ENTRE ALFAS UM OMEGA [CONCLUÍDO]

🍁CAPÍTULO 12🍁

Matteo

O sol mal tinha surgido no horizonte quando acordei, ainda grogue e exausto. A noite havia sido um turbilhão de caos e confusão. Sonhos perturbadores me assombraram, misturando memórias antigas com as recentes turbulências. O soco que dei em Matias, as palavras cortantes que saíram da minha boca, e a expressão de dor em seu rosto... Tudo isso se repetia na minha mente como um filme ininterrupto, uma tortura que eu não conseguia parar de assistir. Meus músculos doíam, e não era apenas pelo treino de vôlei. Era uma dor mais profunda, um peso esmagador que me pressionava o peito e dificultava cada respiração.

Meu corpo estava febril, carregado de um desânimo que parecia me prender à cama. Finalmente, forcei-me a sair e fui em direção ao espelho. O que vi me chocou. A imagem que ele refletia era um retrato de exaustão. Minhas olheiras estavam profundas, a pele pálida como uma folha e pequenas bolinhas vermelhas, como manchas de uma reação alérgica, estavam espalhadas pelo meu corpo. Parecia que eu havia passado por uma noite de terror. O que estava acontecendo comigo?

Decidi que precisava de um banho quente para tentar relaxar e afastar a sensação de mal-estar. Entrei na banheira e deixei a água quente envolver meu corpo, tentando me acalmar e esquecer as imagens perturbadoras que ainda giravam na minha mente. Pensei em mamãe e Missy, que sempre iam à igreja aos domingos de manhã. Já passava das oito e meia, e eu estava certo de que elas estariam fora, então, provavelmente, estava sozinho em casa.

Minha mente vagou para as amizades que havia feito nos últimos meses: Maycon, Melissa, James... Eles eram realmente especiais. De repente, uma ideia surgiu: um piquenique no parque seria uma forma perfeita de relaxar e me distrair.

Saí da banheira, me enxuguei e voltei a me olhar no espelho. Embora ainda estivesse um pouco pálido, parecia que a água quente tinha aliviado um pouco meu mal-estar. Sequei meu cabelo e o aroma doce do meu hidratante de morango preencheu o quarto, algo que eu sempre achava reconfortante. Enquanto me preparava, algo me chamou a atenção. Meu corpo estava diferente... mais atraente, eu diria. Meu quadril estava mais definido, minha cintura mais fina, as costas mais esculpidas e os braços um pouco mais musculosos. Um sorriso escapuliu dos meus lábios, mas logo se desfez quando percebi algo estranho.

Uma marca vermelha, sutil mas visível, estava aparecendo logo abaixo do meu umbigo, em direção ao baixo ventre. Olhei com mais atenção e percebi uma marca idêntica na nádega direita. Como se não bastasse, uma nova mancha estava começando a surgir na parte superior da minha coxa, perto da virilha.

- Mas que porra é essa? - murmurei para mim mesmo, enquanto tocava as marcas com um misto de curiosidade e apreensão. Eram pequenas, quase como se fossem tatuagens temporárias, mas eu tinha certeza de que não estavam ali ontem. Olhei mais uma vez para o espelho, tentando encontrar uma explicação lógica, mas nada vinha à mente. Decidi que era melhor não pensar muito nisso por agora. Enxuguei o restante da água e me vesti, tentando deixar esses pensamentos de lado.

Na cozinha, encontrei o café da manhã pronto e um bilhete de mamãe. Ela estava na igreja com Missy e, ao me ver dormindo abraçado ao meu ursinho Toddy, decidiu não me acordar. Sorri para mim mesmo, um pouco envergonhado. Desde a morte de papai, Toddy era meu companheiro constante, um presente que ele me dera pouco antes de partir. Sentir a presença de Toddy era como receber um abraço reconfortante do meu pai.Mas, apesar da sensação de segurança momentânea, eu precisava lidar com a tristeza que começava a se acumular. Peguei o celular e gravei um áudio para o grupo dos melhores amigos.

- Bom domingo, seus safados! Que tal fazermos um piquenique no parque hoje?

Enviei o áudio e, em seguida, lembrei que precisava informar ao treinador que não poderia ir ao treino hoje. Liguei para o velho Sr. Barney e expliquei que estava doente. Ele entendeu imediatamente e me pediu para informar ao novo treinador, seu filho, Thalys Barney.

Enquanto adicionava o contato de Thalys, o grupo de amigos estava inundado de mensagens animadas sobre o piquenique. Adicionei o contato de Thalys e quase tive um colapso quando vi sua foto de perfil. Ele era um verdadeiro partidão: ruivo, forte, com um sorriso deslumbrante. Respirei fundo e enviei uma mensagem de apresentação.Poucos minutos depois, recebi uma resposta:

- Tudo bem, campeão. Melhore para a próxima partida e esteja invencível. Precisamos do seu ataque!

A resposta de Thalys me surpreendeu. Seu carisma era palpável, e eu não pude deixar de me sentir animado com a ideia de conhecê-lo melhor. Enquanto guardava o celular, tentei controlar a euforia que estava crescendo dentro de mim. Era curioso como uma simples mensagem poderia transformar meu estado de espírito. Com o restante da manhã passando devagar, arrumei algumas coisas para levar ao piquenique - sanduíches, frutas e bebidas. Enquanto preparava tudo, minha mente não conseguia deixar de imaginar como seria o encontro.

Finalmente, quando terminei de preparar tudo, percebi que ainda tinha tempo antes do piquenique. Subi para o meu quarto e, deitado na cama, voltei a verificar as mensagens com Thalys. A cordialidade nas palavras dele era reconfortante, mas também me fazia questionar o que ele realmente pensava. Meu celular vibrou novamente. Era uma mensagem de mamãe, dizendo que ela iria ficar mais tempo na igreja devido a um jantar beneficente. Respondi tranquilamente, dizendo que estava indo com meus amigos e que estava tudo bem.

Depois de comer meu almoço sozinho, escutando músicas dos anos 90, me arrumei para o piquenique. Escolhi uma roupa casual, mas bem escolhida, querendo causar uma boa impressão, mesmo que não admitisse isso para mim mesmo. Olhei para o espelho e fiquei satisfeito com o que vi. As marcas vermelhas ainda estavam visíveis, mas pequenas o suficiente para não causarem grande preocupação.

Peguei as coisas que tinha preparado e coloquei na mochila. Descendo as escadas, senti a expectativa crescendo. O piquenique era uma oportunidade para relaxar e explorar esses novos sentimentos que começavam a surgir em mim. Eu sabia que o dia de hoje seria importante, mesmo que ainda não soubesse exatamente por quê.

Continua...