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O sol da manhã filtrava pela janela do quarto, banhando a casa em uma luz suave. Aurora, com seus três meses de pura fofura, estava aninhada nos braços de Gustavo, enquanto ele observava atentamente cada detalhe da pequena. Seus olhinhos curiosos, a expressão serena ao brincar com os dedinhos... Era impossível não sorrir ao vê-la crescer diante dos seus olhos. Ele se inclinava e dava pequenos beijos na testa da filha, sem nunca conseguir conter o orgulho que o dominava. 

Ana Flávia se aproximava lentamente, encostando no batente da porta, e ele a notou de imediato. Um brilho se acendeu nos olhos de Gustavo. Ali estava ela, a mulher por quem se apaixonara, mesmo que o início tivesse sido turbulento, com provocações e disputas. O ódio do passado se transformara em algo infinitamente maior. Ao olhar para Ana Flávia e para a pequena Aurora, sentiu uma onda profunda de gratidão por tudo que construíram juntos. 

— Você sabe, né? — ele murmurou, ainda com Aurora nos braços. 
— Sei o quê? — ela perguntou, se aproximando com um sorriso. 
Gustavo suspirou, os olhos se enchendo de ternura. — Que você me deu o maior presente da minha vida. A nossa Aurora... E mais que isso, você. A vida toda me preparando pra te odiar, e no final, me apaixonei por você. Parece loucura, mas é como se tudo tivesse que acontecer assim, pra eu entender o que é amar de verdade. 

Ana Flávia sentou-se ao lado dele na cama, acariciando o rosto do marido com delicadeza. 
— E você me mostrou o que é amor de verdade — ela sussurrou. — Eu nunca pensei que você, o cara que eu julgava ser meu inimigo, seria o pai mais incrível do mundo. Eu vejo o jeito que você cuida da Aurora e... Meu Deus, Gustavo. Você é um pai maravilhoso. 

Os olhos de Gustavo brilharam com as palavras dela. Ele beijou-a devagar, como se quisesse prolongar aquele momento por uma eternidade. 
— Eu sou assim porque amo vocês. E cada dia ao seu lado só me faz ter mais certeza disso. 

Aurora soltou uma gargalhada gostosa nos braços de Gustavo, como se entendesse o quanto era amada. Eles riram juntos, e Gustavo apertou a filha contra o peito. 

— Sabe, minha princesa — ele continuou, sorrindo. — Às vezes eu olho pra ela e só consigo ver você. O jeitinho, o sorriso... Parece você em miniatura. Até já comecei a chamar ela de Ana Flávia sem perceber. 

Ana riu, dando um tapinha leve no braço dele. — Ah, Gustavo, até parece! Mas fico feliz que você veja tanto de mim nela. E, na verdade, é a combinação perfeita. 

Eles ficaram assim, curtindo a manhã preguiçosa, o amor entre eles se manifestando nos gestos simples e nos olhares trocados. 

Meses depois...

Aurora agora estava com seis meses, e o amor entre Ana Flávia e Gustavo continuava tão vibrante quanto no início. Eles mantinham uma rotina de momentos especiais juntos, como a tarde em que decidiram passear pelo parque. Aurora estava em um carrinho elegante, vestida com um macacão rosa com pequenos desenhos de coelhinhos, enquanto Ana Flávia empurrava o carrinho e Gustavo caminhava ao lado, sempre atento a cada detalhe. 

O sol iluminava o caminho enquanto eles passavam pelas árvores e brincavam com a filha, que gargalhava ao ver as folhas dançando ao vento. Gustavo não conseguia evitar: a cada sorriso de Aurora, ele se derretia completamente. 

— Ela é a coisa mais linda do mundo — Gustavo comentou, olhando para a filha com admiração. 
— E você é o pai mais babão que eu conheço — Ana Flávia brincou, rindo. 

Ele sorriu, mas seus olhos revelavam um orgulho genuíno. — E com razão, né? Olha só pra ela... É impossível não ser. 

Em um momento do passeio, um casal se aproximou e elogiou Aurora, dizendo o quão adorável ela era. Gustavo, no entanto, sentiu aquele leve desconforto de ciúmes crescer em seu peito. Era um sentimento irracional, mas ele não conseguia evitar. 

Conflito de Paixões • Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora