Conflito de Paixões • Miotela

18

O dia seguinte parecia tranquilo, com o sol se pondo e banhando o ambiente com uma luz suave e dourada. Ana Flávia estava no fundo da casa, ainda resolvendo algumas pendências de trabalho, enquanto Gustavo pensava que ela já havia saído. Sem pressa, ele pegou o violão que sempre deixava por perto e começou a dedilhar uma melodia. Sem nem perceber, as notas que saíam eram suaves e nostálgicas, como se contassem a história deles — cheia de provocações, tensão e, finalmente, de uma conexão profunda.

Ana Flávia, distraída, ouviu a melodia vinda de longe e, com um leve susto, seguiu o som. Ela achava que estava sozinha, então a presença inesperada de Gustavo mexeu com ela. Ao se aproximar, ela percebeu pela fresta da porta que ele estava cantando, os olhos fechados, imerso na música. Aquilo a fez sorrir, vendo um lado mais leve e íntimo de Gustavo, algo que ele raramente deixava transparecer.

Porém, ao se inclinar um pouco mais para vê-lo melhor, ela acabou esbarrando na porta, que fez um leve rangido, chamando a atenção de Gustavo. Ele interrompeu a música, levantando os olhos para ela com um sorriso surpreso.

— O que você tá fazendo aqui? — Ele perguntou, colocando o violão de lado. — Eu achei que você já tinha ido embora.

— Eu também achei que você já tinha ido. — Ana respondeu, um sorriso travesso no rosto. — Mas parece que tive sorte.

Ela caminhou em direção a ele, e Gustavo, sempre provocador, ergueu uma sobrancelha. — Sorte, é? E por que a sorte seria minha, princesa?

Ana Flávia se aproximou ainda mais, parando ao lado dele. — Porque agora você vai tocar pra mim. Toca? — Ela pediu, com uma expressão brincalhona.

Gustavo riu, pegando novamente o violão e assentindo. — Claro. Só pra você.

Ele voltou a tocar, dessa vez com os olhos fixos nela. As notas suaves preenchiam o ambiente, criando uma atmosfera íntima, quase mágica. Ana, sem resistir à proximidade, sentou-se no colo dele, sentindo a vibração da música e do momento. Gustavo continuou tocando, agora mais devagar, enquanto a atração entre eles crescia novamente, como uma chama branda.

— Me ensina a tocar? — Ela pediu, olhando para ele com curiosidade genuína.

— É claro. — Ele disse, com um sorriso. Posicionou o violão nas mãos dela, guiando seus dedos sobre as cordas. — Aqui... começa assim.

Enquanto Gustavo a ajudava a tocar as primeiras notas, a proximidade entre eles se tornava quase insuportável. Ele inclinou-se e deu um beijo leve nela, ao que Ana Flávia riu, devolvendo o beijo.

— Isso faz parte da aula? — Ela perguntou, em tom de provocação.

Gustavo sorriu, aquele sorriso desafiador que ela já conhecia tão bem. — Pra você, faz parte.

Eles riram juntos, mas Ana logo desistiu da tentativa de aprender, frustrada. — Acho que nossos filhos vão ter que aprender com você, porque com a mãe não vai ter jeito. — Ela disse, deixando o violão de lado e levantando-se.

Gustavo parou, absorvendo as palavras. Filhos? Ela já estava pensando nisso? Ele ficou em silêncio por um momento, um sorriso leve dançando em seus lábios.

Ana, percebendo a hesitação dele, se inclinou, dando-lhe mais um beijo suave antes de sair da sala. Mas as palavras dela continuaram ressoando na mente dele. Ele já sabia que estava completamente apaixonado, mas agora, com a menção de filhos, a imagem de um futuro com ela ficou ainda mais clara.

Enquanto Gustavo ficava sozinho, seu olhar se fixava no vazio, mas seus pensamentos estavam longe. Ele se perguntava o que o futuro reservava para eles, e aquela noite havia deixado claro que esse futuro seria ao lado de Ana Flávia. Não só como parceiros, mas possivelmente como uma família.

Decidido, ele já sabia o que iria fazer no dia seguinte. Um novo passo estava por vir, e dessa vez ele faria questão de deixá-la ciente de tudo o que ele sentia e do que desejava para o futuro deles juntos.