Capítulo 37

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Mikey estava prestes a dizer “3” quando um tiro disparou do segundo andar, acertando South no ombro esquerdo. Era para aquela bala ter sido fincada em seu crânio, mas Terano havia percebido a movimentação suspeita pelo reflexo do espelho atrás do bar e desviou.

- Merda - Hirose xingou, já preparando o próximo tiro.

South tentou alcançar a própria pistola no balcão, mas Mikey o segurou pelo pulso e o derrubou no chão. O barulho dos tiros trocados entre os membros das gangues ecoou pela antiga boate, com o cano das armas brilhando ao serem disparadas.

Kokonui correu até a área de mesas e se agachou - usando um móvel tombado como proteção -, perdido na confusão generalizada ele observou Ran Haitani vir em sua direção com uma arma na mão. Ele parecia não se importar com a carnificina que aos poucos tomava o lugar.

Mikey e South trocavam socos poderosos enquanto se engalfinhavam no chão, tentando matar um ao outro. O Terano ria como um alucinado, agarrando o Sano pela nuca e o socando nas costelas. Mikey trincou os dentes de dor e desferiu um soco bem na boca de South, calando sua risada histérica.

Koko ergueu a arma para Ran e se pôs de pé, o enfrentando.

- Não achei que precisaria matar você - disse o Haitani. - Deveria ter ficado fora disso.


- E deixar vocês idiotas destruírem a Bonten?! - Koko gritou, indignado. - Faz alguma ideia do que está fazendo? Você quer matar o Mikey, porra!


- Não é pessoal.


- Mas pra mim é, você traiu a todos nós.

Ran franziu o cenho para Koko e depois olhou para a baderna do imenso local. Havia corpos mortos e feridos no chão e nos andares superiores, pendurados nas grades de proteção e passarelas suspensas. A iluminação era patrocinada por luzes amareladas embutidas nos pontos mais altos, pelo brilho das armas e reflexo das facas, as pessoas estavam correndo, gritando e se matando em uma velocidade impressionante. Mikey e South haviam se levantando do chão e agora se atacavam com chutes e golpes sujos, ninguém ousava interferir naquele duelo. 

Eles queriam se matar com as próprias mãos.

- Falei com seu irmão - Kokonui contou, verificando os arredores antes de sair de seu esconderijo e se aproximar de Ran com a arma apontada para sua cabeça. 

O Haitani travou, surpreso.

- O que?


- Você sabia sobre Hamma? - Koko perguntou, sentindo a boca amargar por toda aquela traição e confronto. 

Ran negou.

Koko riu desacreditado, mas precisou se encolher quando uma bala passou próximo demais de seu rosto. Ele xingou baixinho e jogou o longo cabelo para o lado, recompondo-se. 

- Rindou mudou de lado, vai ajudar Sanzu a escapar - explicou. - Não sei o que ele descobriu, mas foi grave o suficiente para ele te abandonar.

O semblante de Ran congelou, tudo estava bem até algumas horas atrás. Rindou parecia muito tranquilo para estar armando alguma coisa. Seja lá o que tivesse acontecido era recente e fez o Haitani se aliar novamente a aqueles que tinha traído.

- Sanzu vai matá-lo… - Ran murmurou.

Koko ia lhe responder quando percebeu dois homens da Bonten indo até eles e prestes a atirar em Ran. O Haitani mal olhou para eles antes de disparar a própria arma e os dois caírem no chão, contorcendo-se. Eles tentaram se erguer - cambaleando - e atiraram em direção a Ran, mas o Haitani correu para trás de uma mesa tombada e se protegeu dos projéteis. Kokonui se encolheu no chão mais uma vez quando garrafas de vidro foram destruídas no andar superior e os cacos caíram sobre sua cabeça.

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