🍁CAPÍTULO 38🍁

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🍁Matteo

O som dos aplausos ainda ecoava em minha mente enquanto eu caminhava pelo terminal do aeroporto, o peso da medalha pendendo no meu peito como um símbolo tangível de tudo o que eu havia conquistado. A turnê nacional de vôlei tinha sido uma montanha-russa de emoções - intensa e exaustiva, sim, mas também uma experiência que, de certa forma, salvou a minha vida. Cada jogo, cada saque, cada vitória foi como um passo em direção à recuperação de pedaços de mim mesmo que eu acreditava terem sido perdidos para sempre.

Havia uma sensação de triunfo no ar quando desembarquei, o mundo ao meu redor parecia mais nítido, mais vívido. Eu estava retornando de uma jornada que não apenas me testou fisicamente, mas também me ajudou a reencontrar a minha força interior. Os desafios que enfrentei na quadra não eram nada comparados à batalha interna que eu havia travado desde que tudo desmoronou. Agora, com o sucesso firmemente em minhas mãos e um salário que me proporcionaria uma vida confortável, era hora de enfrentar um desafio ainda maior: voltar para a universidade.

O campus parecia o mesmo de sempre - os prédios antigos, as árvores que balançavam suavemente ao vento, os grupos de estudantes que riam e conversavam nos pátios. Mas algo dentro de mim havia mudado profundamente. Eu sentia que os piores fantasmas que me assombravam já não estavam mais ali. Jackson e Matias, as sombras que haviam transformado minha vida em um pesadelo, não faziam mais parte daquele lugar. Eles se formaram, seguiram em frente, e saber disso trouxe um inesperado alívio. Contudo, a presença de Thalys ainda pairava sobre mim, mas de uma forma diferente. Antes, pensar nele era como reviver uma ferida aberta, mas agora, era como uma cicatriz - um lembrete constante do que eu havia superado, mas que já não sangrava.

Ao pisar novamente nos terrenos familiares da universidade, senti os olhares caindo sobre mim, alguns curiosos, outros carregados de julgamento. Os boatos sobre o que aconteceu entre mim e Thalys não haviam morrido. Eles estavam lá, como sombras sussurrantes nos corredores, alimentando as conversas de pessoas que não tinham nada melhor para fazer do que perpetuar as fofocas. Mas algo dentro de mim havia se transformado. Onde antes eu teria sentido o peso da vergonha me esmagar, agora eu caminhava de cabeça erguida, determinado a não permitir que esses murmúrios afetassem o que eu havia conquistado.

Quando encontrei meus amigos, fui recebido com abraços apertados e sorrisos genuínos. O calor das boas-vindas me envolveu como um cobertor, trazendo um conforto que eu não sabia que precisava. Eles eram meu porto seguro, as pessoas que realmente importavam. Elliot estava lá, com aquele sorriso largo e sincero, me lembrando que nem todos haviam se afastado. Anne, sempre vibrante e cheia de energia, me puxou para um abraço apertado, sua presença enchendo meus pulmões de forças renovadas. Esses amigos foram a âncora que me manteve estável durante as tempestades mais violentas, e agora, mais do que nunca, eu sabia o quanto eles significavam para mim.

As aulas recomeçaram, trazendo consigo a rotina que eu sabia que precisava retomar. No início, foi difícil me concentrar - meus pensamentos vagavam entre as memórias dolorosas do passado e os momentos gloriosos da turnê. Havia dias em que a sala de aula parecia mais uma prisão, um lugar onde os ecos das fofocas e os olhares julgadores me seguiam para onde quer que eu fosse. Mas, com o tempo, fui encontrando o equilíbrio. As cicatrizes ainda estavam lá, claro, mas eu já não era o mesmo Matteo que havia deixado aquele campus meses atrás. Eu havia me tornado mais forte, mais resiliente, e acima de tudo, mais determinado a seguir em frente.

À medida que os dias se passavam, eu me envolvia cada vez mais nas aulas e nos projetos acadêmicos. Os desafios intelectuais eram um alívio bem-vindo, algo que me permitia focar no futuro em vez de me afundar no passado. Eu estava começando a construir algo novo, algo que não estava manchado pelas sombras do que aconteceu. O futuro agora parecia mais promissor do que nunca.

ENTRE ALFAS UM OMEGA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora