Capítulo 33 || Die For You

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E eu sei que você vale a pena
Apenas saiba que eu morreria por você
Amor, eu morreria por você, sim
A distância e o tempo entre nós
Nunca farão com que eu mude de ideia, porque amor
Eu morreria por você
Amor, eu morreria por você, sim
Eu morreria por você, eu mentiria por você
Sendo sincero com você, eu mataria por você, meu amor
(The Weeknd, Ariana Grande)

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Passei o melhor domingo da minha vida, trancada em casa com o homem que amo, mas a dura realidade me atingiu na segunda de manhã. Enquanto me maquiava, observava, apreensiva, Gabriel terminar de fazer a barba. Queria que me levasse para casa e que eu fosse para o trabalho com Rebecca, como sempre, mas ele insistiu que vai resolver e que não teremos que nos esconder mais. É claro que não vamos nos agarrar na frente das pessoas, mas essa história de fingir que não somos nada um para o outro parece que acaba hoje.

Chego junto do meu namorado e caminhamos lado a lado, sem darmos as mãos, por precaução. Quando colocamos os pés na entrada, somos recepcionados por Margareth e todos os demais funcionários reunidos. Meu coração despenca como uma pedra afundando num lago. Gabriel massageia discretamente a base das minhas costas para me encorajar, mas a verdade é que eu queria fugir com ele para longe dali.

— Bem, Patrick. Agora estão todos aqui. Evelyn e Gabriel que faltavam, acabaram de chegar. — Margareth fala num tom impaciente.

Procuro reparar rapidamente nas expressões das pessoas.

Lindsey, June, Emma e Bruce parecem confusos ou entediados, Rebecca está claramente aflita, o que me deixa ainda mais nervosa. Já o rosto de Patrick exibe a estranha mistura de presunção e raiva. Além disso, ele olha demais para mim e, mesmo que não esteja me tocando, sinto o corpo de Gabriel tenso às minhas costas.

— Pode, enfim, dizer porque pediu para convocar vocês antes do início do expediente? — A diretora continua.

— O que eu tenho para dizer vai ser bem rápido, Margareth: Evelyn, sua funcionária modelo, está trepando com o doutorzinho aí.

Todos, menos Rebecca, nos olham chocados, mas Patrick não se faz de rogado e continua a falar.

— E antes que me perguntem, ninguém me contou, eu vi com meus próprios olhos, a nossa querida assistente social, bem despreocupada transando com ele no carro no evento familiar de Rebecca para quem quisesse assistir. Isso não é a conduta adequada para os funcionários dessa instituição e espero que medidas cabíveis contra esses dois sejam tomadas. Não quero pensar o quanto um escândalo como esse pode prejudicar a imagem da ONG.

No tempo de uma respiração, Gabriel dá um passo à frente, ficando ao meu lado, e pega a minha mão entrelaçando seus dedos nos meus.

Margareth acompanha o movimento atentamente.

— Eu acho que a resposta acabou de ser dada, mas ainda assim vou perguntar. Isso é verdade? — Ela se volta para o meu rosto.

Não consigo dizer nada. O medo e a vergonha ao ser exposta dessa forma fazem meus olhos marejarem.

— Sim. Evelyn e eu temos um relacionamento há vários meses. — Gabriel atalha, respondendo por mim.

— Relacionamento? — Patrick bufa, com certeza se sentindo um rei ou um juiz, sentado em sua cadeira de rodas — Putaria (desculpe a palavra) se chama "relacionamento", agora?

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