom e pela forma com que seus olhos agitados não conseguem esconder algo muito quente e fora de controle. Ele parece me observar mesmo como um viciado em crise, diante da sua droga.

— Nem procure imaginar o quanto tive que me segurar para não entrar na sua casa no meio da noite, você querendo ou não, me dispensando ou não, feito a porra de um maluco só para poder te ter de novo.

Minha boca se abre com o choque, porque não estou dando conta do que ouvi. A mexo algumas vezes até conseguir fazer as palavras sairem com algum sentido.

— V-você não faria um absurdo desses. — Arquejo, pensando no tamanho do terror que me tomaria caso ele fizesse isso; a primeira coisa que eu pensaria é que seria o miserável do Hank Hawthorne vindo atrás de mim.

— Ah, faria. Isso e muito pior. Será que não entende que não tem mais o direito de ficar longe de mim?

— Gabriel, eu... Eu precisei...

— Precisou? Mas que porra... O que eu te fiz para você precisar ficar longe? Eu disse que iria até você. Suas amigas sabem sobre nós, poderíamos ficar juntos na sua casa, na sua cama. Eu te comeria bem devagar porque você estaria cansada e te faria dormir nos meus braços. Eu não te atrapalharia em nada. Você me daria o que é meu e eu te daria o que é seu. Mas preferiu fugir de mim, ficar sozinha.

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