🍁CAPÍTULO 53🍁

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Mamãe e o Matteo na mídia, que coisa fofinha!

🍁Matteo

Já passavam das três da manhã. O cheiro de antisséptico e o silêncio opressor do pronto-socorro me envolviam, enquanto eu observava Jackson deitado na cama, pálido, quase como um fantasma. Ele estava vivo, mas só por um milagre. Minha cabeça estava uma bagunça, e o peso da culpa parecia esmagar meu peito. A dor que eu sentia não era só por vê-lo ali, mas por saber que, de alguma forma, eu tinha contribuído para isso.

Eu olhava para o loiro à minha frente, o alfa mais bonito que já conheci, e as lágrimas começaram a escorrer sem que eu pudesse impedir. Eu tentava manter a compostura, mas as emoções me dominavam. Sabia que Jackson estava sofrendo, e o pior é que eu era o motivo desse sofrimento. Afastar-me dele e de Matias parecia a escolha certa na época, mas agora... Agora, eu me perguntava se eu tinha matado uma parte dele ao tomar essa decisão. Será que ele se sentiu rejeitado? Será que a falta de um vínculo completo foi o que o levou a essa situação?

Quando o médico entrou e disse que ele havia escapado da morte por pouco, o meu coração desabou. Ele perguntou se Jackson tinha passado por algum estresse ou contrariedade recente, e foi aí que a verdade cruel me atingiu como um soco. A rejeição. Eu o rejeitei, mesmo que sem querer, e isso o quebrou. Talvez fosse isso que estivesse matando-o por dentro.

Olhei ao redor do quarto, esperando ver alguém da família dele, alguma figura que viesse apoiar, que mostrasse amor e cuidado. Mas não havia ninguém. Absolutamente ninguém. Ninguém apareceu para oferecer conforto, nem mesmo para perguntar sobre seu estado. Como alguém pode viver sem o amor da própria família? Aquilo me fez sentir uma dor ainda mais profunda por ele. Jackson estava ali, vulnerável, ferido, e sozinho. Eu queria segurá-lo, dizer que tudo ficaria bem, que eu estava ali, mas será que ainda havia espaço para mim depois de tudo isso?

Enquanto minha mente se afogava em questionamentos, tentando entender o que poderia ter levado Jackson a algo tão extremo, eu decidi levantar e buscar um café. A noite seria longa, e eu precisava de algo para me manter de pé. Matias, o mexicano, havia ido ao departamento de finanças do hospital para resolver as despesas e garantir que nenhuma informação vazasse para a mídia. Envolto em pensamentos catastróficos, segui pelo corredor vazio. O som dos meus passos ecoava no silêncio do hospital, e tudo parecia ainda mais desolador.

Cheguei à máquina de café, mas, ao enfiar a mão nos bolsos, percebi que não tinha trazido dinheiro. Não que o café fosse a questão, claro. Suspirei, derrotado, e me sentei em um banco ao lado. Apoiei a cabeça nos joelhos e deixei as lágrimas fluírem mais uma vez. Não era pela falta de café. Era pela dor. Pela tristeza sufocante que invadia meu peito. A dor de Jackson, mesmo inconsciente, parecia vazar dele e inundar a mim, como se estivéssemos conectados, partilhando o mesmo sofrimento. A dor da dúvida em saber se a minha covardia foi a coragem dele para atentar contra a própria vida.

Perdido nesse oceano de tristeza, ouvi passos rápidos pelo corredor. Achei que fosse uma enfermeira e, sem vontade de interagir, mantive a cabeça baixa, mergulhado na minha dor. De repente, senti uma mão gentil nos meus cabelos, acariciando-os com um toque dedicado e familiar. Levantei o rosto, surpreso, e me deparei com uma mulher loira à minha frente. Ela estava bem vestida, com olhos marejados e um olhar de preocupação que só uma mãe poderia ter.

Era ela. Minha mãe.

Eu não disse nada. Apenas a abracei, apertado, como se aquele gesto pudesse expulsar toda a dor que eu sentia. As lágrimas caíram mais intensamente agora, não só de tristeza, mas de alívio. Ela tinha vindo. Apesar dos conflitos, da distância que surgiu entre nós nos últimos dias, o amor de mãe falou mais alto. No meio das trevas em que eu estava, ela era a luz que eu precisava. E, naquele momento, eu sabia que, de alguma forma, com ela ao meu lado, eu iria conseguir atravessar essa escuridão.

ENTRE ALFAS UM OMEGA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora