Capítulo 13

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Mikey quis rir quando abriu o envelope entregue por Ran naquela tarde. Mal se dignou a ler tudo antes de jogar o convite do baile na cara de seu subordinado e dizer:

- Essa merda só pode ser piada.

O Haitani, puto da vida com o comportamento de seu chefe, sorriu falsamente.

- É necessário manter nossos clientes interessados em nossos produtos, Mikey.


- Eu comercializo drogas e armas, não tenho tempo pra ficar de aparências em uma festa idiota. - Sua voz estava baixa e rouca, sua garganta estava dolorida como se a tivesse raspado com uma lâmina.

"Aquele desgraçado me deixou quase sem voz," ele xingou Sanzu em pensamento.

- Se South estiver lá poderá enfim conversar com ele pessoalmente. - Se odiou por precisar pegar o papel do chão. - Deveriam estabelecer a paz antes que ele comece a revidar as suas brincadeiras.

O Sano sorriu cheio de sarcasmo e olhou para Kakucho, que mais parecia uma estátua de cera ao seu lado. 

- O que você acha? - Perguntou a ele. - Duvido que depois de tudo isso South vá me receber de braços abertos.


- A escolha de comparecer, ou não, é sua. - Kakucho respondeu, contendo a raiva na voz, pois ainda estava furioso com Manjiro desde o dia anterior. - Mas nossos contribuintes estarão lá também, é uma boa oportunidade para mostrar serviço. Coisa que você não faz há um bom tempo. - Seu comentário final foi como um espinho nas costas de Mikey. - Sugiro que devemos ir.

Mikey revirou os olhos, remexendo-se na poltrona estofada de seu escritório na busca de uma posição mais confortável - até porque sua bunda estava cheia de band-aids. Kakucho semicerrou os olhos para essa atitude suspeita e recorrente ao longo do dia, lutando internamente para não agarrar o Sano pelo pescoço novamente.

- Que dia será o baile? - Questionou em fim, dando-se por vencido.


- Se tivesse lido o convite todo, ao invés de jogá-lo na minha cara, saberia. - Ran respondeu com uma gentileza forçada, embora estivesse atacando verbalmente seu líder.

Manjiro lhe lançou um olhar amaldiçoado de gelar os ossos.

- Em quatro dias, senhor. - Disse ao sentir calafrios bizarros subirem por sua espinha.


- Providencie roupas adequadas para todos.


- Certo.

Quando Ran se retirou para cumprir o ordenado, Mikey se virou para Kakucho novamente e disse:

- Sua cara está estranha. O que foi? - Debochou. - Está vendo alguma coisa que não te agrada?


- A sua cara não me agrada.


- Nossa. - Riu com sarcasmo. - Achei que já tivesse superado nossa discussão de ontem. Está tão puto assim que nem consegue me olhar nos olhos?


- Se rebaixou tanto ontem que perdeu a voz?

Mikey fechou a cara.

- O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta. - Falou ríspido. - Se eu trepo com Sanzu ou não também não é da sua conta, porra.


- É claro que não. - Sua entonação era ácida. - Não ligo se vocês transam como animais naquele apartamento, mas saiba que, seja lá o que isso for, é loucura e não vai durar. - Foi para a frente da mesa. - Você vai usar aquele idiota até sobrar apenas uma casca vazia e depois ele vai te matar.

O Sano se assustou com o peso daquela última frase.

- O que? - Kakucho aproveitou essa brecha e continuou. - Não me diga que acredita em um "Felizes para Sempre"? - Sua expressão tornou-se séria e até mesmo levemente preocupada. - Você está se iludindo, Mikey. Você, mais do que ninguém, conhece Sanzu.

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