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Era uma noite tranquila e silenciosa, mas no íntimo do coração de Ana Flávia, uma expectativa fervilhava. Ela já estava com nove meses de gestação, e a aproximação do dia 4 de junho a deixava ansiosa e animada. A barriga, redonda e pesada, parecia pulsar de vida, e, embora houvesse cansaço em seus olhos, a alegria de ser mãe superava tudo. Gustavo estava ao seu lado, carinhosamente colocando a mão na barriga, sentindo os movimentos da filha.

"Olha como ela está se mexendo! Parece que já quer sair para nos conhecer", disse ele, rindo, enquanto acariciava a barriga.

Ana Flávia sorriu, mas o riso logo se transformou em uma expressão de desconforto. O dia seguinte prometia ser especial, mas a verdade era que ela não conseguia dormir. Havia uma sensação estranha, quase como se um pressentimento a avisasse que a hora estava chegando.

Na madrugada do dia 4, um leve incômodo começou a se instalar. Ana sentiu uma pontada, seguida por outra. A sensação era diferente de tudo o que tinha experimentado até aquele momento. Ela se levantou, tentando não acordar Gustavo, mas logo ele a sentiu e se virou.

"Está tudo bem, amor?" perguntou ele, com a voz sonolenta, mas alerta.

"Eu acho que está chegando a hora, Guga. Estou sentindo umas cólicas", respondeu ela, tentando disfarçar a ansiedade.

Gustavo imediatamente se sentou na cama, seus olhos agora completamente acordados. "O que você quer fazer? Vamos para o hospital?"

Ana Flávia respirou fundo. "Não sei se é realmente a hora, mas eu estou com um pouco de medo."

"Você não precisa ter medo. Eu estou aqui com você. Vamos arrumar as coisas", ele disse, saltando da cama e começando a pegar a mala que haviam preparado meses antes.

A correria começou. Eles se moviam de um lado para o outro, nervosos e animados. Ana Flávia decidiu que precisava de um banho rápido para se acalmar. Enquanto ela se banhava, Gustavo conferia se tudo estava na mala — roupas, toalhas, a câmera que eles queriam usar para registrar o momento mais especial de suas vidas.

Quando Ana saiu do banheiro, já se sentindo mais tranquila, Gustavo a aguardava com um sorriso. "Pronta para a aventura?"

Ela riu nervosamente. "Se aventurar é a última coisa que eu imaginava fazer hoje. Mas vamos lá."

Com a mala pronta e a adrenalina correndo nas veias, eles entraram no carro. A rua estava silenciosa, e as luzes da cidade iluminavam o caminho. Gustavo dirigiu com calma, mas não conseguiu esconder a ansiedade. O coração de Ana Flávia estava acelerado, mas havia algo mágico no ar. Era como se, a cada quilômetro, ela se aproximasse do momento que mudaria suas vidas para sempre.

Chegando ao hospital, Ana Flávia sentiu que a realidade estava prestes a se concretizar. Ela se virou para Gustavo e, com um sorriso nervoso, disse: "Estou com medo."

"Calma, meu amor. Vamos fazer isso juntos. A Aurora está a caminho", ele respondeu, segurando sua mão firme, como se quisesse transmitir toda a confiança que ele sentia.

Após os procedimentos de admissão, Ana Flávia foi levada para a sala de parto. A enfermeira explicou o que aconteceria a seguir, e Gustavo permaneceu ao lado dela, segurando sua mão e olhando nos olhos dela, tentando transmitir calma e apoio.

Conforme as contrações se intensificavam, Ana começou a se sentir mais ansiosa. O processo de parto era doloroso, e cada onda de dor parecia durar uma eternidade. Mas Gustavo estava lá, sempre ao seu lado, encorajando-a a respirar e a se concentrar na alegria que estava por vir.

"Você é incrível, Ana. Lembre-se, estamos fazendo isso por nossa filha. Ela precisa de você. Você consegue!", ele dizia, admirando a força dela.

Depois de horas de trabalho de parto, a tensão estava no auge. Ana Flávia estava exausta, mas a força de seu amor por Gustavo e pela pequena Aurora a impulsionava. Quando finalmente o momento crucial chegou, a médica disse: "Você está quase lá! Respire fundo e faça isso por sua filha!"

Conflito de Paixões • Miotela Onde histórias criam vida. Descubra agora