🍁CAPÍTULO 30🍁

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🍁Matteo

O fim de novembro chegou rápido demais. As semanas que antecederam as férias de inverno pareciam se arrastar como areia movediça, me sugando lentamente para um estado de confusão e desespero que eu não conseguia entender. No passado, a proximidade das férias me trazia entusiasmo e planos, mas agora, havia apenas um vazio.

Eu costumava sonhar em passar as férias com Thalys, viajando para algum lugar remoto onde só estivéssemos nós dois, longe das preocupações e das expectativas. No entanto, agora, esse sonho parecia distante. As coisas entre nós haviam mudado. Não brigamos, não discutimos, mas também não havia mais aquela paixão, aquele fogo que antes consumia nosso relacionamento. Era como se tivéssemos nos tornado estranhos, presos em um ciclo de cordialidade que não fazia jus ao amor que um dia sentimos.

Enquanto esses pensamentos giravam na minha mente, me vi de frente para o maior desafio do semestre: a última prova. Sentei-me na sala de aula, o ambiente silencioso amplificando a pressão que sentia. Eu sabia que essa prova era decisiva. As perguntas estavam lá, me encarando, desafiando minha capacidade de raciocínio. Cada questão parecia mais difícil que a anterior, e eu percebi, com um aperto no coração, que não estava preparado. A correria dos treinos e dos jogos estaduais de vôlei havia me afastado dos estudos, e agora, isso estava cobrando seu preço.

As horas passaram rapidamente, e quando dei por mim, eu era o último a entregar a prova. Sentia o peso do fracasso iminente, e o desespero se instalava em meu peito como uma âncora. Precisava saber onde estava errando, então me aproximei da professora, Sra. Molle, enquanto ela corrigia minha prova. Cada linha que ela riscava, cada suspiro de desaprovação, era como uma facada na minha autoconfiança. Quando nossos olhares finalmente se cruzaram, eu soube que o veredicto não seria favorável.

- Senhor Walz! - A voz dela era fria e cortante. - Essa foi a sua prova mais desastrosa até agora. Nem sei como você vai sair do primeiro ano da faculdade. O que pensa que está fazendo? Você errou até as questões mais fáceis! O que houve com você?

Senti um nó na garganta, as lágrimas ameaçando escapar. Queria me justificar, explicar que os treinos haviam consumido meu tempo, mas sabia que isso não seria suficiente.

- Sra. Molle, eu... estive ocupado com os treinos e os jogos de vôlei... Acabei me perdendo nas provas. Por favor, me perdoe. Isso não vai mais acontecer, eu prometo! - Minha voz tremia, refletindo o desespero que sentia.

Ela balançou a cabeça, claramente desapontada.

- Isso é inaceitável! Injustificável! Você está aqui para se formar como advogado, juiz, promotor, ministro... ou qualquer coisa na área do direito. Não um simples e pacato jogador de vôlei! - Suas palavras foram como um soco no estômago, porque, de certa forma, eu sabia que ela estava certa.

Meu coração se apertou ainda mais. Precisava de uma segunda chance, qualquer chance, para corrigir o erro.

- Por favor, me dê uma segunda chance! O que posso fazer para recuperar a nota? - Perguntei enquanto ela arrumava suas coisas, pronta para sair da sala.

Ela suspirou, claramente frustrada, mas também cansada.

- Nada, está reprovado! - As palavras dela me atingiram como uma sentença de morte. Nunca na minha vida eu havia reprovado em uma matéria, e a realidade desse fracasso era insuportável.

O desespero tomou conta de mim quando a vi se afastar, deixando a sala. As lágrimas finalmente caíram, e segui-a pelos corredores, ignorando o olhar curioso dos outros estudantes. Alcancei-a no estacionamento, enquanto ela guardava alguns documentos na mala do carro.

- Por favor, eu faço tudo, eu só preciso de uma chance! - Supliquei, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

Ela me olhou por um momento, com mais compaixão do que antes. Havia uma luta interna em seus olhos, e eu sabia que estava prestes a ceder.

ENTRE ALFAS UM OMEGA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora