Capítulo 8 || Dirty Thoughts

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Eu tenho pensamentos sujos sobre você
Eles pioram quando estou sem você
Isso significa que vou para o inferno
Ou você está pensando nisso também?
(Chloe Adams)

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Estamos suspensos no olhar um do outro quando ele retira sua mão de mim e dá um passo para trás, exatamente um segundo antes de Lindsey colocar a cabeça dentro do consultório e só então bater na porta para anunciar sua presença.

— Margareth pediu para chamar todos os funcionários para uma reunião de emergência. — Ela vira para mim. — Se ainda não estiver bem, posso falar com ela, Eve.

— Não precisa, Lind, já estou melhor. — Falo, tentando disfarçar a respiração descompassada.

Não sei como está a minha cara, mas ela parece não acreditar muito, prova disso é que pergunta a Gabriel:

— Ela está melhor mesmo, doutor?

— Sim. Foi apenas uma queda de pressão como eu tinha imaginado. O ideal seria fazer algum repouso, se hidratar e comer algo com certa quantidade de sódio, para que se recupere, mas vai ficar tudo bem. E por falar nisso... — Ele se volta para o meu rosto. — Você tomou café da manhã, Evelyn?

— Não. Não estava com apetite e só tomei um chá preto antes de sair.

— Entendo. Bem, Lindsey, me perdoe por estar te alugando hoje, mas você poderia trazer um copo de água e um pacotinho daqueles biscoitos da copa? Acho que essa reunião pode ser estressante e não gostaríamos que ela desmaiasse, não é?

Percebo que ele oferece um sorriso encantador para ela e minha colega se abre toda como uma flor. Penso que se ele pedisse que ela se jogasse no chão e fizesse dez flexões de braço, ela diria sim como se fosse um pedido muito razoável. Sua voz sai desafinada quando responde:

— Claro. Eu já volto.

— Obrigado.

Sinto uma pontada estranha, algo como uma mistura de ciúme e admiração ao observar Gabriel jogar charme para conseguir o que quer de uma mulher.

"Eu avisei..."

Assim que ela se põe porta à fora, o sorriso pouco a pouco deixa seus lábios e ele vira para mim.

— Você não deve vir trabalhar sem comer, Evelyn. Não pode correr o risco de desfalecer na frente da Margareth e fazê-la pensar que não tem estrutura para lidar com os desafios encontrados aqui.

— Não, de jeito nenhum. — Respondo, me dando conta de que posso mesmo estar passando essa impressão.

— Só estou dizendo isso porque sei que você é uma excelente profissional; todos me falaram muito bem do seu trabalho, inclusive os pacientes, e também sei que se demonstrar vulnerabilidade num momento de crise como esse, pode causar uma impressão ruim. Sou novato por aqui, mas lido há muito tempo com gente sob pressão e acredite em mim, ela poderia esquecer todos os anos de bons serviços prestados, caso pensasse que você não é capaz de agir frente a uma adversidade como essa.

Engulo em seco. Ele está certo. Todo mundo recebeu a mesma notícia que eu e ninguém está caindo pelos cantos; eu deveria dar o exemplo. Que bom que fui lembrada disso.

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