Capítulo 43

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O sistema penitenciário japonês era um dos mais brutais e eficientes do mundo, e isso era um fato conhecido por todos. Mas graças a influência ocidental - e principalmente estadunidense -, empresários acharam de bom tom construir presídios privados ainda mais brutais e eficientes.

E, dentre todos, apenas um aceitou confinar Manjiro Sano e Ran Haitani.

Os dois em questão passaram um dia inteiro no hospital, vigiados de perto e sendo tratados pelos médicos. Mikey teve apenas ferimentos superficiais e Ran estava com a mão esquerda enfaixada. Eles não tiveram contato um com o outro em nenhum momento, desde a saída do hospital pela manhã do dia seguinte até a chegada deles na Penitenciária Privada Shinigawa, na cidade de Nagoya.

Mikey foi escoltado para fora da van totalmente amarrado em uma espécie bizarra de camisa de força, até sua boca estava tampada. Ele não conseguia se mexer, e a forma como os policiais o jogavam de um lado para o outro o deixou irritado.

Aquilo era um desaforo.

Ran não estava tão atado quanto ele, mas quando os oficiais o empurraram para fora de outra van ele quase tropeçou nas correntes que prendiam seus pés e mãos. Ele observou o Sano ser colocado em um carrinho com rodas, como se fosse uma mala sendo guiada para um quarto de hotel.

- Você parece um psicopata canibal - comentou, vendo Mikey franzir o cenho e resmungar contra ele. - Sabe? Hannibal Lecter e tal?

Um policial empurrou o Haitani para frente, sibilando:

- Ande.

Ran revirou os olhos e obedeceu, ouvindo as rodas do carrinho de Mikey rangerem atrás de si conforme os oficiais o empurravam.

O prédio era enorme, parecia um maldito shopping center. A fachada era bonita, com portas de vidro, três andares administrativos e um terreno arborizado que se espandia por trás e pelos lados. Os prisioneiros foram levados para dentro, onde os seguranças responsáveis pelo lugar fizeram o cadastro de entrada deles, seus uniformes eram pretos e cheios de adereços - com a logo da empresa que os contratou em destaque.

Mikey e Ran só foram soltos depois que passaram pelas portas de aço blindado que separavam a ala principal do espaço dos presos. Um policial de cara amarrada os olhou de cima a baixo e permitiu que fossem conduzidos até a sala de revista, onde eles foram despidos, avaliados e forçados a enfrentar um banho frio.

Em seguida, uma equipe lhes deu suas novas vestimentas. Eram duas opções de um uniforme azul escuro: um era um macacão fechado com uma camisa branca por baixo, e o outro era um conjunto de calça e regata. Os sapatos eram tênis pretos e no kit de higiene não havia protetor solar, apenas o essencial para sobreviver em cativeiro.

O Sano optou por vestir o macacão, dobrando as mangas até os cotovelos. Já o Haitani vestiu a calça e a regata, exibindo a tatuagem tribal que possuía no braço direito e que também cobria metade de seu tronco.

O emblema de duas cobras entrelaçadas a um escudo da PPS - Penitenciária Privada Shinigawa -, estava estampado em suas roupas no lado esquerdo do peito. Eles pegaram suas cestas com seus novos pertences e seguiram um policial que os guiou para dentro do complexo.

- Puta merda - Ran murmurou.

Mikey não disse nada, mas sua expressão era de surpresa. O lugar era realmente gigante, de um jeito que parecia até confortável.

Eles conheceram tudo.

A ala dos presos era formada por: um prédio de cinco andares onde as celas estavam dispostas, com um pequeno pátio coberto no meio como se fosse uma praça comunitária; um espaço térreo que o policial disse ser o refeitório, localizado do outro lado de um caminho cimentado e cercado por arame farpado; e uma grande área aberta com árvores, mesas e bancos ao fundo, pouco antes do muro gigantesco que os prendia ali.

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