Capítulo 25

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Não havia ninguém guardando a porta de Mikey, algo que não era comum. Porém, não era um erro, o Sano sabia que Sanzu iria até ele assim que se sentisse melhor e a desordem que se seguiria a partir disso não deveria ser presenciada por ninguém.

Mikey realmente não tinha medo de morrer.

Todas as portas estavam destrancadas, um convite silencioso para o Haruchiyo que - assim que passou da entrada - trancou a porta com um estalo alto que ecoou pelo apartamento. Ele foi à passos calmos até o quarto de Mikey, entrou e trancou mais uma porta atrás de si. 

Sanzu parou no meio do cômodo e ficou encarando a nuca de Mikey. Seu chefe estava dentro da banheira, localizada no lado esquerdo do quarto, e não virou o rosto para olhar quem havia entrado. O Haruchiyo não se mexeu, sua respiração estava presa nos pulmões, a arma alojada no cós da calça o incomodava. Ele se perdeu ao imaginar-se atirando na cabeça de Mikey por trás, ele tinha um ângulo muito bom no lugar em que estava.

Sua mão estava tremendo quando sacou a pistola e mirou, o dedo pressionando o gatilho. Mikey soltou um riso de escárnio e, embora Sanzu não conseguisse ver seu rosto, tinha certeza de que sua expressão era de divertimento e desprezo.

- Não seja idiota, Sanzu - ele o provocou. - Você não tem coragem de me matar, sinto seu desespero daqui.

Sanzu sibilou de ódio e abaixou a mão, caminhou até o criado-mudo ao lado da cama e colocou a pistola sob ele. No chão, próximo aos seus pés, havia a pilha de brinquedos que tinha deixado ali da última vez. Manjiro poderia ter guardado tudo aquilo, mas não o fez, porque sabia que eles logo iriam precisar novamente. Sanzu teve pensamentos intrusivos ao vizualizar um par de grampos de metal, todavia escolheu esperar um pouco para designar um bom uso para aquela coisa.

Os olhos escuros de Mikey o seguiram quando o Haruchiyo entrou em seu campo de visão, ele parecia muito confortável com aquela situação.

Quando Sanzu finalmente foi até a banheira encontrou Manjiro submerso até o peito por água aromatizada, ele estava tão distraído pela pele dele que quase não percebeu o cheiro. Era lavanda fresca. Mikey abriu um sorriso presunçoso ao vislumbrar o olhar nada casto de Sanzu sobre o seu corpo, ele sentou-se mais adequadamente e traçou o abdômen definido de Sanzu com as pontas dos dedos de sua mão direita.

- Você é tão lindo. - Mikey o elogiou, hipnotizado pela aparência de Sanzu.

O Sano enfiou dois dedos na barra da calça moletom do Haruchiyo e o puxou para mais próximo si. Sanzu foi, obedientemente, e em seguida agarrou a nuca de Mikey com uma mão, apertando-o. Mikey ofegou e esperou Sanzu beijá-lo quando o viu abaixar o rosto em sua direção. 

No entanto, isso não aconteceu, pois o Haruchiyo parou a alguns centímetros de sua boca e, com uma voz fria e cruel, sussurrou:

- Você sente prazer em me machucar, em pisar em mim. Acho que vai gostar de saber que vou fazer isso com você também. - Ele o segurou pela nuca com mais força e o ouviu gemer de dor. - Você tinha razão quando disse que eu sentia tesão em ferir o seu corpo da mesma forma como você fez com a minha cabeça durante todos esses anos. 


- Sim… - Sorriu.


- Você pode me destruir do jeito que quiser, pode me humilhar ou tirar a minha vida. Eu te darei tudo. - Sanzu olhou fixamente para ele, notando como sua expressão oscilava de desejo. - E farei o mesmo com você.

Mikey tocou levemente a mão que o prendia, sentindo uma ardência no local em que Sanzu puxava os fios de cabelo de sua nuca e marcava sua pele. Ele umedeceu os lábios com a ponta da língua e disse baixinho:

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