𝑴𝒆𝒖𝒔 𝒄𝒆𝒊𝒇𝒂𝒅𝒐𝒓𝒆𝒔🗝

𝒚𝒖𝒓𝒚? 🦋🌹

𝑄𝑢𝑒𝑏𝑟𝑎 𝐷𝑒 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 🦋

Ruby caminhava pela floresta, imersa em seus pensamentos enquanto as sombras das árvores se alongavam conforme o sol começava a se pôr. O ar fresco trazia consigo o cheiro da terra e do verde, uma mistura tranquilizadora que costumava confortá-la após longas horas dando aulas de boxe. A cada passo, seus músculos relaxavam, e ela se sentia mais próxima da sua cabana, um refúgio onde poderia se deixar levar pelas lembranças e desabafos que muitas vezes guardava para si.

Foi então que, ao virar uma curva, ela deu de cara com um homem que parecia ter saído de um livro de contos. Ele tinha características distintas, com olhos penetrantes que pareciam observar muito além do que a superfície mostrava. Ruby parou, um sentimento inusitado a invadiu. O homem se apresentou como Yury, e em sua presença, Ruby sentiu uma espécie de magnetismo, embora não soubesse exatamente como explicar. Ele tinha um jeito confiante e sereno de falar, uma aura que o tornava ainda mais indescritível.

"Sou da alcateia Lua Negra", comentou ele, com um leve sorriso. "Estou aqui na Lua Nova apenas para negócios."

Ruby assentiu, simpatizando com a situação que ele descrevia, embora não conseguisse evitar um leve suspiro ao pensar em Theodore e Klaus, dois dos homens em sua vida que a faziam sentir seu coração acelerar de uma forma que ninguém  conseguia. Eles eram fortes e protetores, com um olhar que realmente fazia seu coração balançar. Contudo, havia algo em Yury que despertava a curiosidade dela — um enigma que ela não conseguia decifrar.

O que mais a intrigava, porém, era a presença de uma mulher que se aproximava. A tensão no ar se tornou palpável quando Ana apareceu como uma sombra atrás de Yury. Ruby a observou e sentiu um desconforto inexplicável. Híbrida como era, Ruby tinha uma intuição aguçada e poderia sentir as ligações de companheirismo que também existiam entre os lobos. Mas, com Ana, sua percepção estava errada. Não havia a conexão profunda que normalmente definiria um casal. Na verdade, as emoções eram completamente diferentes.

Ana tinha um olhar fulminante, e Ruby se sentiu exposta sob o peso do seu olhar. Era como se a mulher estivesse avaliando não apenas Ruby, mas também sua conexão com Yury. Ruby, por sua vez, não sentia qualquer laço entre eles, um indício de que algo não estava certo. Ao invés de criar uma cena, resolveu se afastar e seguir seu caminho. Não havia motivo para se intrometer na vida deles, mas a fúria que Ana emanava era quase palpável.

Despedindo-se rapidamente sem mais palavras, Ruby se afastou, os passos apressados ao longo da trilha que levava à sua cabana. O olhar de Ana, que a acompanhava, parecia queimá-la. Enquanto caminhava, Ruby refletia sobre a cena que acabara de presenciar. Era uma mistura de sentimentos, mas, acima de tudo, uma dúvida perturbadora estava se formando em sua mente: a conexão real entre Yury e Ana. O que poderia estar escondido atrás daquela fachada perfeita que Yury apresentava?

A floresta parecia mais escura à medida que Ruby avançava, a luz do dia se esvaindo. As árvores, testemunhas silenciosas, sussurravam segredos que ela não conseguia ouvir. Ruby sempre fora intuitiva, e a hesitação que sentia em relação a Yury só aumentava à medida que pensava na possibilidade de desentendimentos ou até mesmo enganos que poderiam se revelar à medida que a história se desenrolava.

Conforme as sombras se estendiam ao seu redor, a mente de Ruby se enchia de questionamentos. O que significava ser uma híbrida, estar entre dois mundos, mas nunca plenamente absorvida em nenhum deles? Por que a alma de Ana parecia tão distante de Yury, e o que isso significaria para os próprios sentimentos de yury? Seria a presença de Yury uma mera coincidência ou haveria alguma ligação que ainda não compreendia?

Ao chegar à cabana, Ruby se permitiu um momento de reflexão. As paredes revestidas de madeira pareciam abraçá-la enquanto ela se sentava na cadeira de balanço, o ranger familiar proporcionando um alívio. Seu coração ainda batia acelerado, não apenas pelo encontro inesperado, mas pela incerteza que pairava no ar.

Decidida a não se deixar levar pela confusão, Ruby pegou um caderno de anotações que sempre mantinha ao seu lado. Era um refúgio, uma maneira de colocar seus pensamentos em ordem. Começou a escrever sobre aquele encontro, tentando entender o que estava sentindo. Havia um grande aspecto de instinto animal que a inquietava; a parte de ser loba, a conexão com a natureza e a parte bruxa desconfianças que vinham de sua linhagem.

Durante horas, sua caneta dançava no papel, e embora ainda houvesse perguntas sem respostas, Ruby foi capaz de se acalmar. A noite avançava, e as estrelas começaram a brilhar no céu, um lembrete de que havia também beleza em meio à incerteza. Mas a imagem de Ana e o olhar que lhe dirigira permaneceram, uma marca indelével em sua mente.

Os sonhos daquela noite, no entanto, seriam perturbados. Enquanto descansava, uma série de imagens dançava em sua mente. Yury a convidando para se juntar à alcateia Lua Negra, uma oferta de pertencimento que parecia tentadora. Ana, em um fundo distorcido, a observando com um olhar de julgamento e desaprovação. Em meio a isso, Theodore e Klaus surgiam como protetores, oferecendo segurança e a promessa de uma conexão genuína.

Ruby se virou na cama, confusa e inquieta. O destino ainda estava em jogo, e sabia que qualquer passo em falso poderia ter consequências diretas não apenas sobre si mesma, mas sobre todos ao seu redor.

Quando a madrugada finalmente chegou, Ruby se levantou decidida. Precisava descobrir mais sobre Yury e Ana. Tinha o direito de entender as histórias que cercavam aquelas almas enigmáticas. A floresta poderia esconder segredos que podiam mudar tudo — e ela estava disposta a descobri-los.

Ruby resolveu que, ao invés de temer o desconhecido, ela enfrentaria a situação de frente. A vida a ensinou que, mesmo na confusão, sempre havia um caminho a ser trilhado. E com isso em mente, ela se preparou para o que estivesse por vir, determinada a explorar os laços que a uniam a Yury e entender a complexidade da relação entre ele e Ana.