🍁CAPÍTULO 60🍁

378 42 14
                                    

🍁Matteo

As férias de meio de ano finalmente chegaram, e o alívio tomou conta de mim. Eu precisava de uma pausa. A correria da universidade, a pressão das eleições, os treinos de vôlei e, claro, a montanha-russa emocional com Jackson e Matias me deixaram exausto. Agora, com os dias livres pela frente, era hora de desacelerar.

Estávamos todos na casa de Jack, que havia nos convidado para passar a semana por lá. O lugar tinha uma energia incrível, cercado por árvores, longe do caos urbano. Era o refúgio perfeito.

- Cara, tô precisando disso! - comentei, jogando-me no sofá da sala, enquanto Matias preparava algo na cozinha. Jackson estava no quintal, deitado em uma espreguiçadeira, com os olhos fechados. Ele ainda não estava 100%, mas parecia mais calmo.

- Sabe, vou fazer guacamole. E você vai provar, porque a última vez eu vi que você só fingiu gostar! - Matias apareceu com um sorriso malandro no rosto.

- Eu não fingi! Só achei... interessante - brinquei, sabendo que ele sabia a verdade.

Matias soltou uma gargalhada.

- Essa foi a resposta mais diplomática que eu já ouvi. Mas hoje, vou te fazer mudar de ideia.

Enquanto ele continuava na cozinha, fui até o quintal, onde Jackson parecia estar em um universo à parte.

- Tá tudo bem? - perguntei, sentando ao lado dele.

Ele abriu os olhos lentamente e olhou para mim. Havia uma tranquilidade em seu olhar que eu não via há muito tempo.

- Tô bem, sim. Só... pensando em tudo que rolou nesses últimos meses - ele respondeu, com a voz suave. - Foi um turbilhão, né?

Assenti, porque sabia exatamente o que ele queria dizer. Nossas vidas haviam se transformado de formas que eu nunca imaginei. Sentia que estávamos mais unidos do que nunca, mas também mais frágeis, como se qualquer coisa pudesse nos desmontar.

- Mas olha só, agora é só relaxar. Vamos aproveitar as férias e esquecer do resto, pelo menos por alguns dias - tentei animá-lo, colocando minha mão sobre a dele.

Jackson sorriu de lado, mas o sorriso era real. Era um começo.

Voltamos para dentro e encontramos Matias com uma mesa repleta de comida. Ele estava no meio da sala, com os braços abertos como se estivesse apresentando uma obra de arte.

- Bem-vindos ao paraíso culinário! - ele disse, exagerando no sotaque mexicano para nos fazer rir.

- Isso tá com uma cara muito boa, hein? - elogiei, já sentindo o cheiro delicioso que tomava conta do ambiente.

- E a guacamole vai fazer você me pedir desculpas por aquele comentário, hein! - ele acrescentou, com uma piscadela.

Nos sentamos à mesa e começamos a comer. O ambiente estava leve, cheio de risadas e piadas, especialmente de Matias, que sempre sabia como nos fazer rir mesmo nos momentos mais tensos. Jackson, embora ainda um pouco reservado, estava se abrindo mais a cada dia, o que me trazia um conforto enorme.

- E aí, já pensaram no que vão fazer nessas férias? Além da nossa foda viagem à Califórnia - perguntei, entre uma mordida e outra.

- Eu só quero dormir, mano - Matias respondeu, com a boca cheia de nachos.

- Eu tô pensando em fazer uma trilha, quem sabe... - Jackson murmurou, ainda pensativo.

- Trilha? - levantei uma sobrancelha, surpreso. - Olha, isso seria bom. Sair um pouco, espairecer. A gente pode ir junto.

Jackson acenou positivamente, mas sem muita certeza. Passamos a tarde comendo, rindo e planejando os próximos dias. Nada muito elaborado, porque o objetivo era relaxar, mas sabíamos que esses momentos juntos seriam importantes. As férias haviam começado, e, mesmo que tudo ainda estivesse um pouco incerto, eu sentia que estávamos exatamente onde deveríamos estar.

- Ah, esqueci de uma coisa - Matias disse, levantando-se da mesa de repente.

- O que foi? - perguntei, curioso.

- Vocês dois precisam de mais amor. E eu sou a solução! - Ele veio correndo até mim e Jackson, nos puxando para um abraço em grupo. Nós rimos e, por um momento, senti que tudo estava realmente bem.

A tarde estava quente, e o sol parecia ainda mais intenso naquela casa rodeada pela natureza. Depois de algumas horas relaxando, senti uma vontade imensa de me refrescar. A piscina azul brilhava sob o sol, quase me chamando.

Fui até meu quarto, abri a minha bolsa e peguei a única sunga que tinha levado: uma vermelha, simples, mas que contrastava forte com minha pele clara. Me olhei rapidamente no espelho, ajeitando a peça, e sorri para mim mesmo. Não era sempre que me sentia tão confiante, mas naquele dia, eu estava disposto a me divertir e esquecer as preocupações.

Saí do quarto e caminhei até a área da piscina. Matias e Jackson estavam sentados à mesa do lado de fora, conversando sobre algo que eu não consegui ouvir. Quando cheguei mais perto, percebi que os dois pararam de falar e me olharam com um misto de surpresa e diversão.

- Olha quem tá pronto pra dar um show na piscina! - Matias brincou, rindo ao me ver com a sunga vermelha. - Cuidado, Jackson, o homem tá perigoso hoje.

Jackson olhou de canto de olho, tentando disfarçar um sorriso.

- Acho que alguém quer ser o centro das atenções - ele murmurou, ainda com aquele sorriso discreto.

Revirei os olhos, rindo.

- Vai me dizer que vocês não estão com calor? Essa piscina tá pedindo, mano! - provoquei, caminhando até a beira.

Senti o calor dos raios de sol em minhas costas e, sem hesitar, mergulhei de cabeça na água. O impacto com a água gelada foi instantâneo, um choque refrescante que percorreu meu corpo. Quando voltei à superfície, sacudi o cabelo e virei para eles.

- Tá perfeito aqui! Vocês vão ficar só olhando mesmo? - provoquei, nadando até a borda.

Matias se levantou, rindo, e começou a tirar a camiseta.

- Quer saber? Vou te fazer companhia! - disse ele, logo tirando também o short e revelando a sunga preta.

Jackson, por sua vez, ficou sentado, com os braços cruzados, observando.

- Não acredito que vou ser o único sensato aqui - ele comentou, mas havia um brilho nos olhos dele que entregava o quanto ele estava gostando de nos ver assim, livres e felizes.

Matias mergulhou de maneira exagerada, espalhando água para todos os lados e me fazendo rir. Ele subiu à superfície rapidamente, passando a mão pelos cabelos molhados e, claro, fazendo piadas.

- Tá achando o quê, Matteo? Essa piscina agora é território mexicano! - ele exclamou, nadando ao meu redor e me empurrando levemente com o ombro.

- Ah, é? - perguntei, entrando na brincadeira e jogando um pouco de água nele. - Vai ter que lutar pelo território!

Começamos uma pequena guerra de água, rindo e empurrando um ao outro, até que finalmente paramos, exaustos, e nos encostamos na borda da piscina, respirando fundo.

- Isso é vida - Matias murmurou, olhando para o céu. - Agora, só falta o Jackson pra ficar perfeito.

Olhei para Jackson, que ainda nos observava de longe, sorrindo de canto.

- Ei, Jackson, vai ficar aí ou vai se juntar à gente? - chamei, tentando convencê-lo.

Ele suspirou, balançando a cabeça, mas levantou-se devagar. Enquanto ele caminhava até a beira da piscina, Matias e eu trocamos olhares cúmplices, prontos para o que vinha a seguir.

- Eu vou, mas sem essas palhaçadas de jogar água - avisou ele, tirando a camiseta.

Quando Jackson entrou na água, senti a atmosfera ficar mais leve, como se tudo se encaixasse perfeitamente. Nadamos um pouco, brincamos debaixo d'água, e o calor que antes parecia insuportável agora era apenas um detalhe esquecido.

- Acho que isso era exatamente o que a gente precisava - comentei, deitado de costas na água, deixando meu corpo flutuar enquanto olhava para o céu azul.

Matias concordou com um aceno de cabeça, e Jackson, do seu jeito mais reservado, apenas deu um sorriso discreto. Ali, na piscina, com o sol brilhando, os risos ecoando e o som suave da água ao nosso redor, parecia que, por um momento, o mundo era só nosso.

Continua...

ENTRE ALFAS UM OMEGA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora