Capítulo 40 || Mental Funeral

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Você faz coisas muito ruins
E as faz muito bem
Francamente, meu querido, você provavelmente irá para o inferno
Mas eu gosto que seja um lindo pesadelo
Me fez gritar por mais
Você é um criminoso fofo e assustador
Perigoso para mim
Quando estiver sozinho, me ame, querido
Psicopata
Eu estou apaixonada por uma ameaça
Bem-vindo ao meu funeral mental
Está cegando e estou cautelosa
Porque eu gosto da dor
(EHLE)

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Quatro dias depois, finalmente partimos para a nossa lua de mel. Fico um pouco nervosa porque nunca estive num avião, mas Gabriel me acalma. Minha viagem aérea inaugural vai ser longa, porém com meu marido topo qualquer aventura. Talvez o fato de saber que terei que passar por essa árdua experiência na primeira classe da aeronave, facilite bastante as coisas. O que posso fazer se o meu amor gosta tanto de me mimar? Apenas aproveitar; adoro ser paparicada.

Após uma escala em Atenas e 17 horas totais de vôo, chegamos ao nosso destino: Santorini, na Grécia.

Assim que desembarcamos no aeroporto, a brisa fria e salgada do fim de tarde na ilha me envolve, atiçando os sentidos. Estou com um sorriso imenso, animada pelo que virá. Um motorista particular nos espera para  nos levar ao hotel num carro de luxo — mais uma mordomia para quem tem dinheiro para queimar ao pagar uma pequena fortuna pelas passagens VIP.

Já no carro, me sinto elétrica e ansiosa, olhando tudo pela janela, tentando, ávida, captar o máximo que consigo da paisagem, tão impressionantemente diferente de todas as coisas que já vi na vida. Gabriel, por outro lado, parece entretido apenas me observando. Por fim não me aguento e falo:

— A gente vem para a Grécia, quase do outro lado do planeta, um dos berços da humanidade, e tudo o que faz é passar esse caminho deslumbrante até o hotel, olhando para a minha cara que você vê todo dia... Não dá para entender.

— Eu já vim para esse lugar antes e ainda que essa paisagem seja mesmo deslumbrante, nunca vai se comparar à beleza da expressão da minha razão de existir a contemplando pela primeira vez.

O que ele diz nesse tom apaixonado soa tão profundo e romântico que meu peito se aquece. No final, eu também acabo deixando a paisagem de lado porque me perco em seus lábios que são, eles sim, melhor que qualquer lugar no mundo.

Ao adentrarmos o luxuoso Elysion Santorini, uma das integrantes da equipe de boas-vindas me entrega um buquê de flores frescas brancas e vermelhas, e faço questão de perguntar o nome delas.

— São margaridas e papoulas. — A jovem loira responde.

— Obrigada. São lindas. — Agradeço, mas meu semblante se fecha em segundos ao notar que ela não está dando a mínima para mim e sim sorrindo como uma imbecil para Gabriel.

— Se o senhor quiser, posso levá-los para um tour pelo hotel. — A rapariga oferece, só faltando babar. Ela é um pouco mais alta que eu, mas, ainda assim, tem que olhar para cima para falar com ele, o que faz como se estivesse venerando alguma divindade.

Desde o nosso noivado e, especialmente depois que soube toda a verdade sobre Gabriel, me sinto cada vez mais segura em relação a nós, mas isso não quer dizer que eu vá aturar essas lambisgoias que não sabem o seu lugar. Já estou pensando em dez formas diferentes de assassiná-la, quando meu marido responde.

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