Capítulo 39 || QUEEN OF THE FREAKS

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Eu sou uma aberração
E eu reconheço isso
Você não vai vir brincar comigo?
Agora, todos os corpos olham de relance
Pelas próprias costas
Ainda curiosa, mas estou com medo
Porque eu mordo de volta
Mas eu sei, no fundo, que você é exatamente como eu
(AViVA)

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A cabana onde estamos é constituída basicamente de uma sala grande para dois ambientes, uma cozinha com despensa, e a suíte onde passei a noite.

Ao deixarmos o quarto, a primeira coisa que noto é o lugar em que estive amarrada, à minha direita, próximo à porta de entrada. Posso ver os grilhões de metal fixados à parede de madeira onde as cordas estavam presas. Elas, inclusive, ainda continuam ali, junto do meu vestido de casamento. Duas cadeiras pesadas se encontram encostadas à parede oposta e sobre uma delas há outra corda, essa ensanguentada, que denuncia quem foi o último a ocupar aquele assento. O chão está banhado de sangue, agora seco.

À esquerda, na parte destinada à área de estar, há um sofá de tecido preto com algumas almofadas terracota. O assoalho é adornado por um tapete de couro de vaca branco e preto e, sobre ele, há uma mesa de centro larga, baixa e rústica, feita de tronco de árvore envernizado. No quarto tem uma TV, mas ali não. O sofá fica em frente a uma estante com alguns livros e objetos de decoração ocupando os espaços vazios. Próximo a essa estante pode-se ver o corpo de Hawthorne esticado no chão com sua cabeça ao lado.

— Hunter o colocou no chão para facilitar o transporte na hora da desova, antes de o rigor mortis se estabelecer. — Gabriel explica.

— Eu nem vi quando ele fez isso.

— Você devia estar dormindo. Vamos nos livrar dele essa noite. Hank vai fazer um salto da ponte Torrence. Ele não sabia nadar e acho que não vai ser agora que irá aprender...

— A ponte fica perto?

— Há umas duas horas daqui.

Assinto.

— Está com fome, princesa?

— Muita.

— Gastou bastante energia ontem, não foi?

— Sim...

— Então vamos resolver isso, já passou da hora do café e hoje você tem que ter mais energia para gastar.

Gabriel me dá um beijo rápido.

— Vou ver o que acho na despensa.

Quando ele sai, dou vazão a uma curiosidade mórbida e resolvo fazer uma coisa.

"Limites? Para quê limites?"

Cala a boca.

Vou até o corpo e abro rapidamente a sua calça para espiar o que Hawthorne queria tanto enfiar em mim.

— Ah, esqueci de perguntar... — Meu marido volta e me pega bem na hora em que estava fechando o zíper.

Ele me olha desconfiado.

— O que você está fazendo?

— Só tirando uma dúvida... Mas o seu é bem maior e mais grosso, amor. Escolhi o irmão certo. — Sorrio, como se não tivesse acabado de cometer um crime.

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