Capítulo 1

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Sanzu odiava quando Mikey o ignorava. Fazia dias que seu líder o tratava com frieza, como se ele não passasse de um pedaço de lixo. Se fosse qualquer outra pessoa o Haruchiyo não daria a mínima, - provavelmente a mataria - mas com Mikey era diferente.

Ele engoliu a dose de vodka direto do gargalo e sentiu o líquido queimar sua garganta. Ótimo, antes aquela ardência do que o olhar gélido de Manjiro. Ele sabia que seu chefe era alguém instável e violento, então não ficou surpreso quando ele destruiu o escritório da organização em um ataque de fúria descontrolada e matou três subalternos a tiros. O motivo? Takemichi Hanagaki.

Sanzu franziu as sobrancelhas em ódio ao lembrar do desgraçado e mandou outra dose de vodka goela abaixo.

O que Mikey via nele, afinal?

Takemichi era um ninguém. Não sabia lutar, era fraco, chorão e nunca iria retribuir os sentimentos de Manjiro. E ainda assim Mikey beijava o chão que aquele maldito pisava. Sanzu nunca conseguiu entender a obsessão de Mikey por ele, sempre o admirando de longe e zelando por sua segurança como se o infeliz valesse alguma coisa.

Quando Kakucho deu a notícia do casamento do Hanagaki com Hinata Tachibana, Sanzu acreditou que, enfim, Mikey iria superar seu "amor" por Takemichi. Mas para a sua completa desgraça, Manjiro estava mais indiferente e volátil do que jamais foi, e não abria brechas para ninguém se aproximar. Rindou e Ran até sugeriram sequestrar Takemichi antes de seu casamento, trazendo-o como um presente para o chefe. Porém, Mikey negou. Ele nunca quis forçar Takemichi a nada, o respeitava demais para fazer isso.

Sanzu, por outro lado, queria que o Hanagaki caísse e se afogasse no bueiro mais próximo. Como ele ousava escolher alguém além de Mikey? O Haruchiyo tinha vontade de matá-lo pela insolência e por fazer seu líder desprezá-lo daquele modo. Sanzu realmente queria matar alguém, poderia ser o maldito ou qualquer outra pessoa. Seu ódio era tão escaldante que a vodka que descia por sua garganta parecia um cházinho.

Ouviu passos se aproximando atrás de si, sequer olhou, pois sabia exatamente quem era.

- Vai com calma, a vodka não vai fugir de você. - Disse Senju, sentando-se ao lado do irmão.

- Cala a boca, porra.

Senju roubou a garrafa das mãos dele e colocou-a atrás do balcão do bar. Sanzu a fuzilou com o olhar, a franja rosa toda arrepiada em sua testa.

Ela deu uma boa olhada em seu irmão mais velho. Sanzu estava com os cabelos bagunçados, as roupas desabotoadas e amassadas, os olhos vermelhos de sabe-se lá que merda de drogas estava usando e as mãos machucadas - provando que já tinha arrumado briga. Senju suspirou, exausta, era a quarta vez essa semana que tinha que buscar o irmão no bar porque estava dando trabalho e acabando com o estoque de bebidas.

- Quando isso vai parar? - Ela questionou. - Qual é o seu problema, caralho?!

- Não é da sua conta. - Alcançou uma garrafa de rum já pela metade e bebeu um pouco antes de continuar: - Não deveria estar na faculdade?

- Sim, mas adivinha, Kakucho me ligou de novo dizendo que você estava fazendo merda. Você está aqui desde a noite passada, e isso foi há mais de 10 horas. - Falou irritada. - O que deu em você, hein? Já faz dias que está assim.

Sanzu revirou os olhos, não precisava de sermão. Senju bateu o punho no balcão do bar e tomou a garrafa de rum da mão dele, pouco se importando com a raiva em sua expressão. Foda-se, ela o chutaria até em casa se fosse necessário.

- Você está testando a minha paciência.

- Vou te arrastar pela rua se for preciso. - Ela retrucou.

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