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O dia havia sido mais agitado do que o normal para Ana Flávia. Ela passara horas seguidas em reuniões, sem uma pausa decente para descansar ou comer algo. A CEO estava em seu limite, mas como sempre, se recusava a demonstrar qualquer sinal de fraqueza. Era uma das características que ela mais prezava: mostrar que era forte o suficiente para liderar, mesmo sob pressão.

Gustavo estava em sua sala, revisando alguns documentos importantes, mas sua mente não conseguia se afastar de Ana Flávia. Depois da viagem a Miami, algo dentro dele tinha mudado. Ele tentava focar no trabalho, mas sempre acabava olhando para a sala dela, cuja parede de vidro permitia que ele a observasse de longe. Ele notou que ela parecia mais pálida e cansada do que o normal, o que o preocupou.

Foi então que, para sua surpresa, Ana apareceu na porta da sua sala, com uma expressão séria. "Gustavo, eu preciso falar com você sobre as últimas mudanças no orçamento." Sua voz parecia firme, mas havia algo no jeito como ela se apoiava na porta, como se estivesse lutando para manter o equilíbrio.

Gustavo assentiu, empurrando os documentos de lado. "Claro, entre." Ele a observou atentamente enquanto ela caminhava em sua direção, e foi naquele momento que percebeu que algo estava errado. Ela parou no meio do caminho, sua mão tremendo ligeiramente enquanto tocava a testa.

Antes que pudesse fazer qualquer pergunta, Gustavo viu o corpo de Ana vacilar. Ela tentou se segurar na cadeira mais próxima, mas falhou. Em um segundo, ela estava desabando.

Gustavo reagiu instintivamente, saltando da cadeira e a segurando nos braços antes que ela pudesse atingir o chão. "Ana!" Ele gritou, a voz tomada pela preocupação, enquanto a puxava para perto. Ela estava mole nos braços dele, inconsciente.

Sem perder tempo, Gustavo a deitou cuidadosamente no sofá da sala e se ajoelhou ao lado dela, os olhos fixos em seu rosto pálido. "Ana, você está me ouvindo?" Ele chamou, a voz mais baixa agora, quase um sussurro. O coração dele batia acelerado. O que estava acontecendo com ela? Ele nunca a tinha visto tão vulnerável assim.

"Por que você não me disse que não estava bem? Ana eu preciso de você, sem você eu sou nada.por favor  acorda", ele murmurou para si mesmo, sentindo uma onda de preocupação genuína. Durante alguns minutos que pareceram horas, Gustavo permaneceu ao lado dela, esperando por algum sinal de que ela acordaria. Ele pensou em chamar ajuda, mas, ao mesmo tempo, sentia que queria resolver isso por conta própria.

Pouco a pouco, Ana começou a se mexer, soltando um leve gemido. Gustavo suspirou de alívio, vendo que ela finalmente estava recobrando a consciência.

Ela piscou algumas vezes antes de se dar conta de onde estava, e seus olhos se fixaram no rosto preocupado de Gustavo, que ainda estava ajoelhado ao seu lado. "Gustavo... o que aconteceu?"

Ele a ajudou a se sentar devagar, ainda segurando seu braço, caso ela perdesse o equilíbrio de novo. "Você desmaiou. Não devia estar se esforçando tanto assim. Você está se cuidando, Ana?"

Ela respirou fundo, ainda atordoada, mas logo percebeu o que tinha acontecido. "Eu... acho que não comi direito hoje." Ela admitiu com um sorriso fraco. "Obrigada por... por ter me segurado."

Gustavo se levantou e voltou a sentar em sua cadeira, sem tirar os olhos dela. Ele estava tentando agir normalmente, mas a verdade era que aquela cena mexera com ele mais do que deveria. Vê-la tão frágil, tão diferente da imagem de CEO durona, o fez se preocupar de uma forma que ele não esperava.

Ana, ainda um pouco corada pela situação, levantou-se devagar e, antes de sair, deu alguns passos na direção dele. Ela inclinou-se sobre a mesa e, de maneira inesperada, plantou um leve beijo na bochecha de Gustavo.

"Obrigada por cuidar de mim, chefinho," ela disse, em tom brincalhão, mas com sinceridade em sua voz.

Gustavo ficou congelado por um segundo, surpreso com o gesto. Ele a olhou com um sorriso discreto, tentando esconder o quanto aquilo o tinha afetado. "Não precisa agradecer. Só... se cuida mais, ok?"

Ela sorriu de volta, ainda um pouco tonta, mas claramente melhor. "Vou tentar."

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Gabi e Virgínia estavam impacientes para ouvir qualquer novidade sobre o dia de Ana. Elas já sabiam que algo estava acontecendo entre ela e Gustavo, mas Ana sempre era discreta sobre esses detalhes.

Assim que Ana entrou em sua sala, as duas amigas abriram um sorriso conspiratório. "Então, conta logo! Como foi o dia com o nosso amado chefe?" Gabi perguntou, empolgada.

Ana balançou a cabeça, rindo. "Bom, tem algo... que aconteceu hoje." Ela contou sobre o desmaio e como Gustavo havia cuidado dela. O jeito que ele a segurou, a preocupação genuína em seus olhos... Tudo foi relatado em detalhes.

Gabi e Virgínia ficaram em choque por um momento, mas logo começaram a rir. "Eu sabia!" Gabi exclamou. "Eu já disse, vocês estão destinados. Não vou precisar mudar meu nome mesmo."

Virgínia concordou, batendo nas mãos. "Isso só pode dar em casamento, não tem outra explicação."

Ana revirou os olhos, mas sorriu. "Gente, não é assim... Foi só um momento. Ele me ajudou, só isso."

"Ah, claro," Virgínia provocou, "só isso. Um chefe não fica tão preocupado assim à toa."

As amigas riram e continuaram a provocar Ana, enquanto ela tentava disfarçar o quanto o gesto de Gustavo realmente mexera com ela. No fundo, ela sabia que algo havia mudado entre eles.

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Enquanto isso, Gustavo mal conseguia trabalhar. Seus pensamentos estavam presos em Ana. Ele precisava desabafar, então chamou Murilo e Zé Felipe para sua sala.

"Tá tudo bem, cara?" Murilo perguntou, percebendo o olhar distante de Gustavo.

"Eu... eu acho que estou ficando preocupado demais com a Ana Flávia," Gustavo admitiu, sua voz baixa.

Zé Felipe riu, cruzando os braços. "Preocupado? Sei. Aposto que isso vai além de preocupação. O que aconteceu?"

Gustavo contou sobre o desmaio e como ele a segurou, deixando claro o quanto aquilo o tinha abalado. "Foi... estranho. Eu nunca me senti assim antes. eu não consigo mais viver sem ela"

Murilo e Zé Felipe se entreolharam, sorrindo. "Irmão, você tá caindo de amores por ela. Pode admitir logo."

Zé Felipe riu ainda mais alto. "É isso! Não vai demorar muito até você se ajoelhar com um anel na mão."

Gustavo riu, mas o pensamento o fez refletir. Talvez... talvez seus amigos estivessem certos.

Conflito de Paixões • Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora