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O sol ainda estava nascendo quando Gustavo deixou a casa que dividia com Ana Flávia para mais um dia na empresa. Eles tinham construído uma vida sólida juntos, marcada por uma rotina que misturava trabalho e amor. Ana Flávia, no entanto, havia decidido ficar em casa naquele dia, pois tinha alguns compromissos pessoais para resolver. Nada incomum, considerando a movimentada vida que levavam.

Mal sabiam eles que, naquele mesmo instante, sombras se moviam para destruir essa tranquilidade.

Sophie, uma figura sombria do passado, nunca havia aceitado o sucesso de Gustavo. Antiga parceira de negócios, ela havia se envolvido em uma série de esquemas e, depois de ser desmascarada, acabara presa por crimes de fraude e corrupção. Deveria cumprir uma longa sentença, mas isso não significava que ela desistiria. Sophie sempre fora astuta, e agora, após uma fuga orquestrada com perfeição, ela estava solta. E mais perigosa do que nunca.

Sophie tinha um plano. E, para executá-lo, precisava de alguém por dentro da empresa. Esse alguém era Henrique, um funcionário que Gustavo jamais desconfiaria, mas que sempre nutrira uma inveja silenciosa. Henrique havia entrado na empresa com uma fachada de lealdade, mas seu verdadeiro objetivo era simples: destruir Gustavo. Ele cobiçava tudo o que Gustavo possuía – seu poder, sua empresa, sua influência. E, mais do que qualquer outra coisa, ele queria Ana Flávia.

Henrique sabia que, com Sophie ao seu lado, tinha uma chance real de alcançar o que queria. Eles traçaram um plano audacioso, e aquele dia parecia perfeito para colocá-lo em prática.

Enquanto Gustavo estava na empresa, Ana Flávia preparava-se para sair rapidamente de casa para uma tarefa rotineira. O condomínio em que moravam era seguro, mas ao abrir a porta para pegar algo do lado de fora, ela, distraída, não a fechou corretamente. Esse pequeno descuido não passou despercebido pelo homem que Sophie havia contratado.

Quando Ana retornou à sala, o som de passos silenciosos por trás dela foi a última coisa que ouviu antes de uma mão encapuzada segurar um pano contra seu rosto. O cheiro forte e químico de clorofórmio a atingiu rapidamente, e mesmo lutando para se soltar, sua visão começou a ficar turva. Ela tentou gritar, mas seus músculos começaram a falhar, e logo, a escuridão tomou conta.

Com precisão calculada, o sequestrador a carregou para fora da casa e a colocou em um carro discreto, que rapidamente se afastou pelas ruas do condomínio, sem levantar qualquer suspeita.

Ana acordou em um lugar completamente diferente. Seus braços e pernas estavam amarrados firmemente a uma cadeira. O ar cheirava a mofo e umidade. Era uma sala mal iluminada, as janelas cobertas, provavelmente em algum lugar remoto.

— Finalmente acordou. — A voz fria e familiar de Sophie ecoou pelo espaço. Ela saiu das sombras com um sorriso arrogante nos lábios. — Eu estava esperando por este momento. Sabe, Ana, sempre achei fascinante como você conseguiu o que queria... Mas, dessa vez, quem está no controle sou eu.

Ana tentou puxar as amarras, mas era inútil. A raiva começou a borbulhar em seu peito, mas ela manteve a calma, sabendo que qualquer reação emocional poderia dar vantagem àquela mulher.

— O que você quer, Sophie? — Ana perguntou, tentando manter a voz firme.

— Não é óbvio? Quero ver Gustavo perder tudo. Quero vê-lo arruinado. E você é parte fundamental desse plano. — Sophie deu um sorriso perverso, inclinando-se mais perto de Ana. — Mas não estou sozinha nessa... Henrique está comigo. Ele sempre quis o que Gustavo tem. E agora, nós vamos conseguir.

O coração de Ana disparou. Ela nunca imaginaria que Henrique, um dos funcionários de confiança de Gustavo, estava envolvido. Mas agora tudo fazia sentido. A inveja que ele sempre mascarava... ele queria o que Gustavo tinha, até mesmo ela.

Enquanto isso, na empresa, Gustavo sentia algo estranho no ar. Ele havia tentado ligar para Ana Flávia algumas vezes, sem resposta. Preocupado, decidiu voltar para casa mais cedo. Ao chegar, encontrou a porta entreaberta, e seu coração gelou. Ele correu pela casa chamando o nome de Ana, mas não havia sinal dela. Era como se ela tivesse desaparecido.

Desesperado, Gustavo acessou as câmeras de segurança da casa. Ao rever as gravações, viu o momento em que um homem desconhecido entrou e levou Ana Flávia à força. O choque e o medo se misturaram em sua mente, mas logo foram substituídos pela determinação. Ele não perderia a mulher que amava.

Lembrou-se do rastreador que Ana sempre mantinha em seu celular, uma precaução que agora poderia salvá-la. Ele ativou o localizador e viu que o sinal indicava um ponto distante, fora da cidade. Não perdeu tempo. Pegou as chaves do carro e dirigiu em alta velocidade em direção ao local indicado.

Enquanto Gustavo lutava contra o tempo, Ana tentava manter a calma no cativeiro. Sophie continuava falando, revelando os detalhes de seu plano, como se já tivesse vencido.

— O que você vai fazer quando Gustavo chegar aqui? — Ana questionou, olhando nos olhos de Sophie.

— Gustavo não vai chegar aqui. — Sophie riu. — Ele pode ser esperto, mas eu sou mais esperta. E, para garantir isso, nós temos um bloqueio preparado no caminho.

Henrique entrou na sala nesse momento, observando Ana com um olhar que misturava desejo e ódio.

— Gustavo está vindo — ele disse, com um sorriso confiante. — Mas ele nunca vai chegar. Não vai passar pelo bloqueio que preparamos. E enquanto ele tenta, eu vou destruir a vida dele, pedaço por pedaço.

Ana sentiu o sangue correr mais rápido em suas veias. Eles não estavam apenas atrás de Gustavo; eles queriam destruir tudo que ele amava, tudo pelo qual lutou. Ela precisava pensar em uma maneira de alertá-lo.

Do outro lado da cidade, Gustavo avançava pelas estradas isoladas quando, de repente, foi forçado a parar. Um grupo de homens armados bloqueava a estrada, exatamente como Henrique e Sophie haviam planejado. Eles estavam lá para impedir que Gustavo alcançasse Ana.

Ele saiu do carro, confrontando os homens. Mas enquanto eles estavam determinados a impedi-lo de avançar, Gustavo sabia que não podia recuar. Ele precisava encontrar uma maneira de chegar até Ana, e não ia parar por nada.

Enquanto isso, no cativeiro, Sophie e Henrique mantinham Ana refém, confiantes, de que Gustavo nunca chegaria a tempo.

Mas Gustavo não era o tipo de homem que desistia fácil.

Conflito de Paixões • Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora