Capítulo 45

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Fazia apenas dois dias que eles estavam presos e dividindo a cela, na rotina entediante da cadeia, mas Mikey já sentia vontade de sufocar Ran com o travesseiro, porque o maldito sabia como ser irritante.

Apesar de estarem trabalhando juntos, e do Haitani ter se tornado a Miss Simpatia do presídio como o combinado. O Sano não gostava de conviver com ele, pois nunca imaginou que o outro fosse tão desorganizado, até pior do que si próprio.

O apartamento dele e de Rindou devia ser um chiqueiro.

Manjiro também não havia tido muita evolução com seu plano, mas conseguiu roubar um saquinho de cocaína do traficante que Ran lhe apresentou no dia anterior. Eles estavam no banho e Mikey aproveitou que o sujeito estava distraído enfiando o pau na boca de um viciado qualquer, debaixo do chuveiro. Ele o roubou e enfiou o saquinho em um bolso falso do macacão, escondendo-o da vista de todos enquanto fingia usar uma das cabines do banheiro.

O almoço daquele dia foi servido antes do banho obrigatório, por isso Mikey estranhou o fato de Ran não ter aparecido ali depois de bancar o senhor popular no refeitório. E estranhou ainda mais os policiais, que não pareciam notar sua ausência.

Franzindo o cenho em preocupação, ele saiu da ala de banho escoltado por um oficial até a própria cela. O corredor estava meio vazio, já que a maioria dos presos já estava no pátio aberto para o horário livre. Mas havia um policial montando guarda na frente da porta de sua cela e - Mikey podia ter ficado maluco -, haviam sons de gemidos vindo lá de dentro.

Mas que caralho?!

Ele apressou o passo, praticamente enxotando o policial da frente, e abriu a porta. Os olhos do Sano se arregalaram de choque e Ran se assustou com sua aparição repentina, caindo no chão em uma confusão de pernas e braços com outro cara que resmungava.

- Que porra você está fazendo? - Mikey perguntou, indignado.

O Haitani se levantou do chão, puxando a cueca para cima e abrindo um sorriso sarcástico para Manjiro.

- Não sabe bater na porta? - Debochou.

Mikey olhou para o homem no chão, que vestia as roupas rapidamente. Era Angel, e ele estava rindo.

- Aqui não é o seu motel particular - o Sano ralhou com ele.

Angel se ergueu, arrumando a camisa e sorrindo de orelha a orelha para o Haitani. Ran o puxou pela cintura para um beijo molhado deveras lascivo e lhe deu um tapa na bunda antes do garoto sair da cela, ainda sorrindo e sendo escoltado pelos policiais para o pátio.

- Sabe que precisa pagar ele, não é? - Mikey o lembrou. - E não temos dinheiro.

Ran sorriu com divertimento e falou:

- Ninguém cobra pra trepar comigo, Mikey.

Manjiro o olhou desconfiado e depois averiguou o estado do quarto. Ambas as camas estavam bagunçadas, assim como a mesa, como se eles tivessem trepado como coelhos em cada canto daquele cômodo.

- Se vocês tiverem sujado a minha cama… - Mikey ameaçou, doido para acertar um chute na cara desavergonhada de Ran.

- Relaxa, não soltamos nada na sua cama.

A expressão de Mikey era de desgosto. Ele deixou o Haitani colocar as próprias roupas e olhou para o corredor, o encontrando deserto, exceto pelas malditas câmeras. Mikey estalou a língua no céu da boca, sabendo que eles não teriam muito tempo até os policiais voltarem para procurá-los.

- Aqueles guardas trabalham para o Angel - Ran comentou, já completamente vestido.

- O que? - Mikey foi pego de surpresa pela informação.

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