Capítulo 16

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O trabalho de Mochizuki era impedir que Sanzu matasse alguém, degradasse a própria imagem ou mutilasse algum desavisado. 

Ou seja, uma missão impossível.

Ele já estava prevendo toda a logística e dor de cabeça que teria naquela noite por causa de seu vice-presidente maluco. Porém, Mochizuki mal teve tempo de formular um plano de contenção, pois quando a limusine estacionou e todos saíram do carro sendo escoltados por alguns subordinados que os acompanhavam, a anfitriã da festa - Miyu - veio os receber no hall de entrada de sua mansão.

- Boa noite, senhores. - Ela os cumprimentou com um sorriso amigável, seguida de perto por um segurança. Quando seu olhar bateu em Sanzu ela se retesou um pouco e seu sorriso se tornou tenso. - Vejo que o senhor Haruchiyo decidiu comparecer essa noite. Que bom que juntou-se a nós.

Ela estava sendo sarcástica, mas Sanzu não se importou. Afinal, da última vez que estive naquela casa opulenta e com cheiro de velas aromáticas, havia bebido horrores e vomitado no vestido dela. Ela ainda lembrava-se daquela cena caótica e deplorável, certamente.

Miyu, uma senhora tão elegante e profissional, havia abominado Sanzu no momento em que o viu virar uma garrafa de vinho na boca, sem modos ou etiqueta. Alguém tão sofisticada quanto ela obviamente ficaria horrorizada. Conhecida como a Baronesa do Pó, ela era a maior traficante de cocaína do país e trabalhava com a Bonten na distribuição das drogas em todo o território nacional.

- Agradecemos o convite e a recepção. - Disse Mikey.

Ela os guiou até o salão de baile e lhes indicou a mesa reservada para eles, despedindo-se logo depois para receber outros convidados que chegavam. Sanzu a assistiu deixar o lugar, com seu vestido dourado deslizando pelo chão. 

Realmente seria uma pena vomitar numa roupa tão bonita, se divertiu com o próprio pensamento. 

- Tente não causar problemas hoje - Koko o advertiu com seriedade. - South provavelmente estará aqui.


- O que eu faria? - Indicou o salão cheio de pessoas que vez ou outra olhavam para ele e cochichavam entre si. - Não acho que alguém virá me incomodar, não quando sabem quem eu sou.


- Sua fama é merecida - Rindou o provocou. 


- É claro que é. - A voz de Sanzu tornou-se amarga. - Todo mundo me detesta.

Mikey olhou para ele de seu lugar na mesa redonda. Haruchiyo era um ser extremamente complicado, mas o Sano sabia que o fato de todos o odiarem - fosse merecido ou não - o deixava desconfortável, até mesmo mal. E isso o motivava a se comportar pior ainda, só para irritar aqueles que o odiavam.

- Ignore-os - disse Mikey, chamando a atenção de Sanzu. - E se divirta, se South aparecer tenho certeza de que posso cuidar dele sozinho.


- Não acho que isso seja uma boa ideia. - O Haruchiyo o respondeu. - Além disso, eles estão falando alto demais e não tiram os olhos de mim. Não consigo me concentrar.

Manjiro olhou para os demais convidados e percebeu que eles realmente estavam falando de Sanzu na cara dura. Pela primeira vez aquilo o incomodou. O que diabos fofocavam tanto que não podiam dizer diretamente a ele?

Sanzu sempre havia deixado claro que não gostava de ser o centro das atenções, mas Mikey simplesmente fingiu não escutar e continuou o exibindo por aí como um tigre na coleira. Apesar do desconforto, dos comentários e dos olhares, Sanzu parou de contar para seu chefe como se sentia sobre isso, visto que Mikey não dava a mínima se ele não gostava disso e queria fugir.

Entretanto, agora, vendo a expressão fechada e prometendo sangue de Sanzu, Mikey sentiu culpa pelo que fez no passado e pelo o que estava fazendo naquele instante.

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