Anos se passaram e Ruby, a híbrida que todos conheciam, agora tinha 23 anos. A menina cheia de sonhos e esperanças transformou-se em uma mulher de olhar distante e coração guardado. A morte de seu pai, Alex, havia deixado marcas profundas em sua alma, como cicatrizes que nunca sarariam completamente. Embora Ruby carregasse a dor da perda, ela lutava para se manter firme em um mundo que muitas vezes parecia cruel e indiferente.
Com o passar dos anos, Ruby tornou-se uma figura enigmática. Amigos e conhecidos perceberiam que por trás da beleza e do charme, existia uma camada de gelo. Ela não demonstrava interesse por nada que não fosse essencial; a vida tornou-se um jogo em que apenas algumas cartas eram importantes, e essas cartas eram as pessoas que mais amava. Elisa, a mãe que sempre a apoiava; Leah, sua amiga leal que conhecia seus segredos mais profundos; e Natan, o amigo que compartilhava risadas e momentos de sinceridade. Eles eram seu porto seguro em meio à tempestade.
Ruby amava festas. Para ela, eram um refúgio. Nesses eventos, ela conseguia se desligar da realidade, mesmo que por algumas horas. A música pulsava em seu corpo, os corpos dançavam em sintonia com o ritmo, e ela se deixava levar pela euforia do momento. Ali, podia ser qualquer um, menos a filha de um homem que se foi de forma tão abrupta. Era uma escapada que ela não estava disposta a abrir mão.
Naquela noite, Ruby chegou em casa após mais uma festa vibrante. O som da música ainda ecoava em sua mente, e o cheiro do perfume dos convidados acompanhou-a até o interior. Ela mal conseguia recordar de todos os rostos que encontrou, mas as risadas e a liberdade daquele momento permaneceram gravadas. Ao fechar a porta atrás de si, porém, o peso da solidão a atingiu com força. A casa estava silenciosa, e a ausência do pai parecia gritar em cada canto.
Ela caminhou até o quarto, onde pôde finalmente desabrochar seu mundo interior. Ruby fechou os olhos e deixou-se cair na cama, o corpo exausto, mas a mente ainda agitada. Pensou em Alex, em como ele costumava contar histórias que enchiam o coração dela de alegria. Ele era sua inspiração, o homem que sempre acreditou na força das fragilidades. Agora, Ruby sentia que carregava um fardo que muitos não compreendiam.
Lembranças do passado invadiram seus pensamentos. Ela recordou-se do dia em que tudo mudou. A batalha, a tragédia, a perda - uma sequência interminável que a deixara desconfortável em um mundo que a desapontava cada vez mais. Ruby sempre buscava vigiar suas emoções, temendo que qualquer demonstração de vulnerabilidade pudesse abrir feridas que ela não queria tocar.
Era uma luta interna, e tudo que ela desejava era encontrar uma maneira de equilibrar a saudade com a alegria. Mas, na maioria das vezes, a tristeza parecia ser a emoção predominante. As festas, então, tornaram-se um meio de se distrair, uma forma de não encarar o que estava bem debaixo da superfície. O sorriso que ela tinha naquelas ocasiões não era totalmente verdadeiro; era um disfarce, uma máscara que Ruby se esforçava para manter no lugar.
Naquela noite, enquanto os sonhos se aproximavam, Ruby virou-se de lado e olhou para a pequena fotografia de Alex que estava na mesa de cabeceira. Um sorriso involuntário surgiu em seu rosto, mas logo foi percebido como um vislumbre de saudade que se transformou em tristeza. "Eu sinto sua falta, pai", murmurou para si mesma, como se pudesse convencer o universo a trazê-lo de volta. O peso das palavras foi quase palpável, e a realidade a envolveu com um manto escuro.
A madrugada se arrastou lenta, e Ruby, mergulhada em lembranças, lutava contra o sono que a puxava para a escuridão. Entre os flashes de suas memórias, Leah e Natan apareceram, sempre prontos para apoiá-la. O amor que sentia por eles era real, profundo, mas diferente. Uma conexão de amizade, um laço que a segurava quando as ondas da tristeza ameaçavam a derrubar. Mesmo assim, Ruby hesitava em abrir seu coração completamente, temendo que essa vulnerabilidade pudesse desgastá-los ou, pior, afastá-los.
Finalmente, o cansaço venceu. Ruby fechou os olhos e deixou-se levar para o reino dos sonhos, onde a dor se dissipava, e seu pai ainda estava ao seu lado, contando histórias de um mundo onde a felicidade não parecia uma ilusão distante. O sono a envolveu como um abraço reconfortante, e por algumas horas, Ruby pôde ser a menina que havia perdido há tanto tempo. Assim, entre a luz e a escuridão, ela buscava encontrar seu caminho - um caminho que, ela esperava, levaria à aceitação e à paz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝑴𝒆𝒖𝒔 𝒄𝒆𝒊𝒇𝒂𝒅𝒐𝒓𝒆𝒔🗝
Fantasía🔥🦋𝐏𝐚𝐫𝐚 𝐚𝐬 𝐦𝐮𝐥𝐡𝐞𝐫𝐞𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐞 𝐚𝐭𝐫𝐞𝐯𝐞𝐦 𝐚 𝐚𝐛𝐫𝐚𝐜̧𝐚𝐫 𝐚 𝐞𝐬𝐜𝐮𝐫𝐢𝐝𝐚̃𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐩𝐚𝐢𝐱𝐚̃𝐨 𝐞 𝐜𝐨𝐫𝐚𝐠𝐞𝐦., 𝐪𝐮𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐚𝐟𝐢𝐚𝐦 𝐨 𝐬𝐭𝐚𝐭𝐮𝐬 𝐞 𝐬𝐞 𝐩𝐞𝐫𝐦𝐢𝐭𝐞𝐦 𝐞𝐱𝐩𝐥𝐨𝐫𝐚𝐫 𝐨 𝐥𝐚𝐝𝐨 𝐦𝐚𝐢𝐬 �...