🍁CAPÍTULO 32🍁

789 84 15
                                    

Matteo

Depois de uma noite perturbada e mal dormida, acordei com um peso no peito que parecia aumentar a cada segundo. As perguntas que invadiam minha mente sobre o processo que envolvia minha família com os Gastón e os Jackson não me davam descanso. Estava com pressa de concluir a leitura, mas o cansaço me venceu na madrugada, fazendo com que eu dormisse em cima das folhas que, agora, estavam amassadas sob mim.

Levantei-me rapidamente, sentindo a urgência de proteger aquele calhamaço de documentos antes que minha mãe o visse. Ela passaria o dia em casa, e eu sabia que seria impossível esconder algo assim dela. Pulei da cama, corri para o banheiro e tomei um banho rápido, deixando a água quente tentar aliviar a tensão que tomava conta do meu corpo.

Após o banho, vesti uma roupa qualquer, enfiei outra muda na mochila e decidi que precisava sair de casa. A universidade seria o lugar perfeito para continuar minha investigação. Lá, poderia ler os documentos em paz e, se necessário, pesquisar mais sobre o que estava acontecendo. Além disso, como era final de semana, sabia que teria as piscinas olímpicas só para mim, o que me daria um pouco de alívio depois de toda essa tensão.

Desci as escadas apressadamente, tentando não fazer barulho para não chamar a atenção de minha mãe. Passei pela cozinha e percebi que ela ainda estava no quarto, provavelmente se arrumando para o dia. Peguei as chaves da minha moto recém-comprada, fruto do prêmio dos jogos de vôlei, e saí de casa com a cabeça a mil.

Enquanto dirigia em direção à universidade, as lembranças dos dois alfas brutais não saíam da minha mente. Os rostos de Matias e Jackson me perseguiam, assim como suas investidas para retomar uma amizade que, para mim, já havia sido destruída há muito tempo. Lembrei-me das palavras de Jackson no banheiro da boate e do olhar de Matias na livraria, aquele olhar cheio de desejo e intenções que eu não sabia como lidar.

Estacionei a moto perto da biblioteca e desci, acenando para os seguranças na entrada. Depois de deixar minha mochila na recepção, escolhi uma mesa afastada, num canto discreto, onde ninguém me incomodaria. Coloquei o calhamaço de documentos sobre a mesa e abri meu notebook, pronto para mergulhar em mais uma sessão de leitura intensa.

As horas passaram sem que eu percebesse, e a cada página lida, mais perplexo eu ficava. Descobri que, quando meu pai decidiu largar sua carreira de empresário e treinador de futebol americano para entrar na política, ele nomeou Phillip Jackson, o pai de Jackson, como seu procurador. Phillip tinha uma banca de advocacia prestigiada, que contava com a participação de Thomás Lurts, pai de Katerinne Lurts, a conservadora candidata a representante universitária, e antiga namorada de Matias. Era impressionante como todas essas pessoas estavam interligadas de forma tão profunda.

Alguns anos antes de seu assassinato, meu pai assinou duas apólices de seguro de vida, transferindo 70% do nosso patrimônio para Matias e Jackson, caso ele morresse antes de eu completar 18 anos. Se ele não morresse, pagaria as parcelas como qualquer seguro comum. Mas, como todos sabemos, ele foi assassinado por motivos políticos, e isso gerou uma dívida acrescida de 30% a ser paga pela seguradora.

- Por que papai fez isso? - Perguntei a mim mesmo, incrédulo. - Por que ele assinaria algo assim sem consultar mamãe?

Era incompreensível. Quando mamãe descobriu que muitos de nossos bens e contas bancárias estavam bloqueados, ela foi atrás de respostas e soube sobre o seguro. Enfurecida, processou os Jackson e os Gastón, alegando que tudo não passava de uma fraude arquitetada por Phillip e Lurts para se apoderarem do nosso patrimônio.

O processo se arrastou por oito longos anos, com várias decisões e apelações, até que um depoimento crucial mudou tudo. Um antigo amigo de confiança de minha mãe, que estava prestes a testemunhar contra os Jackson e Gastón, voltou atrás em seu testemunho, alegando que meu pai estava plenamente consciente quando assinou o seguro. Aquela foi a última pá de terra sobre o caso, e o tribunal superior indeferiu o pedido de minha mãe.

ENTRE ALFAS UM OMEGA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora