🍁CAPÍTULO 04🍁

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🍁Matteo

O dia na faculdade começou como qualquer outro, mas minha mente estava a mil desde o momento em que acordei. A agitação dentro de mim, aquela ansiedade que parecia nunca me abandonar, me empurrava para frente, como se algo estivesse prestes a acontecer a qualquer momento. Mesmo assim, decidi que seria um dia produtivo. Precisava me concentrar nos estudos e, para isso, a biblioteca era o melhor refúgio.

Após a última aula da manhã, onde o professor discorria sobre os meandros do Direito Constitucional, senti que minha cabeça estava a ponto de explodir com tanta informação. Fui direto para a biblioteca, onde o silêncio e a organização meticulosa das prateleiras sempre me traziam uma sensação de controle, algo que eu tanto ansiava na minha vida.

Escolhi uma mesa em um canto menos movimentado, perto de uma das janelas que davam para o jardim interno. A luz natural que entrava pelas grandes janelas era suave, o que tornava o ambiente perfeito para mergulhar nos livros. Abri meu laptop, organizei meus cadernos, e comecei a revisar o conteúdo da aula. Estudar sempre foi meu ponto de equilíbrio, a maneira que encontrei para manter o caos interior sob controle.

Perdi a noção do tempo enquanto me afundava em anotações e leituras. A biblioteca estava quieta, quase deserta, o que me deixava ainda mais imerso nos estudos. Aquele era meu momento de tranquilidade, onde o mundo parecia se reduzir às páginas dos livros à minha frente.

Foi então que senti algo estranho, um arrepio subindo pela minha espinha. Instintivamente, levantei os olhos do livro e vi Jackson e Matias entrando na biblioteca. Meu coração acelerou, e senti meu corpo enrijecer. Os dois, sempre juntos, pareciam estar à caça de algo. Ou de alguém.

Eles caminharam em direção a um canto mais reservado da biblioteca, mas, antes de encontrarem um lugar, seus olhos se fixaram em mim. Jackson, com seu porte atlético e semblante sempre confiante, e Matias, com seu olhar penetrante e expressão de frieza, ficaram me encarando. Era como se estivessem desafiando minha presença ali, como se eu fosse um intruso em território inimigo.

Eu sabia que aquele olhar sério, quase intimidador, não era por acaso. Eles sempre faziam isso, mas naquele momento, parecia diferente. Era como se estivessem calculando seus próximos passos, e eu era o alvo.

Respirei fundo, tentando manter a calma, mas o desconforto era esmagador. Senti meu estômago revirar, e uma onda de irritação tomou conta de mim. Por que eles simplesmente não me deixavam em paz? Fechei meu livro com um pouco mais de força do que pretendia, o barulho ecoando na biblioteca silenciosa. Levantei-me rapidamente, guardando minhas coisas com movimentos rápidos e decididos.

Sem olhar para trás, saí da biblioteca. Precisava sair dali antes que aquele sentimento de claustrofobia me engolisse por completo. Minhas mãos estavam suadas, e o nó na garganta era quase insuportável. Aquele lugar que antes era meu refúgio agora parecia apertado, opressivo.

Fui direto para o ponto de ônibus, desejando desesperadamente chegar em casa. Só neste exato momento é que eu percebo que simplesmente esqueci da existência de Maycon, eu havia ficado certo com ele de irmos embora juntos. Pego meu celular e vejo as inúmeras mensagens e chamadas dele, porém todas silenciadas porque havia ativado o modo avião antes de entrar na biblioteca. Dou um tapa na minha testa por isso. Meu coração ainda estava acelerado, e a sensação de estar sendo observado não me abandonava. Quando finalmente alcancei o ponto, percebi que estava sozinho. A rua estava estranhamente deserta, e o silêncio ao meu redor era perturbador.

A noite caía lentamente, e as sombras se alongavam pelas ruas. As luzes dos postes piscavam de forma irregular, como se estivessem prestes a apagar. O ponto de ônibus ficava em uma rua que eu nunca considerei particularmente perigosa, mas, naquele momento, parecia ter saído de um pesadelo. Senti um frio na barriga, um aviso silencioso de que algo não estava certo.

ENTRE ALFAS UM OMEGA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora