Capítulo 41

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A coisa não estava nada boa, Ran sentia como se estivesse enxugando gelo. Dois dias haviam se passado desde a visita de Takemichi, Mikey havia se trancado dentro da própria cabeça e a comida continuava horrível. E, para piorar, eles seriam transferidos para o presídio amanhã de manhã, para aguardar seus respectivos julgamentos encarcerados.

A luz da lua entrava pela fresta da janela na cela do Haitani, ele não conseguia dormir e já havia desistido de socar as paredes para escapar.

Eles estavam bem fodidos.

Ran olhou para a outra cela a sua frente, onde o Sano estava deitado na cama sem se mexer, remoendo seja lá o que caralhos havia acontecido entre ele e seu antigo amor.

A verdade é que Ran só soube da fofoca pelas conversas paralelas dos guardas, já que Manjiro mal disse uma palavra e não comia direito, puto com alguma coisa que o fazia descontar nas bandejas. O Haitani já estava todo sujo de purê e molho dos últimos surtos de seu chefe esquentadinho.

Ele só estava ali para sofrer, mas que diabos.

E, para foder de vez e acabar com seu humor, eles não tinham um plano de fuga. Durante a primeira semana ali os dois só sabiam brigar e cuspir um no outro, na segunda se ofenderam até que a raiva abrandasse, mas agora eles nem conversavam. Se o desgraçado do Manjiro tinha uma ideia que não incluísse ele…

Maldito seja, ele merecia ser abandonado na cadeia depois tudo.

- Foda-se - murmurou, se contorcendo na cama e chutando o cobertor fino com os pés.

- Cala a boca.

O sussurro irritado de Mikey surpreendeu Ran.

- Está acordado?

- Não - Mikey ralhou.

- Está sim - ele abriu um sorriso zombeteiro. - Você tem planos para amanhã?

- É claro, vou tomar café da manhã em um hotel e passar o resto do dia no SPA.

- Não sabia que a cadeia tinha área VIP. - Ran não via o rosto dele, mas naquele momento teve certeza que Mikey revirou os olhos. - Tem espaço pra mais um?

- Só se for na lata do lixo.

O Haitani não queria rir, mas não conseguiu se conter. Ele bufou uma risada, tapando a boca com a mão.

Que situaçãozinha filha da puta.

- Vamos passar o resto da vida presos como animais. - Ele comentou, o sorriso sumindo e a mente divagando. - Não quero tomar banho de sol sem protetor solar, será que vem no kit individual?

- É mais fácil arrancarem sua pele lá dentro. - Mikey virou-se na cama, os olhos bem abertos focados em Ran. - Você não vai andar comigo, estará por conta própria. Não recomendo fazer gracinhas, ou você pode acabar virando a puta de alguém muito pior do que eu.

- De nós dois você é quem é o viadinho masoquista, Mikey.

- É, mas eu me garanto numa briga, você por outro lado… - Desdenhou. - Só vence roubando.

- Que mentira do caralho!

- Você tava sempre com um tijolo na mão, seu merda! - Mikey tinha memórias bem vividas dele atacando os adversários com tudo o que encontrava: canos, pedaços de madeira, tijolos e qualquer coisa que pudesse usar como arma.

Ran rangeu os dentes, incapaz de negar. Ok, ele não lutava limpo. Mas eram brigas de gangues! Quem se importava com o que se usava para vencer?!

- Eu vou dar um jeito de fugir - disse depois de um tempo, olhando para o Sano.

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