Capítulo 34 || Mad About You

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Sinta a vibração
Sinta o terror
Sinta a dor
Isto está me levando à loucura
Eu não posso fingir
Por Deus, por que eu estou dirigindo na contramão?
Problema é meu nome do meio
Mas no final eu não sou tão má
Alguém pode me dizer se é errado ser tão louca por você?
Louca por você
Louca
Você é o vinho barato que irá me dar uma dor de cabeça pela manhã
Ou simplesmente uma mina terrestre azul escura
Que explodirá sem um aviso prévio?
(Hooverphonic)

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Sinto a barra do vestido verde menta de um ombro só que estou usando balançar junto aos meus joelhos com o vento fresco da noite, assim que descemos do carro e paramos em frente à mansão Knight.

— Essa é a casa dos meus pais, amor. Foi aqui que cresci. — Gabriel anuncia em meu ouvido enquanto me mantenho estacada diante da fachada imponente.

Às vezes eu me esqueço completamente de como tivemos infâncias, criações e oportunidades de vida tão diferentes e penso que é uma coisa quase sobrenatural sermos tão compatíveis um com o outro, tendo trajetórias praticamente opostas.

Gabriel viveu numa casa que transpira poder, com suas imensas colunas tão brancas que chegam a doer os olhos e com o jardim bem cuidado de onde ninguém ousaria arrancar uma flor, enquanto tudo o que eu via em minha infância e adolescência eram grades, muros, telas, tudo cinza, quando não o preto puro do quartinho escuro. Nunca comentei com ninguém, mas aquele era o meu lugar preferido ali. Nos primeiros anos, eu aprontava de propósito só para ir para lá. O escuro pode dar medo no começo, mas depois que nos acostumamos com ele, somos envolvidos e acolhidos, como se estivéssemos sob um grande manto de proteção, e logo se pode ouvir os segredos que ele conta, sussurrados dentro de nossas cabeças...

— Vamos? — Meu noivo puxa a minha mão, me retirando das memórias, e caminhamos em direção àquelas portas gigantes.

De uma maneira inacreditavelmente formal, ele aperta a campainha e sinto minha espinha se esticar em apreensão.

Segundos depois, uma mulher alta e elegante de cabelos claros num corte Chanel abre a porta. Virginia Knight.

Gabriel se aproxima e beija a sua têmpora. Ela sorri.

— Oi, mãe.

— Oi, querido. Que bom que vieram jantar conosco hoje.

— Quero te apresentar a Evelyn, minha noiva.

Virginia olha para mim com um sorriso acolhedor que me faz relaxar um pouco.

— Oi Evelyn, é um prazer finalmente te conhecer.

— O prazer é todo meu, senhora Knight.

— Me chame de Virginia, por favor. — Ela balança a mão no ar dispensando a formalidade.

Entrego então o buquê de tulipas brancas, suas flores preferidas, segundo Gabriel. Meu conhecimento de flores vai se ampliando com o tempo; não posso ser uma ignorante nesse quesito para sempre.

— Ah, obrigada, Evelyn, são lindas. Não tanto quanto você, que é uma moça realmente encantadora. — Ela me dá um abraço. O cheiro floral-amadeirado de seu perfume refinado me abraça junto.

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