🍁CAPÍTULO 13🍁

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🍁Matteo

O sol ainda estava fraco quando saí de casa, com a mochila pronta e os pensamentos tumultuados. Era domingo e, como não havia ônibus disponíveis, eu teria que ir a pé para a reserva florestal onde encontraria meus amigos mais tarde. A caminhada seria longa, mas pelo menos seria uma chance para espairecer e talvez fazer as pazes com a minha própria mente.

Enquanto caminhava pelo bairro onde morava, comecei a prestar atenção nas casas ao meu redor. Eu nunca tinha notado o quanto elas eram bonitas e modernas. Como alguém formado em design, a estética das fachadas me fascinava. Cada casa tinha seu charme, desde os acabamentos em vidro até os jardins bem cuidados. O bairro era um verdadeiro deleite para os olhos de alguém que aprecia design e arquitetura.

Passei pela frente de uma casa em particular que me chamou a atenção. O jardim era imenso, com árvores frondosas e flores coloridas que contrastavam com a fachada cinza e escura da casa. A construção parecia imponente e, ao mesmo tempo, um pouco fria. Eu estava tão absorto na observação da casa que nem percebi os dois carros e uma moto que pararam em frente a ela.

Curioso, tentei espiar discretamente. Os carros eram de pessoas que eu conhecia da universidade, e a moto era de Jackson, um dos jogadores de futebol americano. Ele desceu da moto acompanhado por sua namorada, e dos carros saíram seus amigos, o grupo de sempre que andava em bando.

Enquanto tentava não parecer muito interessado, a porta da casa se abriu e Matias saiu. Ele estava completamente alegre, um contraste com o que eu havia visto ontem. Ele carregava uma caixa de bebidas e estava falando alto sobre uma festa ou algo do tipo.

Quando ele me viu, seu sorriso desapareceu instantaneamente. A expressão no rosto dele mudou para uma de vergonha e constrangimento. Eu sabia exatamente o que estava passando pela cabeça dele. Ele estava arrependido do que fez e temia que eu espalhasse a verdade sobre ele — um gay enrustido que adorava se esconder quando seus pais não estavam por perto. Ignorei-o e continuei meu caminho. Minha repulsa por esse tipo de comportamento me fez sentir uma onda de náusea. Era como se toda a hostilidade e preconceito que ele e seus amigos representavam fossem uma mancha em minha mente, que eu precisava limpar.

Finalmente, depois de uma caminhada cansativa, cheguei à reserva florestal. Vi meus amigos quase todos já reunidos em uma mesa. O alívio de encontrá-los me fez sorrir. Eles estavam ali, aproveitando o início de um belo dia. Eu os cumprimentei e, depois, partimos para a clareira que Maycon conhecia, um lugar especial perto de uma cachoeira.

Enquanto andávamos, o ar fresco da floresta encheu meus pulmões, trazendo uma sensação de renovação. Era como se cada passo que dávamos para dentro da floresta fosse um passo em direção a um novo começo. O ambiente ao nosso redor era sereno e lindo. Chegamos à clareira e nos sentamos sobre uma toalha que Melissa havia trazido. A conversa começou a fluir naturalmente, e logo o grupo estava imerso em fofocas e histórias.

— Gente, tenho um babado para contar! — exclamou Melissa, mordendo uma maçã com entusiasmo.

— Fala logo, estou ansioso! — respondeu Maycon, seu tom carregado de curiosidade e uma pitada de dramatismo.

— Parece que o Matias, aquele bad boy que perdeu para o nosso baby Matteo, deu um pé na bunda da namorada dele, a Katerrine — Melissa disse, e quase todo mundo parecia surpreso. Eu mantive uma expressão indiferente, sabendo que, na verdade, Matias era bissexual e apenas usava as meninas como uma forma de diversão.

— Quem é Katerrine? — perguntei, tentando entender melhor a situação.

— É a cobra mais nojenta e homofóbica que você um dia vai ter o desprazer de conhecer. O pai dela é sócio na banca de advocacia dos Jackson. Parece que o olimpo dos ricos está desmoronando — James explicou, rindo da situação. Eu gostaria que isso fosse verdade, mas sabia que o mundo estava longe de ser justo.

ENTRE ALFAS UM OMEGA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora