🍁CAPÍTULO 43🍁

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🍁Matteo

Hoje era o grande dia. O dia em que eu e Katerinne Lurts nos enfrentaríamos num debate que prometia ser decisivo para a eleição. Eu sabia que essa era minha chance de virar os votos necessários para vencer. E eu teria que vencer. Ao vestir o terno, um frio tomou conta de mim, mas foi rapidamente substituído por uma onda de fogo. Era coragem. Coragem para não recuar, para confrontar Katerinne e o sistema opressor que colocava ômegas sob o domínio dos alfas. Coragem para ser eu mesmo e mostrar a todos quem eu poderia ser por eles.

Enquanto ajustava a gravata diante do espelho, uma série de imagens passava pela minha mente. O rosto de Thalys, a humilhação que sofri, o bullying que presenciei, a força que encontrei em mim mesmo. A cada lembrança, minha determinação crescia. Isso não era só sobre uma eleição; era sobre mudar a maneira como as pessoas viam uns aos outros, sobre quebrar ciclos de opressão e preconceito.

Desci as escadas, pronto para a batalha, e encontrei minha mãe já arrumada, esperando por mim com um olhar de orgulho. Missy, minha irmãzinha, era muito jovem para nos acompanhar, então ficaria com a babá. Anne estava ao nosso lado, seu apoio silencioso, mas inabalável, era algo que eu valorizava profundamente. Entramos no carro de minha mãe e seguimos para a universidade. A tensão no ar era palpável, a noite carregava promessas.

Quando chegamos, a quadra da universidade estava lotada. O público nos aguardava ansiosamente. Senti uma mistura de excitação e nervosismo, mas principalmente, estava pronto. À medida que caminhávamos pelo campus, entrei em meio à multidão. Muitos estenderam as mãos, e eu as apertei com um sorriso sincero, mostrando que estava ali para eles. No entanto, também havia vaias, algumas bem estridentes. Mas eu já esperava por isso. Entre os que vaiavam, notei Alex, o brutamontes que já havia me intimidado no passado, liderando um coro de ódio. Ignorei suas provocações; minha batalha não era com ele, e sim com algo muito maior.

Deixei minha mãe e Anne com meu grupo de campanha, que já estava a postos. O reitor e o diretor da universidade nos cumprimentaram com formalidade. Subi ao palco sob os aplausos e vaias, divididos entre as duas seções do público. De um lado, meus apoiadores gritavam meu nome com fervor, enquanto do outro, os radicais ecoavam insultos. Mas, ao olhar para o centro da quadra, vi o público que eu realmente precisava conquistar. Eram os indecisos, os neutros. Aqueles que nem me vaiavam nem me aplaudiam, mas observavam com atenção.

Então, Katerinne chegou. O ambiente foi tomado por uma onda de aplausos. Ela era a favorita, disso ninguém duvidava. Ao subir no palco, seu andar era confiante, quase altivo. Ela sabia o peso de sua posição. Nos encaramos por um breve momento, olho no olho, e senti a tensão aumentar. O mediador começou a falar sobre as regras do debate, mas eu já estava focado na estratégia. Precisaria ser cirúrgico, aproveitando qualquer falha de Katerinne.

Ela foi a primeira a falar. Seu discurso era bem construído, a confiança transbordava em cada palavra, mas as ideias... ah, as ideias eram absurdas. Elitismo, conservadorismo extremo, uma visão de mundo que ignorava tudo o que eu defendia. Assim que ela terminou, retirei o microfone do púlpito e comecei a andar pelo palco. Minha voz saiu forte, cheia de determinação, e enquanto eu falava, sentia que cada palavra reverberava pela quadra como uma doce poesia.

— Estamos aqui nesta noite para decidir que futuro queremos para a nossa universidade — comecei, caminhando de um lado a outro, meu olhar fixo no público. — Para a nossa casa! Eu lhes ofereço uma chance de construirmos um futuro inclusivo, seguro, onde cada um possa amar e ser amado, sem ser privado de seus direitos pela violência e preconceito. Um futuro onde negros e brancos sejam tratados como iguais. Um futuro onde as pessoas não sejam julgadas pela aparência, mas pelo caráter!

As palmas começaram a crescer, especialmente à minha esquerda, onde estavam meus apoiadores. Mas era o centro que eu queria.

— Um futuro sem violência de qualquer ordem, onde os agressores não sejam protegidos, mas sim responsabilizados! — continuei, aumentando a intensidade da minha fala. — Um futuro onde a casa dos agressores não seja a universidade, mas a cadeia!

ENTRE ALFAS UM OMEGA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora