Capítulo 4 || Somebody's Watching Me

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Eu sempre sinto como se alguém estivesse me observando
E não tenho nenhuma privacidade
Eu sempre sinto como se alguém estivesse me observando
Quem está pregando peças em mim?
(Rockwell)

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Acho que estou tendo uma síncope e vou precisar de atendimento imediato. Possivelmente de reanimação cardíaca e respiração boca à boca.

Não consigo desviar a atenção do loiro de olhos azuis, alto, forte e impressionante, sorrindo como se estivesse numa propaganda de creme dental. É lógico que parada como uma estátua no campo de visão dele, não demora muito para que eu seja notada. Ainda sorrindo, ele mexe a cabeça como que para reconhecer a minha presença e me dá uma piscadinha.

Meu pulso dispara na mesma hora, mas não parece que esse gesto tenha sido especial para mim, porque ele continua se virando e fazendo a mesma coisa para cumprimentar a todos de longe.

Lindsey se aproxima para cochichar ao meu ouvido:

— Me diz se estou vendo mesmo o que estou vendo ou se é uma miragem?

— Se o que você está vendo é um motivo para levantar cedo e vir trabalhar todos os dias, está certa. — Murmuro sem mexer muito a boca para não chamar atenção.

Ela ri.

— Adoro o Dr. Nelson, mas estou realmente muito feliz que ele esteja se aposentando... — Continua.

— Somos duas.

Observo o novo médico ir direto aos pacientes e cumprimentá-los com apertos de mão educados e tapinhas nas costas, demonstrando prestar atenção ao que eles dizem. A cena me deixa secretamente satisfeita. Parece que ele vai se adaptar bem aqui.

Depois de um tempo preso numa conversa com o Dr. Nelson, Margareth passa a apresentá-lo a cada um de nós.

Subitamente começo a me sentir desengonçada, como se os meus braços e pernas fossem compridos demais e eu não soubesse bem o que fazer com eles. Droga, ele vai ser meu colega de trabalho, eu preciso manter a compostura.

"É bom mesmo, nem pense em se entusiasmar com esse aí".

A professora de yoga insuportável volta a se manifestar em meus pensamentos.

— E essa é Evelyn Fox, nossa assistente social, que está conosco há quanto tempo? Já fez cinco anos, Evelyn?

— Sim, Margareth, completei cinco anos de Amparo agora em março.

— Que beleza, hein? — Ela comenta.

— É um prazer te conhecer, Evelyn. — O novato estende a mão para mim.

— O prazer é meu, Dr. Knight. — Cumprimento, segurando sua palma quente e firme contra a minha.

— Pode me chamar de Gabriel. — Ele pede com seu grande sorriso.

Quase me viro para os lados à procura da câmera, porque um homem perfeito desses existir só pode ser pegadinha.

— Certo. Gabriel. — Tento sorrir como se não estivesse tão impressionada.

Rapidamente ele se volta para Patrick, quando Margareth continua com as apresentações e a aura de seu perfume amadeirado e elegante o segue, mas eu me mantenho parada onde estava. Percebo que estou exatamente no mesmo lugar com a bandeja na mão desde que Gabriel Knight chegou. Ao me dar conta, rapidamente me mexo e vou até a mesa pegar mais docinhos.

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