Capítulo 38 || Jigsaw Falling Into Place

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O quebra-cabeça se encaixa
Então não há nada pra explicar
Vocês se olham quando se cruzam
Ela olha de volta, você olha de volta
Não só uma vez
Nem só duas
Espante o seu pesadelo
Espante o pesadelo
Você tem uma luz, você pode sentir ela te apoiando
(Radiohead)

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Abro os olhos desorientada sem saber onde estou. Quando as lembranças de tudo o que aconteceu com Hunter em minha noite de núpcias vêm à tona, as coisas não mudam muito, porque a verdade é que continuo sem ter ideia de onde me encontro. Só sei que estou nua, deitada na cama que compartilhei com ele.

Gabriel percebe que já acordei, mas não fala nada. Está sereno, de bermuda e camiseta, sentado ao meu lado, limpando e fazendo um curativo no machucado em meu flanco.

— Gabriel? — Pergunto só por desencargo de consciência, porque com certeza é ele que está comigo. A diferença é gritante.

— Oi, meu amor. Como se sente?

— Como se tivesse sido atropelada. Você... Quer dizer, Hunter me deixou moída.

— Estou vendo. Seu rosto está machucado. — Ele fica mais sério. — Vou ter que resolver isso.

— Hunt disse que você não ia gostar.

— Hunt? Ficaram mesmo íntimos bem rápido...

— Está com ciúmes? Você sabe que eu não estou entendendo porra nenhuma, né? Hunter é você, um alter ego ou uma versão surtada sua e se eu amo você, eu amo ele também.

— Ama? — Suas sobrancelhas se erguem.

— Sim. Ele é você. Como não vou amar?

— Ele é um animal.

Gabriel fecha meu curativo. Percebo que já tinha feito um em meu pescoço, provavelmente enquanto eu dormia e está com a mão direita enfaixada.

— Pronto. Agora a sua marca vai cicatrizar bem e você não vai ter uma infecção. Ele usou uma faca limpa, mas prevenir é melhor que remediar. Já no pescoço não vai ter problemas; essa linhazinha deve sumir em breve.

— Estou esperando a sua explicação. Eu me casei com Gabriel Knight, um médico, o homem da minha vida, e quando dou por mim, estou com a cabeça embaralhada, no chão de uma cabana, amarrada, e meu marido mata seu irmão, que por coincidência era o cara que estava me assediando havia meses, bem na minha frente. Não sendo suficiente, ele passa a se comportar como um bruto, diz que se chama Hunter e deixa claro que foi ele quem me entalhou com esse H que você dizia querer tanto saber de onde veio. E agora, como se nada tivesse acontecido, volta a se chamar e a se comportar como o meu Gabriel.

— Você só se esqueceu de mencionar que passou a madrugada inteira transando com ele, e parece que estava gostando muito, pelas marcas em seu corpo e pelo sangue no quarto todo.

— O que eu poderia fazer... Era a minha noite de núpcias... — Mordo o lábio.

— Você é safada demais, Evelyn. Não sei como pude imaginar por um minuto sequer que ficaria assustada e tentaria escapar dele.

— Se eu tentasse fugir, não tenho dúvidas de que ele me mataria. — Disfarço.

— Hunter jamais te mataria. Ele é outro idiota caído por você como eu.

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