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Era uma manhã tranquila em Los Angeles. Os primeiros raios de sol invadiam o quarto silencioso, iluminando suavemente os móveis e o rosto sereno de Ana Flávia, que dormia profundamente, exausta da nova rotina com o bebê. Aurora, com poucos dias de vida, dormia perto da cama dos pais, no bercinho preparado especialmente por Gustavo.

Ao lado de Ana, Gustavo acordou devagar, seus olhos se ajustando à luz suave que invadia o quarto. O som dos pássaros lá fora parecia ecoar o ritmo calmo daquela manhã, mas dentro dele, havia uma agitação diferente. Ele olhou para o lado e viu Ana Flávia profundamente adormecida, seus traços suaves e tranquilos, e sorriu. Ela merecia descansar. Os últimos dias tinham sido intensos, e ele sabia que, sempre que possível, queria lhe proporcionar momentos de paz.

Ele então se virou para o bercinho onde Aurora estava. Seus olhos castanhos pequenos, idênticos aos de Gustavo, ainda estavam fechados, e ela se mexia levemente, como se sentisse a presença do pai. Um amor indescritível tomou conta de Gustavo, algo que ele nunca tinha sentido antes. Era estranho como uma pessoa tão pequena já conseguia dominar completamente o coração de alguém.

Com cuidado, ele se levantou da cama, tentando não fazer barulho para não acordar Ana Flávia. Aproximou-se do bercinho e pegou Aurora em seus braços com a mesma delicadeza que ele sempre demonstrava. Ela parecia tão frágil, tão pequena, mas ao mesmo tempo, tão cheia de vida.

"Bom dia, minha princesa," ele sussurrou, beijando suavemente sua testa. Aurora soltou um pequeno suspiro, e Gustavo riu baixinho. "Vamos deixar a mamãe descansar um pouquinho mais, tá bom?"

Ele olhou em volta e avistou a madeira com leite materno que Ana havia preparado para casos como esse. Ele sabia que Aurora poderia acordar a qualquer momento com fome, então decidiu alimentá-la antes que ela começasse a chorar. Sentou-se na poltrona ao lado da janela, com a bebê nos braços, e começou a dar a madeira para Aurora, que sugava devagar, mas com vontade. Gustavo observava cada detalhe da filha enquanto a alimentava – os pequenos cílios, as bochechas rosadas, o jeito que ela segurava o dedo dele com suas mãozinhas minúsculas.

Enquanto ela bebia, Gustavo começou a conversar baixinho com ela, aproveitando a tranquilidade daquele momento só deles dois. "Sabe, Aurora... quando eu conheci sua mãe, eu nunca imaginaria que algum dia estaria aqui, com você nos braços. Sua mãe é uma mulher incrível, forte, determinada... Eu sempre admirei isso nela, mesmo quando éramos rivais, lembra? Eu a achava impossível, mas no fundo, acho que já sabia que não conseguiria viver sem ela."

Aurora continuava sugando o leite com força, mas seus olhinhos se abriam e fechavam de vez em quando, como se estivesse prestando atenção nas palavras do pai. Gustavo riu, balançando a cabeça, ainda sem acreditar que era pai. "Eu tenho que te contar um segredo, pequena... Eu morro de orgulho da sua mãe. Não só por tudo o que ela conquistou, mas pela mulher incrível que ela é. E agora, temos você. E eu prometo que vou sempre proteger vocês duas. Nada vai te machucar enquanto eu estiver por perto."

Aurora terminou de mamar, e Gustavo a colocou para arrotar, passando a mão suavemente em suas costas. "Você é o maior presente que eu poderia ter, sabia?"

Nesse momento, Gustavo ouviu um movimento suave vindo do quarto. Ele olhou para a porta e viu Ana Flávia encostada no batente, sorrindo, os olhos brilhando de emoção. Ela tinha acordado e estava ouvindo cada palavra que ele dizia para Aurora. Gustavo sentiu seu coração acelerar ao ver o sorriso de sua esposa. Ela estava linda, com o cabelo despenteado e os olhos ainda cheios de sono, mas para ele, ela era a mulher mais maravilhosa do mundo.

"Você estava ouvindo?" perguntou Gustavo, ainda com a voz suave, com medo de acordar Aurora, que agora dormia novamente em seus braços.

"Sim..." respondeu Ana Flávia, caminhando até ele e se agachando ao lado da poltrona onde Gustavo estava sentado. Ela passou a mão suavemente no rosto da filha. "Você não faz ideia de como é lindo ver você com ela."

Gustavo sorriu, balançando a cabeça. "Acho que eu também não sabia como seria até esse momento acontecer. Ela mudou tudo... nós dois mudamos."

Ana Flávia se levantou e deu um beijo suave na testa de Gustavo antes de pegar Aurora nos braços. Ela a segurou com todo cuidado, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Gustavo a observou com admiração, sentindo-se cada vez mais apaixonado por aquela mulher. Eles compartilharam um olhar silencioso, que dizia tudo o que as palavras não conseguiam expressar naquele momento.

"Ela é tão pequenininha," murmurou Ana, os olhos ainda presos na filha. "E ao mesmo tempo, parece que já faz parte de nossas vidas há tanto tempo..."

Gustavo levantou-se e foi até a cozinha, preparando o café da manhã enquanto Ana Flávia acomodava Aurora de volta no berço. Ela voltou para a mesa pouco depois, e os dois começaram a comer juntos. Entre bocados, Gustavo continuava olhando para Aurora, que dormia tranquilamente.

"É engraçado pensar em como tudo mudou em tão pouco tempo," disse Ana, quebrando o silêncio. "Eu nunca imaginei que acabaria casada com o dono da empresa que eu achava ser o maior chato do mundo. E muito gato também "

Gustavo riu. "E eu nunca imaginei que a CEO mais durona, determinada e gostosa que já conheci seria a mulher com quem eu construiria uma família."

Os dois se olharam com carinho, um misto de brincadeira e verdade nas palavras. A vida havia mudado de maneira inesperada, mas tudo parecia se encaixar perfeitamente agora. Eles tinham Aurora, e isso fazia todo o resto valer a pena.

Depois do café, Gustavo e Ana passaram o resto da manhã juntos, curtindo a companhia um do outro e os primeiros dias da nova rotina com Aurora. A cada dia, aprendiam mais sobre como ser pais, sobre como cuidar dela e também de si mesmos. Mesmo nas pequenas coisas, como a troca de fraldas ou a preparação de uma mamadeira, havia uma conexão entre os dois, um entendimento silencioso de que estavam ali um para o outro, e para a filha que tanto amavam.

Conflito de Paixões • Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora