🍁Matteo
As semanas que antecederam a competição estadual de vôlei foram um turbilhão de treinos, suor e uma determinação quase sobre-humana. Cada amanhecer era uma chance para melhorar, e cada anoitecer, um momento de refletir sobre o desempenho do dia. Eu sabia que o campeonato estadual seria o teste mais desafiador que já enfrentara, e estava disposto a dar tudo de mim para garantir que minha equipe conquistasse a vitória.
No dia do primeiro jogo, o ginásio estava abarrotado. O ar estava carregado de eletricidade, alimentado pelo clamor das torcidas que gritavam pelos seus times favoritos. A Universidade Estadual da Pensilvânia, a nossa casa, era o time a ser batido, e todos sabiam disso. Do banco, eu podia ver os rostos da minha mãe e da Missy entre a multidão, suas expressões de orgulho e apoio me enchendo de coragem. Não muito longe delas, notei alguns colegas de classe, incluindo Thalys, o treinador, que estava particularmente atento ao nosso aquecimento.
Assim que o apito soou para o início do primeiro jogo, todo o trabalho árduo dos treinos se converteu em movimento, em força, em tática. Cada ponto era uma batalha, cada saque, uma declaração de nossa vontade de vencer. A adrenalina me mantinha em alerta, e a cada ponto que conquistávamos, eu sentia a energia se acumulando em nosso time.
Os jogos continuaram ao longo das duas semanas, cada um mais difícil que o anterior. Alguns adversários pareciam ter estudado cada um dos nossos movimentos, mas isso não nos intimidava. Nossa força estava na união do time, na confiança mútua e no desejo compartilhado de alcançar a vitória. Houve momentos em que o cansaço quase me derrubou, mas a imagem da minha mãe e da Missy torcendo por mim era o que me mantinha firme.
A manhã do último jogo chegou envolta em uma névoa de antecipação e nervosismo. O sol mal havia se levantado, mas meu coração já estava acelerado, pulsando com a intensidade de tudo o que estava em jogo. Esse era o momento pelo qual eu e minha equipe havíamos nos preparado arduamente. Tudo se resumia a esse jogo, ao resultado que determinaríamos ali, em quadra.
Enquanto me dirigia ao ginásio, cada passo parecia mais pesado do que o anterior, carregado com o peso das expectativas e dos sonhos de todos. As ruas ainda estavam tranquilas, como se a cidade inteira estivesse segurando a respiração, esperando pelo desenrolar do que seria um dos jogos mais importantes das nossas vidas. Quando finalmente cheguei ao ginásio, senti a tensão no ar. O lugar, ainda parcialmente vazio, era um contraste com a tempestade emocional que se desenrolava dentro de mim.
O tempo antes do jogo foi um borrão de rituais e preparações. Vesti minha camisa com o número 10 gravado nas costas, ajustei minhas joelheiras e me aqueci ao lado dos meus companheiros de equipe. Todos nós compartilhávamos o mesmo olhar determinado, mas também a mesma ansiedade. Thalys, nosso treinador, reuniu-nos em um círculo, e com sua voz firme, porém encorajadora, ele nos lembrou que cada ponto daquele jogo era um passo em direção à nossa conquista. Ele nos disse para jogar com o coração, para deixar tudo o que tínhamos em quadra, e para confiar uns nos outros como nunca antes.
Quando finalmente entramos em quadra, o ginásio estava lotado. A arquibancada parecia uma maré humana, com torcedores segurando cartazes, bandeiras e gritando nossos nomes. O barulho era ensurdecedor, um rugido constante que fazia meu coração bater ainda mais rápido. Eu tentei focar, isolando-me da cacofonia ao redor, concentrando-me no que precisava ser feito.
O apito inicial soou, e o jogo começou. Desde o primeiro saque, ficou claro que nosso adversário não estava ali para perder. Eles eram fortes, rápidos e determinados, assim como nós. Cada movimento parecia uma dança perigosa, uma batalha de inteligência e reflexos. O tempo parecia se estender e contrair ao mesmo tempo, cada segundo carregado de tensão. Nossos movimentos eram quase automáticos, resultado de meses de treino incansável. Eu atacava, defendia, me jogava no chão sem hesitação, sempre tentando fazer o impossível para manter a bola em jogo.
O placar oscilava de um lado para o outro, e a pressão aumentava a cada ponto disputado. Em cada pausa, eu respirava fundo, tentando acalmar o coração que parecia prestes a explodir. O suor escorria pelo meu rosto, mas eu mal notava. Meu corpo funcionava no piloto automático, guiado pelo instinto, pela memória muscular e pela determinação.
Lembro-me de um momento específico, no terceiro set, quando o jogo estava empatado. A bola foi levantada para mim, e por um segundo, o tempo parou. Eu vi a quadra adversária se abrir, o bloqueio hesitar por uma fração de segundo. Saltei com toda a força que me restava, meu braço se esticou, e com um golpe preciso, enviei a bola direto para o chão do lado adversário. O som da bola tocando o piso ressoou como um trovão no ginásio, seguido pelo rugido ensurdecedor da torcida. Era um ponto crucial, um daqueles que mudam o curso de uma partida.
Mas o jogo estava longe de terminar. A resistência do adversário era formidável, e cada set parecia mais difícil do que o anterior. Chegamos ao último set, ambos os times exaustos, mas ninguém disposto a ceder. A tensão no ar era palpável, quase sufocante. Cada ponto era disputado com uma ferocidade que eu raramente havia visto antes. Os rostos dos meus companheiros de equipe refletiam o desgaste, mas também a determinação inabalável de quem não estava disposto a desistir.
Finalmente, chegamos ao ponto decisivo. Era match point, e o ginásio inteiro estava em pé. O barulho era ensurdecedor, mas, paradoxalmente, tudo o que eu ouvia era o som da minha própria respiração. A bola estava em jogo, e o rally que se seguiu foi um dos mais intensos que eu já havia experimentado. A bola voava de um lado para o outro, nenhum time disposto a cometer um erro.
Então, em um movimento rápido, um dos nossos levantadores enviou a bola para mim. Saltei, o tempo pareceu desacelerar mais uma vez. Eu podia ver a linha de bloqueio se erguendo do outro lado da rede, mas eu já sabia onde colocar a bola. Com um movimento rápido e preciso, desferi o golpe final, enviando a bola para um canto da quadra onde ninguém estava. Ela tocou o chão, e por um momento, o ginásio ficou em um silêncio quase surreal.
Em seguida, a explosão de sons e emoções foi avassaladora. Havíamos vencido. Havíamos conquistado o campeonato estadual.
O sentimento de realização foi indescritível. Todos nós nos abraçamos, rindo e chorando ao mesmo tempo, enquanto a torcida invadia a quadra para celebrar conosco. As câmeras, os flashes, tudo era um borrão, mas nada disso importava. O que importava era que, naquele momento, nós éramos os melhores. Fomos chamados ao pódio, e quando a medalha foi colocada ao redor do meu pescoço, senti um orgulho profundo, uma satisfação que poucas vezes experimentei na vida.
Quando finalmente desci do pódio, ainda tonto de alegria, olhei em direção à arquibancada e vi minha mãe e Missy. Suas expressões de orgulho me aqueceram por dentro. Elas sempre estiveram ao meu lado, sempre acreditaram em mim, e agora estavam ali, testemunhando minha maior conquista até então.
Mas não foram só elas que capturaram minha atenção. No meio da multidão, dois rostos se destacaram. Matias e Jackson, os dois alfas que sempre estiveram em um lugar complicado em minha vida, estavam lá, me aplaudindo. Havia algo em seus olhares que eu nunca tinha visto antes: respeito.
Esse foi o momento em que percebi que essa vitória significava muito mais do que eu havia imaginado. Não era apenas um troféu ou uma medalha; era a prova de que, com determinação e esforço, eu podia superar qualquer desafio. Eu poderia enfrentar meus medos, meus traumas e, eventualmente, encontrar paz com meu passado.
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ENTRE ALFAS UM OMEGA [CONCLUÍDO]
FanficO que acontece quando os caminhos de dois alfas heteros se cruzam com o de um ômega que eles tanto desprezaram? Descubra em uma história onde, apesar de todas as batalhas, o amor encontra seu caminho.