Capítulo 16 || Take Me To Church

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Minha igreja não oferece absolvições
Ela me diz: Louve entre quatro paredes
O único paraíso para onde serei enviado
Vai ser quando eu estiver sozinho com você
(Hozier)

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Me encontro novamente no carro de Gabriel, à caminho do atelier de Sarah. Amanhã é o baile. Confesso que me sinto um pouco nervosa, e saber que quem estará lá para me "apoiar" é Patrick não me tranquiliza em nada, pelo contrário. Ao longo da semana ele tentou me dar algumas indiretas, demonstrando estar ansioso pela festa e para o que ele acha que é um encontro comigo, mas depois do chega pra lá que levou do médico, não tive que lidar com grandes importunações de sua parte. Isso é muito bom, claro, mas só demonstra o que já sei dele: que é um patife covarde e que quando um homem de verdade o coloca em seu lugar, se esconde com o rabinho entre as pernas.

— Está animada para se ver no vestido? — Gabriel pergunta, enquanto a música clássica ressoa dentro do veículo.

— Sim, muito. Vi uma prévia dos bordados prontos no Instagram e está uma perfeição.

— É, eu também vi, minha irmã caprichou.

— Quer dizer que anda espiando o meu vestido, doutor?

— Claro. Estou curioso para ver o que minha noiva vai usar. Você me fez esperar até hoje, não fez?

— Errado. O grande dia é amanhã. Se eu fosse mesmo sua noiva, teria que esperar até o dia do baile.

— É, você me pegou. Quer dizer que não é mais minha noiva?

— Acho que não. — Dou risada. Gosto quando nossa conversa está nesse clima leve. Me deixa menos nervosa e intimidada pela presença dele.

— Vamos ter que voltar um pouco, então. Namorada?

— Não.

— Ficante?

— Não.

— Menos que isso é nada.

— Que é o que somos.

— Você passa muito longe de ser nada para mim, Evelyn. — Ele diz, de repente tornando as coisas muito intensas. Minha barriga se aperta.

— Ah, sim. Sou a mulher que você quer comer. Uma das primeiras da sua lista. — Falo, tentando parecer despretensiosa.

— Não tenho uma lista. Mas se eu tivesse, você seria a única.

— Não brinca. Quer dizer que é tão monogâmico assim?

— Sou. Sempre fui desse jeito. Quando uma mulher me interessa de verdade, meu foco fica só nela. É como se tudo em volta, inclusive as outras mulheres, perdesse a importância.

— Gabriel, você é bonito, não precisa de todo esse discurso para pegar mulher, sabia?

— Não é discurso, só quis compartilhar isso com você. Você me pediu um tempo e eu te dei. Quase duas semanas já foram e eu estou cumprindo a minha parte, mas preciso que saiba que se quiser dizer sim, meus termos são esses.

— Monogamia?

— Isso. Eu fico só com você e você só comigo. Não gosto de dividir.

— Mas se eu aceitar vai ser só sexo, Gabriel. Você ouviu a Margareth. Basicamente ela já deixou claro que se um relacionamento entre funcionários do Amparo for descoberto é olho da rua para os dois. Sendo uma coisa totalmente casual, talvez a gente consiga manter escondido, algo como o que fazemos em momentos de lazer e que não diz respeito a ninguém. Mas não pode passar disso.

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