Naquela noite, após um longo dia de trabalho, Ana Flávia e Gustavo finalmente encontraram tempo para relaxar. Cada um em sua casa, longe das tensões da empresa e das trocas de farpas constantes que compartilhavam. Mas, enquanto o sono os envolvia, algo incomum começou a acontecer.Ambos, sem saber, sonhavam a mesma coisa.
O sonho começava com uma cerimônia de casamento. Era tudo tão nítido, tão real. Ana Flávia caminhava pelo corredor de uma igreja belamente decorada. Ela estava deslumbrante em um vestido de noiva, enquanto Gustavo, parado no altar, a esperava com um sorriso encantado no rosto. Ao redor, os rostos felizes de amigos e familiares se misturavam em uma atmosfera de pura felicidade. Eles trocavam olhares intensos, repletos de emoções que jamais haviam permitido surgir na vida real.
De repente, a cena mudou.
Agora, estavam em uma casa aconchegante, onde uma garotinha adorável corria de um lado para o outro, rindo. A menina tinha o rosto de Ana Flávia, mas com os olhos e sorriso de Gustavo. Seus cabelos escuros balançavam enquanto ela brincava, e a sensação de amor e alegria enchia o ambiente. Ana Flávia a pegava no colo e a menina soltava uma risada gostosa, enquanto Gustavo se aproximava e envolvia as duas em um abraço.
O sonho terminou com ambos olhando um para o outro, com a pequena entre eles, como uma família completa.
***
Ana Flávia acordou de sobressalto, o coração acelerado. Seu primeiro pensamento foi: *Por que estou sonhando com isso?*. Ela levou as mãos ao rosto, tentando afastar as imagens que, de alguma forma, pareciam tão vívidas. Não podia acreditar que estava sonhando com Gustavo. Não *ele*. E aquela menininha... A cara dela, mas com detalhes dele. Um calafrio percorreu sua espinha, mas, ao olhar o relógio, percebeu que já era hora de se preparar para o trabalho.
Ao mesmo tempo, do outro lado da cidade, Gustavo despertava da mesma maneira. O sonho ainda fresco em sua mente, ele não conseguia parar de pensar em Ana Flávia vestida de noiva e naquela menina que parecia ser... filha deles? *Por que diabos estou sonhando com ela?*, ele se perguntou. Isso não fazia sentido algum. Ele balançou a cabeça, tentando se concentrar no dia que tinha pela frente, mas as imagens continuavam a invadir sua mente.
***
No escritório, Ana Flávia estava perdida em pensamentos. Durante a reunião da manhã, seus olhos se encontravam constantemente com os de Gustavo. Ele, por sua vez, também não conseguia evitar olhar para ela. Havia algo diferente no ar, uma tensão que nenhum dos dois sabia como explicar.
Após a reunião, Ana Flávia foi conversar com Gabi e Virgínia. As duas estavam sentadas em uma pequena sala de descanso quando ela entrou.
— Gente, eu tive um sonho muito estranho ontem — começou Ana Flávia, hesitante.
— Ah, lá vem! — disse Gabi, já animada. — Conta logo!
Ana suspirou e começou a descrever o sonho. As amigas ouviam atentamente, e quando ela chegou na parte da menina, elas trocaram olhares cúmplices.
— Eu sabia! — Gabi exclamou. — Eu sabia que isso ia acabar em casamento! Nem vou precisar mudar meu nome, graças a Deus.
— E se essa menininha for um sinal? — Virgínia brincou. — Imagina só, vocês dois casados, felizes... Isso tem tudo pra acontecer.
Ana Flávia revirou os olhos, mas no fundo, a ideia já começava a plantá-la. Será que algo realmente estava mudando entre ela e Gustavo?
***
Enquanto isso, Gustavo estava na sala dele, com Murilo e Zé Felipe, contando sobre o sonho.
— Cara, eu tive um sonho bizarro ontem — ele começou, cruzando os braços. — Eu tava casando com a Ana Flávia. E depois tinha uma garotinha... nossa filha, eu acho.
Zé Felipe soltou uma gargalhada.
— Olha só, o coração gelado finalmente amolecendo! Casamento, filhos... Quem diria, hein, Gustavo?
Murilo balançou a cabeça, sorrindo.
— Isso é claramente um sinal, irmão. Eu já vejo onde isso vai dar.
— Vocês tão loucos — Gustavo respondeu, tentando parecer despreocupado. Mas a verdade era que o sonho tinha mexido com ele.
***
Mais tarde naquele dia, Gustavo não conseguia parar de pensar no que sentia. Decidido a dar um passo, mesmo que pequeno, ele mandou uma mensagem para Ana Flávia:
— Que tal tomarmos um café depois do expediente?
Ana estranhou o convite, mas aceitou. *Por que não?*
Eles se encontraram em uma cafeteria charmosa, e enquanto conversavam, algo inesperado aconteceu. Uma menininha, que parecia ter cerca de cinco anos, entrou correndo no lugar. Seus cabelos escuros e olhos brilhantes chamaram a atenção de ambos. Ela olhou para Ana Flávia, sorriu e disse:
— Você parece a minha mamãe!
Ana Flávia ficou surpresa, e Gustavo, mais ainda. Os dois trocaram olhares, lembrando instantaneamente do sonho que tiveram na noite anterior. A menina correu de volta para seus pais, e Ana e Gustavo ficaram em silêncio por alguns segundos, tentando processar o que acabara de acontecer.
— Isso foi... estranho — Gustavo comentou, finalmente quebrando o silêncio.
Ana riu, nervosa.
— Muito estranho.
Eles passaram o resto do café trocando olhares cúmplices e sorrisos tímidos, ambos com a menininha ainda na cabeça. Algo entre eles estava mudando, mesmo que nenhum dos dois estivesse pronto para admitir.
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Conflito de Paixões • Miotela
RomanceGustavo Pieroni Mioto é o poderoso dono de uma das empresas mais renomadas de Los Angeles. Frio, calculista e completamente dedicado ao trabalho, ele nunca se permitiu envolver em relacionamentos sérios - sua vida sempre foi focada no sucesso. Mas t...