Capítulo 48

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Para alguém tão pequeno, Mikey era certamente uma potência.

O pátio do presídio estava em caos. E Mikey, como sempre, estava no centro da tempestade. Seus socos voavam como mísseis balísticos, e os detentos caíam ao seu redor como frutas podres despencando de árvores doentes. Era quase poético, de um jeito sangrento e nada refinado.

Ran observava a cena a uma distância segura, os braços cruzados e um sorrisinho sarcástico brincando em seus lábios. Ele já tinha visto aquele show de horrores vezes demais para se impressionar. Mikey, o Invencível, esmagava ossos como quem amassa latas de refrigerante, mas Ran sabia que, dessa vez, os socos não eram só para distrair os guardas. Ah, não... Eles eram uma terapia intensiva improvisada para a frustração emocional de Manjiro.

— Bem, não é a primeira vez que ele resolve os traumas assim — comentou o Haitani, revirando os olhos como se fosse o espectador mais entediado de uma luta de boxe de quinta categoria.

Ao seu lado, Angel observava o espetáculo com as sobrancelhas erguidas, fascinado com o talento destrutivo de Mikey. Um policial tentou intervir, apenas para ser derrubado pelo pandemônio que se desenrolava.

— Você não acha que ele tá exagerando um pouquinho? — Angel perguntou, inclinando-se para Ran, que mal reprimiu um riso seco.

— Exagerando? — Retrucou, com uma expressão de falsa surpresa. — Imagina, Mikey só está aproveitando uma aula gratuita de manejo da raiva.

Angel não conseguiu segurar uma risada, mas logo se calou quando mais detentos foram ao chão com um baque pesado.

— Olha, se eu fosse os guardas, já teria acendido uma vela e pedido proteção divina, porque segurar o Mikey é tipo pedir para se machucar de graça — Ran continuou, observando a bagunça como quem assiste a uma novela previsível.

Mikey, por sua vez, não demonstrava um pingo de cansaço. Seus golpes eram cravados com uma frieza e uma raiva que beiravam o sobrenatural. Ele era uma força da natureza, a expressão dura e implacável, cada soco e chute eram um grito mudo de arrependimento e culpa.

Ran suspirou dramaticamente e deu um tapinha no ombro de Angel.

— Tá vendo, garoto? Isso é o que acontece quando você guarda seus sentimentos. Muito inspirador, não acha?

Angel abriu a boca, prestes a responder, mas um detento voou a alguns metros deles, aterrissando sem cerimônia na lama. O Haitani apenas piscou lentamente, sem demonstrar um pingo de preocupação.

Apitos soaram como uma orquestra de gritos desafinados enquanto os guardas se jogavam no meio da briga, armados com cassetetes e armas de choque. Mikey, depois de arrancar os dentes do infeliz que ainda segurava pela gola, se rendeu sem qualquer drama. Ele até deitou no chão com uma docilidade quase cômica, deixando um policial todo orgulhoso por o imobilizar como se tivesse capturado um leão selvagem.

Antes de ser prensado no chão, Manjiro lançou um olhar cheio de significado para Ran, que apenas assentiu. Missão cumprida, claro. Afinal, toda aquela confusão não era para nada além de distrair os guardas de seu parceiro de crime. O Haitani mal conseguiu conter um sorriso enquanto olhava para trás, onde a grade de ferro que levava ao sistema de esgoto agora estava convenientemente aberta. As travas destruídas pelo alicate.

E Angel, o cúmplice relutante, estava lá para cobrir Ran enquanto ele quebrava aquelas trancas, embora agora parecesse meio arrependido de ter aceitado essa loucura. Mas quem pode culpá-lo? Fugir pelo esgoto era, afinal, o brilhante plano B. E Angel só concordou em ajudar porque Mikey e Ran prometeram deixar uma saída livre para ele.

— Tem certeza de que isso vai funcionar? — Angel perguntou, a dúvida evidente enquanto lançava um olhar para seu “namorado”, Buda, que estava no chão, gemendo como um cachorro moribundo.

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⏰ Última atualização: 5 days ago ⏰

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