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A atmosfera do hospital estava carregada de emoção. Assim que entraram no quarto, onde Maria Alice estava, Ana Flávia sentiu um nó na garganta. O ambiente acolhedor parecia ainda mais intenso para ela, que mal conseguia disfarçar o carinho instintivo por sua própria barriga, onde um novo ser crescia silenciosamente. Virgínia e Zé Felipe estavam radiantes, segurando a pequena Maria Alice nos braços, enquanto Gabi e Murilo sorriam, completamente encantados com a bebê. Gustavo se aproximou, maravilhado, estendendo os braços para segurar a menina.

"Ela é tão pequena," ele murmurou, com um sorriso terno nos lábios.

Ana Flávia, ao observar Gustavo com Maria Alice nos braços, sentiu uma onda de emoção que quase a derrubou. Seus olhos começaram a marejar e, naquele instante, ela soube que não conseguiria esconder seus sentimentos por muito mais tempo. Então, com as mãos trêmulas, ela estendeu os braços para segurar a bebê, sentindo uma conexão instantânea.

Assim que Maria Alice foi colocada em seus braços, algo mágico aconteceu. A pequena, com seus dedinhos minúsculos, tocou de leve a barriga de Ana Flávia, como se estivesse se conectando com o bebê que ainda não tinha nascido. O gesto foi sutil, mas profundo. Ana sentiu uma lágrima rolar pelo rosto, sem conseguir conter a emoção.

Parecia que Maria Alice sabia de algo que todos ali ainda não sabiam. Como se já estivesse ciente da nova vida que se desenvolvia na barriga de sua tia. Ana Flávia sorriu, embora suas lágrimas a traíssem. Acariciou a barriga enquanto segurava Maria Alice, e foi aí que Virgínia, sempre atenta, percebeu.

"Tá tudo bem, Ana?" Virgínia perguntou, com um tom carinhoso, mas visivelmente preocupada. "Você tá chorando... o que aconteceu?"

Ana tentou disfarçar, limpando as lágrimas rapidamente. "Ah, não, tá tudo bem... é só muita emoção," respondeu, sem olhar diretamente para ninguém. Mas era evidente para todos que havia algo mais.

"Ana, você tá chorando por quê? Não me engana," Virgínia insistiu, com aquele olhar curioso, como se já soubesse o que estava acontecendo.

Ana apenas balançou a cabeça, acariciando Maria Alice com ainda mais carinho. "É muita emoção, só isso... ela é tão linda," respondeu, sem querer revelar a verdade naquele momento.

Mas não adiantava esconder. O carinho quase constante que Ana fazia em sua barriga estava começando a chamar a atenção de todos no quarto. Gustavo, que observava sua noiva de perto, começou a se perguntar o que estava acontecendo. "Amor, por que você fica passando a mão na barriga assim? Tá tudo bem?"

Ana rapidamente tirou a mão da barriga e soltou uma risada nervosa. "Ah, nada não, só... só tô com uma dorzinha de leve."

Virgínia e Gabi trocaram olhares significativos, claramente percebendo o comportamento de Ana. Murilo e Zé Felipe também notaram, mas ninguém quis pressionar naquele momento. No entanto, Gustavo não deixou passar. Ele se inclinou levemente e comentou: "Desde que chegamos aqui, você não para de acariciar a barriga. Tem algo que você não tá me contando?"

Ana mordeu o lábio, sentindo o peso do segredo que estava guardando há semanas. Mas não era o momento certo. Ainda assim, ela não conseguia esconder o carinho e a proteção que sentia por aquele pequeno ser crescendo dentro dela.

Depois de mais algumas horas no hospital, eles se despediram de Maria Alice e dos amigos. No caminho para o carro, Ana estava visivelmente cansada. Quando se acomodaram nos bancos, Gustavo ligou o rádio, e uma música suave começou a tocar. Era uma canção que sempre trazia memórias e sentimentos profundos, e Ana, que já estava sensível, começou a chorar discretamente.

Gustavo, percebendo o soluço contido, perguntou preocupado: "Amor, por que você tá chorando? O que foi?"

Ana tentou se recompor, mas as lágrimas caíam com mais intensidade. "Nada, Gustavo... é só que... essa música... é muito emotiva," disse, sua voz quebrando ao final da frase.

Ele não insistiu, apenas segurou sua mão e continuou dirigindo. O caminho do hospital até a casa deles parecia mais longo do que o normal, e Ana, cansada, acabou adormecendo no carro. Mesmo dormindo, sua mão permaneceu firmemente sobre a barriga. No meio do sono, Gustavo a ouviu murmurar algo baixinho: "Te amo, meu bebê... você é um sonho."

O coração de Gustavo apertou ao ouvir isso, e ele olhou para ela com ternura. Seria possível que...?

Quando chegaram em casa, ele decidiu não acordá-la. Com todo o cuidado do mundo, a pegou no colo e a levou para o quarto. A expressão serena de Ana enquanto dormia era reconfortante, mas a dúvida continuava crescendo na mente de Gustavo. Ele a cobriu com um cobertor e voltou para a sala, sem conseguir parar de pensar nas palavras que ouvira.

Ana Flávia desceu as escadas lentamente naquela manhã, sentindo o leve peso em sua barriga. Seus pensamentos estavam confusos, a emoção de estar carregando um bebê crescendo a cada dia. Ela foi até a cozinha, ainda um pouco atordoada pelas emoções do dia anterior, e começou a preparar uma mistura que parecia insana: sorvete de limão com mostarda. Pegou os picles da geladeira e, sem pensar duas vezes, começou a comê-los junto com a mistura estranha.

Gustavo apareceu na cozinha, despretensioso, mas ao ver o que ela estava comendo, ficou perplexo. "Ana... o que é isso que você está comendo?"

Ana olhou para ele com os olhos arregalados, um pouco envergonhada, mas tentou disfarçar. "Ah, só um desejo bobo... Você sabe, estou um pouco estressada."

Ele se aproximou, rindo de leve, mas preocupado. "Estressada? Comendo sorvete de limão com mostarda? E picles? Isso não é normal, Ana..."

Ela desviou o olhar, uma mão instintivamente pousando sobre sua barriga. Não era mais uma questão de esconder ou tentar manter segredo. Tudo nela gritava para compartilhar com Gustavo o que estava acontecendo, mas, ao mesmo tempo, o medo a consumia.

Gustavo notou o gesto dela e franziu o cenho. "Ana... o que está acontecendo? Por que você está tão estranha ultimamente? E... você está sempre com a mão na barriga. Tem algo que você não está me contando?"

Ana respirou fundo, seu coração acelerado. Era agora ou nunca. Ela fechou os olhos por um instante, sentindo as lágrimas começarem a se formar, e então olhou para Gustavo, as palavras finalmente saindo, embora sua voz tremesse.

"Eu... eu preciso te contar algo."

Gustavo se aproximou mais, pegando a mão dela com cuidado. "O que foi, amor? Você está me assustando."

Ela engoliu em seco, sentindo o peso das palavras que estava prestes a dizer. Seus olhos encontraram os dele, e então, como um alívio, ela finalmente soltou:

"Eu... estou grávida, Gustavo. De quatro meses."

Por um segundo, tudo ficou em silêncio. O mundo ao redor deles parecia ter parado, enquanto Gustavo a olhava, tentando processar o que acabara de ouvir. Ele piscou algumas vezes, ainda sem acreditar completamente.

"Grávida...?" Ele repetiu, sua voz quase um sussurro. Seus olhos desceram até a barriga dela, agora visivelmente maior. Ele começou a juntar os pedaços — o apetite estranho, os pequenos gestos, o jeito como ela estava diferente nos últimos meses.

Ana Flávia assentiu, as lágrimas escorrendo pelo rosto. "Sim, grávida... Eu queria te contar antes, mas... eu estava com tanto medo... Eu não sabia como você ia reagir, Gustavo."

Ele soltou um suspiro longo, seus olhos se enchendo de lágrimas também. "Meu Deus... você... nós vamos ter um filho?" Sua voz quebrou no final, e ele rapidamente a envolveu em seus braços, apertando-a contra seu peito. "Eu... eu nem sei o que dizer, Ana. Isso é... isso é tudo o que eu sempre sonhei. Eu te amo tanto."

Ana, ainda chorando, riu baixinho contra o peito dele. "Eu também te amo... e já amo tanto esse bebê."

Gustavo, agora completamente emocionado, se afastou levemente para poder olhar para a barriga de Ana. Com delicadeza, ele colocou as duas mãos sobre ela, sentindo uma conexão imediata com o filho ou filha que estava crescendo ali. "Eu não acredito que vou ser pai. Isso é... isso é um milagre, Ana."

Ela sorriu, as lágrimas ainda caindo, e passou a mão no rosto dele, limpando uma lágrima que escorria pela bochecha de Gustavo. "E você vai ser o melhor pai do mundo."

Conflito de Paixões • Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora