Capítulo 44

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Anthony Pelltov era um descarado melodramático e fofoqueiro. Como havia se tornado um nome famoso no comércio ilegal de armas, Sanzu não fazia ideia. Havia sido por causa de sua boca grande que ele ficou sabendo do envolvimento de Mikey com Kakucho e, desde então, nunca mais o tinha visto.

Até agora, quando precisava que o sujeito lhe fornecesse armas o suficiente para um exército.

- Isso vai sair muito caro - disse o russo, sorrindo com desdém. - E desde quando é você quem faz negociações comigo?

- Sou o vice-presidente da Bonten e você é meu subordinado.

- Aliado - o corrigiu.

- Tanto faz - Sanzu ralhou. - Nós vamos pagar, tem as armas ou não?

Anthony bufou, ele também não ia com a cara de Sanzu.

- Onde está Mochizuki? Prefiro falar com ele do que com você.

O Haruchiyo engoliu em seco, segurando a língua. Está morto, era o que ele deveria responder. Mas ele ainda não havia processado completamente o fato de ter matado Mochizuki e visto Rindou levar o corpo dele para o crematório. O cadáver de Mochizuki foi incenerado no forno que a Bonten usava para os prisioneiros, no galpão perto do mar, em Tóquio. As cinzas dele agora estavam dentro de uma urna decorada e guardada em segurança.

- Na ausência do Mikey quem manda sou eu - Sanzu afirmou. - Vai nos vender as armas ou não?

Anthony fez caras e bocas, como se estivesse pensando a respeito. Ele gostava de brincar com as pessoas como um gato esperto, mesmo quando estava na toca do leão.

- Posso pedir o envio delas amanhã - decretou. - Elas devem chegar em dez dias.

- Não pode ser mais rápido?

- Acha que contrabandear armas da Rússia para o Japão é fácil? Agradeça se não formos pegos pela Marinha ao cruzar o oceano.

- Dez dias então - Sanzu aceitou. - Kokonui e Rindou irão recebê-las no porto.

- E o pagamento?

Sanzu mostrou os dentes, irritado.

- Você terá o seu dinheiro assim que estivermos com a mercadoria - sibilou.

Anthony sorriu e se ergueu da cadeira, os próprios homens montando guarda as suas costas. Ele olhou atentamente para o Haruchiyo e decidiu compartilhar seus pensamentos:

- Não sei o que planeja fazer para tirá-lo da prisão, mas você sabe que só isso não vai bastar, não é?

Sanzu apenas o encarou, ciente de todos os problemas que os afogavam.

- A polícia nunca mais vai deixá-los em paz - o Pelltov continuou. - O Japão não é seguro para vocês. Eu fui bonzinho e passei o contato de um meio de fuga para o Kokonui, se forem espertos vão aceitar a minha ajuda. - Abriu um sorriso grande. - E, é claro, estarão me devendo um favor.

Sanzu o assistiu sair da sala muito feliz consigo mesmo, ciente de que teria Manjiro Sano e a gangue inteira em dívida com ele. O Haruchiyo xingou, louco para quebrar em pedaços a cadeira em que Anthony esteve sentado.

- Senhor. - Ele ouviu a voz de Hirose o chamar. - Você precisa descansar.

- Eu sei, eu sei - apressou-se em dizer e acalmou a raiva, passando as mãos pelo rosto. - Como as coisas estão com o Utakya?

- Tudo certo, chefe. - Notificou. - O uniforme já chegou.

- Bom saber. - Ele se levantou. - Eu vou dormir agora, faça o mesmo Hirose. Esteja preparado para amanhã.

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